sexta-feira, maio 04, 2007

Três fotografias de André Kertész

Um comentário deixado no último post, sugere que revele também o livro “Day of Paris” de André Kertész, (1894-1985) do qual deixei uma imagem da capa.

Alexey Brodovicht, que desenhou o layout do livro, foi um designer genial. Ainda hoje, Portfolio, uma revista totalmente desenhada por ele serve de referência para os estudantes de design.

Revista Portfolio nº1
Percebo que quem não conheça “Day of Paris”, e veja a genialidade da capa, fique com curiosidade de o ver.
Segundo Kertész, Rue Vavin foi das primeiras fotografias que tirou em Paris.

André Kertész, Rue Vavin, Paris, 1925

Em Setembro de 1925, vindo de Budapeste, instala-se num pequeno hotel desta rua e da janela do seu quarto tira esta fotografia. A rua é estreita e mesmo com um ângulo inclinado o edifício não cabe todo na fotografia. Embora próximo, não distinguimos a figura debruçada na janela do prédio em frente. Kertész tirou duas fotografias na Rue Vavin e Brodovitch, faz esta belissíma paginação no livro "Day Of Paris".


Rue Vavin é uma das fotografias tiradas em Paris que eu mais aprecio. Hoje, nesta estreita rua que liga o Boulevard Montparnasse ao Jardim do Luxemburgo, ainda existe hotel e casa, nada parece ter mudado.
Vi recentemente, “Underwater swimmer”, 1917, figura distorcida pelos reflexos da água tirada num hospital da Hungria, na Barbican Art Gallery, na exposição “In the face of History”.

André Kertész, Underwater Swimmer, 1917
Logo pensei inclui-la no post que escrevi sobre essa exposição (2 de Fevereiro). “Underwater swimmer” é outra das fotografias que mais aprecio de Kertész, contudo tive que a deixar de lado, não consegui inseri-la com as outras fotografias, pensei, fica para a uma outra oportunidade.
Já no final da sua vida, Martinique, tirada no dia de ano novo de 1972, é outra fotografia genial de Kertész,

André Kertész, Martinique, 1972
percebemos que alguém olha para o mar debruçado na varanda, mas nada mais.
Três fotografias, três épocas diferentes, três figuras que não distinguimos.
Kertész fotografou durante toda a sua vida, e é raro encontrar alguém que durante uma vida reinvente o que fotografa.
Paris, cidade que elegeu para viver e fotografar, reconheceu-lhe o talento. Em Outubro de 1936 foi para Nova Iorque, com um contrato da Keystone Studios a pensar no regresso, acabou por ficar refém com o eclodir da guerra na Europa. Sentiu-se isolado rodeado de arranha-céus. Isoladamente é como eu gosto de olhar para as fotografias de Kertész, e compreendo a Life que rejeitou as suas fotografias, não serviam para foto-ensaios. Também não consegui inserir “Underwater swimmer” no post que referi por as suas fotografias serem demasiado autónomas. O livro “Day of Paris”, não causa surpresa , é um dia em Paris, cai quase no turístico, o Sena, telhados, os velhos, as lojas, os cafés, torre Eiffel, tudo é demasiado evidente, só a paginação é excelente, mas isso é trabalho de Brodovitch. Não queria mostrar “Day of Paris” porque gosto especialmente de Kertész.

1 comentário:

sem-se-ver disse...

ok, percebi (porque não queria mostar o day in paris).

agradeço-lhe o post.

eu gosto muito de kertzs. também.