“If you see throught the viewfinder something that you have seen before, don’t take the picture” - é uma das célebres máximas que o genial designer e fotógrafo Alexey Brodovitch repetia constantemente aos seus alunos.
Há dias, passeando até à ponta de uma praia da nossa costa, vi esta fotografia de Tony Ray-Jones:
Tony Ray-Jones, Hotel, Newquay, 1967
Ignorando o que recomendava Brodovitch corri a buscar o telemóvel com câmara. Quando cheguei, era tarde, os pingos de chuva, que entretanto ameaçaram o dia, tinham feito evacuar toda aquela gente, que momentos antes se espalhara pelas rochas. Fica a imagem de Ray-Jones e como não duvido de Brodovitch, foi melhor assim.
Em 1962, Ray-Jones deixa a sua Inglaterra e ruma a Nova Iorque. É aluno de Brodovitch, 1963, no seu famoso Design Laboratory, que ocupava o estúdio de Richard Avedon em Manhattan. Como todos os seus colegas é influenciado pelo génio do mestre que ensinava provocando-os: “I will try to irritate you, to explore you”, insistindo assim que a originalidade de cada um se revelasse.
Na América, numa terra que não era a sua, sem ideia do que fotografar – “sem ideias não há pintura nem desenho”, disse uma vez Delacroix, Ray-Jones procurava no “viewfinder” da sua câmara algo que ainda não tivesse visto. Não era fácil, Robert Frank já publicara “The Americans”, (1959), e em Nova Iorque, nas ruas da Big Apple, jovens fotógrafos acotovelavam-se: Lee Friedland, Joel Meyerowitz, Garry Winogrand, Diane Arbus…Ray-Jones, era mais um “street photographer”, que fotografava a cor e a preto e branco, como o seu grande amigo Meyerowitz. Paradas, festivais, banalidades do dia a dia, eram temas incentivados por Brodovitch. Se Ray-Jones via a América a cores : “I found America a very colour conscious country – colour is very much a part of their culture and they use it in crazy ways”,
Tony Ray-Jones, Shop Window, New York, 1963-64
no preto e branco o fotógrafo viu a diversidade e as contradições de um imenso país, como nesta fotografia,
Tony Ray-Jones, Belle Isle, Detroit, 1965
onde a surpresa e a originalidade, as mãos só se juntam na sombra, surpreendem.
Quando regressa à Inglaterra, 1966, a cor fica na América, mas as contradições americanas aguçaram-lhe o olhar. Se a “Swinging London”, como lhe chamou a revista Time em Abril de 1966, lançava a moda das mini-saias com Mary Quant, os Beatles inovavam na música, e no cinema Antonioni filmava em Londres, 1966, “Blow Up”, na fotografia era o deserto. Como recorda o crítico e historiador Gerry Badger “Ray-Jones had brought some of the new ideas about the médium with him from America”. O humor e a ironia, que encontra na sua terra natal, “burst upon us with the force of a thunderclap”, continua Badger.
Tony Ray-Jones, Picnic, Glyndebourne, 1967
Em 1967, Peter Turner, que só conhecera “The Americans” através de Ray-Jones, lança a revista Creative Camera. No ano seguinte dedica um número ao fotógrafo. Em 1971, será a vez, da hoje célebre Photographer’s Gallery em Londres, arrancar com uma exposição de Ray-Jones. A fotografia regressava ao país que a inventara, e a geração que se seguiu foi influenciada por tal raio de inovação.
Tony Ray-Jones, Isle of Man, 1967
Martin Parr, New Brighton, do livro "The Last Resort", 1983-85
Tony Ray-Jones, Brighton, 1966
Martin Parr, New Brighton, do livro "The Last Resort", 1983-85
Tony Ray-Jones, Beauty Contest, Southport, 1967
Martin Parr, New Brighton, do livro "The Last Resort", 1983-85
terça-feira, setembro 02, 2008
Tony Ray-Jones
Etiquetas:
Mudanças
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