sexta-feira, setembro 21, 2007

Tate Modern

Quando Vicente Todoli deixou Serralves para ocupar o lugar de director da Tate Modern em 2004,
Tate Modern, Londres

logo de início, numa entrevista, disse que o modelo e o programa adoptado pela instituição quando esta foi criada em 2000, chegara ao fim “When I arrived here, the first decision I took was, okay, it was good while it lasted, but now it needs a radical change”. A mudança de Todoli é visível mesmo nos átrios de entrada das salas onde se apresentam as obras da colecção. Num placard gigantesco, que se reproduz nos vários pisos, a história da arte do século XX , o período representado pela colecção, é apresentada por décadas e de forma cronológica. A Tate Modern propõe uma nova leitura da história da arte dos últimos cem anos ao considerar no conjunto dos movimentos artísticos a história da cultura fotográfica. Num diagrama simples, movimentos e artistas, são apresentados ao longo do painel. Se a fotografia há muito entrou nos museus, o primeiro foi o Museum of Modern Art de Nova Iorque (MoMA) na década de 1930, agora é a história de um olhar fotográfico e os seus movimentos, que entra pela primeira vez num museu, na Tate Modern. É este diagrama, de uma nova história da arte do século XX que não esqueçe a evolução do olhar sobre a realidade, que quero mostrar aos leitores deste post e simultâneamente farei links a posts antigos de fotógrafos e movimentos relacionados com os mesmos.

Até 1900 predomina os movimentos pictóricos, Nabi, Simbolismo,..., mas também desde logo a influência do olhar fotográfico na pintura, com Edgar Degas que no mapa não o relacionam com nenhum movimento. Com a passagem do século, vêm Eugène Atget, sózinho como ele gostava de fotografar, e também Photo-Secession onde gravitam à volta, Alfred Stieglitz, Paul Strand, Gertrude Kasebier, Edward Steichen.
No movimento, Cubism, não vemos Picasso, não o viramos antes, nem depois, nem à solta em nenhuma década, mas com ele um outro olhar fotográfico que ajudou ao cubismo.
Mas antes de entrarmos pelos anos 1920, vêm Dada com Man Ray, Hannah Hoch, John Heartfield, Marchel Duchamp e tantos outros. O Constructivism na Rússia, as novas vanguardas com Alexender Rodchenko , El Lissitzky,

e a escola Bauhaus, com László Moholy-Nagy, Oskar Schlemmer, Josef Albers, Walter Gropius.

Segue-se Tina Modotti, a fotógrafa italiana que da Califórnia foi para o México, mas o México, Mexican Murals, com David A. Siqueiros, Diego Rivera...não a querem ao pé.
Brassai anda sózinho, logo no iníco da década, mas avancemos para a frente, para o Surrealism, com tantos à volta, Hans Bellmar, Max Ernst, Salvador Dali, Arp, Miró,..New Objectivity, restringe-se a um olhar alemão, Otto Dix, George Groz, e o grande fotógrafo Albert Renger-Patzsch. Mas junto ao limite entre 1920-30, August Sander, que nos deixou o retrato da Alemanha da época.
E na década de 1930, logo no início, Group f/64, que reúne, Edward Weston, Ansel Adams, Imogen Cunningham, Willard Van Dyke. Vejo com algum espanto que não arranjo links nenhuns, nem para o movimento nem para os fotógrafos, que escolheram f/64, uma abertura de diafragma suficientemente pequena, para o rigor da pureza a que se propunham. Também na América em simultâneo com o movimento anterior chegamos a American Social Realist Photography, com Walker Evans, Dorothea Lange, Bourke-White, Ben Shahn, na Europa encontra-se André Kertész. Walker Evans, o grande Walker Evans, ainda não teve um grande post, mas anda espalhado por todo o blog, como neste aqui.
Mais junto à fronteira de 1940, vem o Photo-Journalism, com Lee Miller, Henri Cartier-Bresson e Robert Capa. Falta David Seymour para juntar os três grandes da Magnum, (Cartier-Bresson, Capa e Seymour). Com o fotojornalismo iniciei eu este blog, não nas épocas da guerra civil espanhola de Robert Capa, nem o rescaldo dos horrores da segunda guerra mundial de Lee Miller, mas outras guerras têm sido reveladas.
Na década de 1950 a New York Photography, com Garry Winogrand, Robert Frank, em que é visível a preferência, só para Frank, dois cliks, aqui e aqui. Diane Arbus, Wegee, Richard Avedon, Rudy Burckhardt, juntam-se ao grupo. E um pouco mais abaixo, à volta da Pop Art, David Hockney.
Seguem-se os anos 60, com o Minimalism, Sol Le Witt que faleceu este ano pode também ser visto mais uma vez aqui .
Durante a década de 1970, dois grandes movimentos para a fotografia, Conceptual Photography, com Dan Graham, Ed Ruscha e aqui, Cindy Sherman e Victor Burgin. E o Photo-Realism com Malcom Morley, Richard Estes, Chuck Close.
Antes de Vídeo and Film, Jeff Wall logo no início de 1980, e Hiroshi Sugimoto já no fim. No vídeo e um pouco à semelhança de Picasso, falta Nam June Paik,
mas Bill Viola não foi esquecido, porque também um dos preferidos, dois clicks, aqui e aqui para Bill. Depois pelo meio sem associação a nenhum movimento, os artistas que gostam da cópia da cópia, Richard Prince e Sherri Levine.
E na década de 1990, a escola de Dusseldorf, tão preferida pelos coleccionadores, a pagarem exorbitâncias por Andreas Gursky. Bernd e Hilla Becher, os fundadores do movimento com os discípulos a gravitarem à volta, Candida Hoffer, Thomas Struth e o Thomas Ruff. Wolfgang Tillmans, também ele alemão prefere estar longe destes seus contemporâneos, vêm mais cá para baixo isolado de qualquer movimento.
Finalmente e já passando para o novo século, Thomas Demand, e Fischli e Weiss , já num mundo virtual, mas neste início de século a Tate só aponta nomes, ainda não vê movimentos ou escolas.
Mas a inovação proposta por Todoli na Tate, não se fica pela nova abordagem à história do século XX mas também no seu conceito de “piazzas”. “I also call them piazzas or squares. My feeling was that Tate Modern was too much like a corridor, so visitors were very much directed down it. I don’t like that. I think the visitors should always be masters of their own destiny. Art is about individuals and their own visions are summed up to create a kind of common feeling, whether that is based on consensus or dissent. So there are the squares or piazzas where people get together and talk, like the idea of the agora in the Greek city. So I thought let’s create a place of conversation and let the artists do the talking”.
No próximo post, na sala onde agora se pode ver “Poetry and Dream” vamos ao encontro de Francesca Woodman em conversa com os surrealistas.

2 comentários:

Anónimo disse...

Só queria aproveitar para dar os meus parabéns, o blog está muito bem estruturado e é um dos mais interessantes que vi até agora. Parabéns.

Madalena Lello disse...

Obrigado