Há dias recebi este e-mail da photovision:
Almería, octubre de 2007
Estimado amigo/a,
El próximo día 31 de octubre se inaugura en Almería la nueva sede del Centro Andaluz de la Fotografía en lo que fue el antiguo Liceo y que, después de una magnifica restauración, albergará nuestras exposiciones, los departamentos administrativos, así como biblioteca, videoteca, salas digitales, aulas para talleres, etc., en definitiva el lugar idóneo para que el CAF se desarrolle en su más amplio sentido y todos los profesionales del medio y el público en general encuentren en este espacio y en las actividades que llevaremos a cabo, el marco inigualable de todo lo concerniente al mundo de la Fotografía.Por primera vez, ocupan las paredes del nuevo Centro, Emilio Morenatti y Jorge Rueda en la que a partir de ahora será la casa de los fotógrafos en AndalucíaPor este motivo, nos gustaría contar con tu presencia en la fecha citada, miércoles, a las 20,00 h. en la sede del CAF, C/ Pintor Díaz Molina, s/n, 04002 Almería.Un cordial saludoPablo JuliáDirector del Centro Andaluz de la FotografíaPHOTOVISIONhttp://www.photovision.es/
Almeria e fotografia, duas palavras há muito ligadas. “Almeria era uma província marginalizada e desértica, tanto agrícola como culturalmente, com o maior índice de desemprego...”, é assim que Carlos Pérez Siquier, um dos animadores de Agrupación Fotográfica de Almeria (AFAL), se recorda agora da cidade andaluza nos idos anos de 1950. “No fim dos anos 50” continua Siquier, “Almeria chegou a ser considerada como o centro geográfico da fotografia espanhola; isto foi devido a que a AFAL soube reunir os fotógrafos mais inquietos e intelectualmente evoluidos do país, que encontraram nas páginas da nossa pequena revista um suporte muito útil para exprimir as suas ideias ou publicar as suas imagens”. Siquier conjuntamente com Jose María Artero, fundavam em 1950, um movimento de ruptura com a fotografia espanhola do pós-guerra. A fotografia moderna dos anos 1930, caracterizada por um grande núcleo de fotógrafos, Sibylle von Kaskel, Gabriel Casas, José Renau, José Sala, Maruja Mallo, Emili Godes, José Manuel Aizpúrua, Antoni Arissa, Pere Català Pic e tantos outros, desaparecia.
Almeria e fotografia, duas palavras há muito ligadas. “Almeria era uma província marginalizada e desértica, tanto agrícola como culturalmente, com o maior índice de desemprego...”, é assim que Carlos Pérez Siquier, um dos animadores de Agrupación Fotográfica de Almeria (AFAL), se recorda agora da cidade andaluza nos idos anos de 1950. “No fim dos anos 50” continua Siquier, “Almeria chegou a ser considerada como o centro geográfico da fotografia espanhola; isto foi devido a que a AFAL soube reunir os fotógrafos mais inquietos e intelectualmente evoluidos do país, que encontraram nas páginas da nossa pequena revista um suporte muito útil para exprimir as suas ideias ou publicar as suas imagens”. Siquier conjuntamente com Jose María Artero, fundavam em 1950, um movimento de ruptura com a fotografia espanhola do pós-guerra. A fotografia moderna dos anos 1930, caracterizada por um grande núcleo de fotógrafos, Sibylle von Kaskel, Gabriel Casas, José Renau, José Sala, Maruja Mallo, Emili Godes, José Manuel Aizpúrua, Antoni Arissa, Pere Català Pic e tantos outros, desaparecia.
Sibylle von Kaskel, fotografia publicada na revista "Las quatro estaciones" Outono 1935
Depois da guerra, os fotógrafos, que se achavam artistas, reuniam-se à volta da revista “Arte Fotográfico”, destinada, como dizia o seu primeiro número, (1952), “aos aficionados da fotografia artística e aos profissionais do retrato”. Regressavam os fotógrafos dos concursos e salões, das medalhas e outras condecorações, como se a modernidade, que tanto caracterizou a fotografia espanhola vinte anos antes, parecia nunca ter existido.
Foi neste ambiente que um grupo de fotógrafos “inquietos e intelectualmente evoluidos” que não tinham o menor desejo de fazer “arte” mas antes revelar o espírito do tempo através da fotografia se reuniu à volta de AFAL. Ricard Terré, que ficou conhecido pelas fotografias da Semana Santa em Espanha, só publicadas em livro “Los dias Iluminados” em 1964, nunca falta um sentido de humor negro, como refere Horácio Fernandez.
Foi neste ambiente que um grupo de fotógrafos “inquietos e intelectualmente evoluidos” que não tinham o menor desejo de fazer “arte” mas antes revelar o espírito do tempo através da fotografia se reuniu à volta de AFAL. Ricard Terré, que ficou conhecido pelas fotografias da Semana Santa em Espanha, só publicadas em livro “Los dias Iluminados” em 1964, nunca falta um sentido de humor negro, como refere Horácio Fernandez.
