Arte Lisboa, a feira dedicada à arte contemporânea abriu ontem na FIL. No próximo Domingo, pelas 16h30mn, uma conferência: “Outras zonas de contacto: imagens contemporâneas de uma colecção privada” terá como orador, Lúcia Marques, crítica de arte e como convidado, Martin Parr, fotógrafo e editor.
“Outras zonas de contacto”, exposição comissariada por Lúcia Marques, é a primeira que reúne e apresenta a colecção de fotografias de Américo Marques dos Santos, que ontem também inaugurou na Fundação Carmona e Costa e no Museu da Cidade.
Em parceria com a Feira de Arte de Lisboa, Lúcia Marques no Domingo convida Martin Parr a falar do seu trabalho e dos livros que editou sobre os livros fotográficos, oportunidade a não perder.
Em 2004, a Phaidon lançava, com uma excelente qualidade de impressão, o primeiro volume “The Photobook: A History”, de Martin Parr e Gerry Badger.
O livro, para além dos livros fotográficos, narra uma nova história da fotografia feita a partir dos livros fotográficos: a cultura fotográfica de cada época, as exposições, as editoras e a sua importância, como a genialidade de Robert Delpire, o papel da Aperture Books a partir da década de 1960, a pequena editora Lustrum Press de Ralph Gibson, põe em relevo o que as histórias da fotografia normalmente omitem. A escolha dos livros, tal como os autores revelam, é baseada em critérios: frescura e originalidade da obra fotográfica, sequência, continuidade, impressão, elegância e arrojo no design. ..., e como os próprios também reconhecem a inevitabilidade de se tornar num livro subjectivo. Antologias e monografias são excluidas, porque à partida não se enquadram nos critérios escolhidos, mas nem sempre é assim e “Atget: photographe de paris” publicado três anos depois da sua morte, 1930, por Berenice Abbot não fica de fora, como também não fica de fora Diane Arbus: An Aperture Monograph, 1972, publicado para acompanhar a grande exposição do MoMA, um ano depois de Arbus morrer. Fotógrafos pouco conhecidos vêem a luz do dia, outros muito conhecidos, Ansel Adams, Edward Weston, Alfred Sieglitz ficam de fora. Camera Work era uma revista, e os primeiros preferiam apresentar as suas obras como únicas e não em livro, as suas antologias não encaixam nos critérios escolhidos. O primeiro volume, básicamente assente numa estrutura cronológica, termina com um capítulo dedicado ao Japão. Doze anos antes, como nos conta Parr no seu prefácio, numa viagem ao país, encontra o livro 11.02 Nagasaki, (1966) de Shomei Tomasu, para muitos o fundador da fotografia japonesa moderna, outros seguem-se em catadupa, como o fio de novelo que quando se desenrola parece não ter fim. E o livro termina com “Girls Blue:Rockin’On” de Hiromix, 1996.
Os apaixonados por livros fotográficos, onde também me incluo, esperaram ansiosamente dois anos pelo segundo volume, enquanto os livreiros, utilizavam já o primeiro volume como referência para uma nova geração de coleccionadores.
E finalmente o segundo volume.
Parr conta-nos logo no início que foi um excelente professor, no Manchester Polytechnic, que nos anos 70, o fez abrir os olhos para os livros fotográficos. Parr recorda-se do primeiro livro que comprou em 1971: uma segunda edição de “The Americans” de Robert Frank, 1959.
Dez anos depois chegava a minha vez de me deslumbrar com os livros fotográficos. Também me recordo do primeiro livro que comprei
Parr, como nos revela em “The Photobook: A History”, tem prazer em conhecer outras colecções.
Leonard Freed, também um fotógrafo da Magnum, faleceu no ano passado. Freed estudou com Alexey Brodovitch no seu Design Laboratory, onde este ensinava fotografia e design gráfico. “Black in White America” foi o primeiro livro de Freed, impresso em rotogravura. Quer as fotografias como o design do livro, cumprem os critérios de Parr e Badger, um livro fascinante sobre os problemas raciais na América nos anos de 1960 e hoje completamente esquecido. Parr e Badger, no capítulo “The Camera as Witness” iniciam o texto com a exposição “The Concerned Photographer” em 1967. Organizada por Cornell Capa, apresentava seis fotojornalistas: Robert Capa, Werner Bischof, David Seymour, André Kertész, Dan Weiner e Leonard Freed. Contudo, Parr e Badger não incluem nem referem os livros de Freed.
Para não o esqueçermos vou incluir algumas fotografias do livro neste post.
Não perca Martin Parr no próximo Domingo.
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