O Museu da electricidade em Lisboa, no âmbito da Trienal de Arquitectura de Lisboa, apresenta uma exposição sobre a obra de Siza Vieira.
Museu da Electricidade
José Manuel Rodrigues, viveu muitos anos na Holanda, e conhece como ninguém a luz de Vermeer.
Durante dez anos, 1980-90 trabalhou na Academie van Bouwkunst (Academia de Arte e Arquitectura), onde preparava a componente audio-visual das aulas. Foi aí que conheceu e começou a trabalhar com arquitectos. Os contactos com Carlos Castanheira, que na altura vivia em Amesterdão vêem dessa altura. É através dele, Castanheira, que José M. Rodrigues conhece Siza Vieira, e é na Holanda, que faz o seu primeiro trabalho fotográfico com Siza Vieira, o “ferro de engomar” em Haia.
José Manuel Rodrigues, Den Haag, 1986/87
Agora o museu da electricidade reúne novamente os três, a exposição monográfica de Siza Vieira é comissariada por Carlos Castanheira e acompanhada das fotografias de José M. Rodrigues.
No texto escrito por Siza que acompanha o trabalho da Igreja de Santa Maria, Marco de Canavezes, 1990-96, lemos o seguinte “...há um segredo para entrar na igreja de Santa Maria; entrar como um vaso poroso de argila entra numa água impoluta e fresca. Entrar e deixar-se embeber pela luz e pela frescura do silêncio”.
Para José M. Rodrigues “...quando estou a fotografar um monumento ou uma pedra, gosto de estar lá preso precisamente como ele(a) e então tento sempre pôr o filme paralelo às linhas daquilo que estou a fotografar”.
Todas as fotografias são da Igreja Santa Maria, em exposição no museu da electricidade
Porém nesta fotografia que não está na exposição, a regra é violada,
José Manuel Rodrigues, Igreja Santa Maria, Marco de Canaveses, 1996/98
e por esta porta entreaberta a luz de Vermeer entra na Igreja de Marco de Canaveses, “um verdadeiro grito de “sursum corda”, ou seja corações ao alto”, como se José M. Rodrigues nos quisesse fazer chegar ao céu como ele o já tentara numa das suas mais emblemáticas fotografias.
José Manuel Rodrigues, Amesterdam, 1984
Mas continuemos com Siza “...sentar-se numa cadeira, de preferência uma das que permite uma visão do Marão longínquo, sem máquina fotográfica, sem ideias, ouvindo apenas a música da àgua do baptistério...”. Não utilizemos então a máquina fotográfica, em contrapartida um brevíssimo extracto do romance “Sempre Noiva” de Luis Carmelo, em que Felício é o próprio José M. Rodrigues: “...Dois relógios entretêm a cadência de toda esta operação, para que Felício nunca se esqueça de regularmente agitar as tinas. Só assim, a prata há-de receber em todos os pontos do papel algum do revelador ainda vivo e fresco. Por trás desta pausada ablução, ouve-se o constante correr de águas, qual fonte a meio de um desejo demorado. E porque qualquer liturgia tem sempre um fim, o papel salta agora para o banho de paragem e, um minuto depois, para o fixador onde a prata é finalmente absorvida. É nesta última tina, após três minutos de ansiedade, que se consumará a alquimia da imagem...”. Luis Carmelo.
2 comentários:
Entrei nesta exposicao sem ter conhecimento. Parece que tenho algumas fotografias, em Alicante.
Sem mais palavras.Saudacoes de Amsterdam.
José M. Rodrigues
Certamente uma das mais belas cidades do mundo, espero que em algum momento têm a oportunidade de conhecê-la, mas antes gostaria de viajar ao redor do Sul America'm tentando Apartamentos em buenos aires
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