Ricard Terré, da série Semana Santa, Vigo, 1957
Ricard Terré, 1957, colecção Fundación Foto Colectania
Ramón Masats, o primeiro a seguir a reportagem pura, colaborava com a “Gaceta Ilustrada” dizia que a fotografia “deve ser humanidade, documento humano, veracidade e não falsidade. Nenhuma outra arte pode captar o momento com tanta autenticidade. A reportagem é pois o filho da nossa época”.
Ramón Masats, Estoril, 1959, colecção Fundación Foto Colectania
Ramón Masats, Terrassa, 1953, colecção Fundación Foto Colectania
Masats, para além dos fragmentos da vida quotidiana em Barcelona renovou as imagens das corridas de touros, como este touro sentado, da reportagem “Los Sanfermines”, Pamplona, 1960.
Ramón Masats, da reportagem Los Sanfermines, Pamplona, 1960
Xavier Miserachs, interessa-lhe não a fotografia artística mas as emoções “um assunto fotográfico é qualquer coisa que produz na fotografia um shock psicológico...” Das emoções, Miserachs chegava também ás abstrações, como este muro de azulejos com reflexos.
Xavier Miserachs, Barcelona, el metro de Plaza Cataluña, 1954, colecção Fundación Foto Colectania
O seu livro emblemático “Barcelona en blanc i negra” (1964), fotografias tiradas nas ruas de Barcelona nos anos 1959, terá como modelo New York de William Klein, sem legendas as fotografias eram montadas cinematográficamente, organizadas a partir de panoramas e cenas de grupo que se fragmentavam em detalhes e cenas individuais.
Xavier Miserachs, Calle Pelayo, Barcelona, 1962. Coleccção Fundación Foto Colectania
Xavier Miserachs, Piropo en la Via Layetana, Barcelona, 1962
Oriol Maspons, defendia uma fotografia espontânea, documental, independente das artes plásticas e do cinema “distingui-la (à fotografia) do plano cinematográfico, que normalmente se cria com ficção”.
Oriol Maspons, Novillada en un pueblo de La Mancha, 1961
Maspons admirava Francesc Català Roca (filho de Català Pic) o único a fazer a ponte entre as vanguardias modernas dos anos 30 e as vanguardas da fotografia documental dos anos 50.
Francesc Català Roca, Señoritas paseando por la Gran Via, Madrid, 1953
Maspons recorda-se “ admirava-o pelo seu estilo divertido de trabalhar. Tirava fotografias, com uma velha Rolleiflex 6 x 6 à qual só restava uma terça parte de visão na sua superfície de enquadramento. Ele balançava-a para poder ver tudo e compor a imagem. No laboratório, não usava marginador. Uma caixa de fósforos das antigas, na qual apoiava a folha de papel de provas era suficiente. Não utilizava relógio no ampliador, ia repetindo o nome Kodak, Kodak, Kodak,...com um segundo exacto de intervalo...com o revelador também fazia coisas estranhas, como ter dois recipientes de concentrações diferentes”. Paco Gómes, em que a honestidade era a base de toda a verdadeira obra de descrição, criou uma linguagem original na fotografia da época.
Paco Gómez, s/t 1958. Colecção Fundación Foto Colectania
Paco Gómez, S/t, 1958. Colecção Fundación Foto Colectania
Joan Colom, é hoje memorável pela reportagem que fez ao sub-mundo social de Barcelona, fotografias publicadas no seu livro “Izas, rabizas y colipoterras”, 1964.
Todos estes fotógrafos foram alguns dos membros principais para além dos fundadores.
Carlos Pérez Siquier, La Chanca (Almeria) 1962
Carlos Pérez Siquier, Roquetas, 1975. Colecção Fundación Foto Colectania
A importância da AFAL foi decisiva para dar a conhecer internacionalmente a fotografia espanhola. Para além das exposições organizadas em Almeria no Salão de Inverno entre 1956 a 1959, a AFAL estabeleceu contacto com outros grupos significativos como La Bussola em Milão, Les 30 x 40 em Paris, o Centre Culturel de Charleroi de Bruxellas, o Fotoform na Alemanha, e participou em bienais e exposições colectivas, em Itália, Bélgica, França, Alemanha e na URSS, a fotografia espanhola começou a ser conhecida no estrangeiro. Editou também a revista AFAL, com 36 números desde 1956 a 1962.
Nos anos 60, a fotografia documental que caracterizou o grupo AFAL mostrava desgaste e chegava ao fim a noção de fotografia como um fim, em que a informação era o suporte. Opunha-se então a noção de fotografia como meio, utilizada por diferentes práticas artísticas, cujo suporte eram agora as ideias. O grupo e a sua revista chegavam ao fim.
Pablo Juliá o actual director do Centro Andaluz de Fotografia, em Almeria faz reavivar essa memória ao editar AFAL.
1 comentário:
Mais um belíssimo post.
Para além de recordar aqui que existe uma tese de doutoramento em Teoria e Historia da Fotografia (Univ. Barcelona) sobre a AFAL, de Laura Terré, queria também dizer que há um texto belíssimo da mesma autora sobre o seu pai (Ricard Terré)...
Parte deste texto foi usado num pequeno catálogo do CPF aquando da exposiçao de Ricard Terré e Ramón Masats.
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