“La politique des Images”, é uma exposição sobre o trabalho de Alfredo Jaar, que abriu ao público no passado dia 1 de Junho no Musée Cantonal des Beaux-Arts em Lausanne.
No passado fim de semana, Danièle Cohn esteve em Portugal onde participou no programa “O Estado do Mundo” na Fundação Calouste Gulbenkian. Dois eventos que não tendo um a ver com o outro se completam.
Numa entrevista publicada sábado no jornal Público Cohn refere que foi o ensaio de Susan Sontag, “Olhando a dor dos outros” que a inspirou para a primeira questão que coloca “não olhamos nós sempre a dor dos outros?” e continua “Recebemos, como uma televisão “recebe” imagens do Ruanda ou do Darfur: somos passivos, assistimos ao espectáculo de um mundo que nos é mostrado à mesa do jantar numa confusão entre o próximo e o longinquo”.
Sontag no ensaio que inspirou Cohn escreve “Não pode haver a mínima suspeita da autenticidade daquilo que se vê na fotografia tirada por Eddie Adams em Fevereiro de 1968...
Numa entrevista publicada sábado no jornal Público Cohn refere que foi o ensaio de Susan Sontag, “Olhando a dor dos outros” que a inspirou para a primeira questão que coloca “não olhamos nós sempre a dor dos outros?” e continua “Recebemos, como uma televisão “recebe” imagens do Ruanda ou do Darfur: somos passivos, assistimos ao espectáculo de um mundo que nos é mostrado à mesa do jantar numa confusão entre o próximo e o longinquo”.
Sontag no ensaio que inspirou Cohn escreve “Não pode haver a mínima suspeita da autenticidade daquilo que se vê na fotografia tirada por Eddie Adams em Fevereiro de 1968...
o general-brigadeiro Nguyen Ngoc Loan, a dar um tiro num homem suspeito de ser vietcong numa rua de Saigão. No entanto essa fotografia foi encenada – pelo general Loan, que conduzira o preso, as mãos atrás das costas, para a rua onde os jornalistas estavam; aquela execução sumária não se teria realizado se eles ali não estivessem para a testemunhar”. Para além de fotografada esta cena foi simultâneamente filmada. Segundo a revista Foreign Affairs de Dezembro 2005, esta cena tem lugar no dia seguinte à ofensiva de TET pelos guerrilheiros vietcong. O guerrilheiro, que vemos na fotografia tinha morto na véspera 8 vietnamitas do sul. No dia seguinte, pela hora do jantar os americanos assistiam ao filme da execução pela televisão, pela manhã viam a fotografia na primeira página dos jornais.
Como revela o gráfico da revista,
Como revela o gráfico da revista,
é a partir da ofensiva de TET, com a divulgação do filme e fotografia, que os americanos tomam uma posição mais crítica da guerra.
Mas passados estes anos os tempos mudam e hoje com o turbilhão de imagens de guerra que vemos todos os dias, acabamos por experimentar uma indiferença que nem sempre nos envergonha, diz Cohn. E continua “Que nos pedem essas imagens?” “Pergunto-me se isso não tem a ver com o facto de serem imagens e não obras de arte? Quando há arte, há invenção de uma forma, um trabalho para a produzir e temos consciência disso...os artistas de hoje experimentam as imagens de horror que invadem as suas vidas como as nossas. Mas como artistas podem agir. É pela acção e não pela visão que os artistas podem agir”.
O trabalho de Jaar exemplifica o que Cohn diz. Este artista chileno, utiliza frequentemente a fotografia como base para o seu trabalho, mas raramente utiliza séries de imagens. Cohn fala do Ruanda, Jaar chega ao Ruanda em Agosto de 1994. Já quase um milhão, a maior parte tutsi, tinha morrido nos massacres. Jaar fotografa. Para ele o horror está também na indiferença do Ocidente ao terrível genocídio. Jaar faz várias instalações sobre o massacre do Ruanda e nessas instalações, o papel da fotografia como representação da catástrofe, é posta em causa, para ele “It would not make a difference, showing more images of the massacre more images than had been seen in the media”.
Numa das primeiras intalações, Jaar critica a indiferença do Ocidente utilizando as capas da revista Newsweek durante os meses do genocídio.
Mas passados estes anos os tempos mudam e hoje com o turbilhão de imagens de guerra que vemos todos os dias, acabamos por experimentar uma indiferença que nem sempre nos envergonha, diz Cohn. E continua “Que nos pedem essas imagens?” “Pergunto-me se isso não tem a ver com o facto de serem imagens e não obras de arte? Quando há arte, há invenção de uma forma, um trabalho para a produzir e temos consciência disso...os artistas de hoje experimentam as imagens de horror que invadem as suas vidas como as nossas. Mas como artistas podem agir. É pela acção e não pela visão que os artistas podem agir”.
O trabalho de Jaar exemplifica o que Cohn diz. Este artista chileno, utiliza frequentemente a fotografia como base para o seu trabalho, mas raramente utiliza séries de imagens. Cohn fala do Ruanda, Jaar chega ao Ruanda em Agosto de 1994. Já quase um milhão, a maior parte tutsi, tinha morrido nos massacres. Jaar fotografa. Para ele o horror está também na indiferença do Ocidente ao terrível genocídio. Jaar faz várias instalações sobre o massacre do Ruanda e nessas instalações, o papel da fotografia como representação da catástrofe, é posta em causa, para ele “It would not make a difference, showing more images of the massacre more images than had been seen in the media”.
Numa das primeiras intalações, Jaar critica a indiferença do Ocidente utilizando as capas da revista Newsweek durante os meses do genocídio.
Nenhum refere os massacres de Ruanda. Em seguida, instala 50 caixas de luz pela cidade de Malmo, na Suécia, só com Ruanda escrito, não utilizando nenhuma imagem.
“Real pictures”, são 550 caixas de arquivo fechadas, contendo cada caixa uma fotografia. No topo de cada caixa Jaar descreve a imagem fotográfica que lá está dentro.
“The Eyes of Guteta Emerita” que se pode ver na exposição de “La politique des images”é mais outra instalação relativa ao Ruanda. Jaar mostra-nos o fragmento de uma imagem, os olhos de uma mulher que testemunha o massacre de que foi vítima a sua família, quando numa manhã de domingo assistiam à missa. No Ruanda, das imensas fotografias que aí tirou, Jaar só nos mostra este fragmento dos olhos de Guteta Emerita.
“Os artistas são engagés, propõem-nos reflexões feitas nas suas obras, e levam-nos a reflectir por nosso lado” diz Cohn na entrevista.
Cohn dá como exemplos, Ruanda e Darfur. Hoje recebi na minha caixa de correio um pedido de ajuda para a situação de Darfur. Darfur é hoje considerado o genocídio do século XXI. Kofi Annan, no momento em que se retirava das suas funções, reconhecia que Darfur era o maior desaire da ONU nos últimos anos.
Para saber sobre a situação no Darfur click aqui.
Para assinar a petição click aqui.
Cohn dá como exemplos, Ruanda e Darfur. Hoje recebi na minha caixa de correio um pedido de ajuda para a situação de Darfur. Darfur é hoje considerado o genocídio do século XXI. Kofi Annan, no momento em que se retirava das suas funções, reconhecia que Darfur era o maior desaire da ONU nos últimos anos.
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