Aterrando em Orly, de carro, chega-se ao centro da cidade percorrendo a extensa Avenue du Géneral Leclerc. Comandante da Segunda Divisão Blindada francesa, Leclerc, com receio que a sublevação comunista pudesse aproximar o Exército Vermelho da capital, não conteve a sua impaciência e avançou sobre Paris sem pedir autorização ao seu comandante do Corpo Americano. Eisenhower pretendia deixar Paris nas mãos dos Alemães por mais algumas semanas, Patton deveria perseguir os alemães derrotados através do Norte da França, só depois se ocuparia da capital. Leclerc não esperou e na manhã do dia 25 de Agosto 1944, as suas tropas libertavam Paris. Hoje conhecemos o nome Leclerc não pelo feito mas pela série Alô Alô.
Com a libertação, o prazer da vingança em mulheres caídas em desgraça, eram sinais de que a experiência da ocupação fora sobretudo de humilhação.
Berlim não teve um general Leclerc, Washington deixou que as tropas soviéticas chegassem primeiro à cidade e a 2 de Maio de 1945, a bandeira comunista era içada no Reichstag.
O delineamento da Europa do pós-guerra foi ditado pela ocupação geográfica dos exércitos. A URSS libertara e reocupara o Leste da Europa: Hungria, Polónia, Checoslováquia…e uma barreira estendeu-se do Báltico ao Adriático. A subdivisão da Alemanha iniciada em Potsdam, terminaria com uma última reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros em 1947, o resultado final, um país dividido que todos julgaram preferível a uma Alemanha unida contra eles. Uma linha dividia a Europa, em Oriente e Ocidente, em esquerda e direita e o mundo rapidamente se acostumou a esta divisão.
Winston Churchill, quando em Março de 1946, no Missouri pronunciou no seu famoso discurso a “cortina de ferro” não se enganara na divisão futura da Europa, no entanto não foi de ferro, mas uma cortina de tijolo, cimento e arame farpado.
Encerrou no sábado passado, na galeria Quadrado Azul em Lisboa, a exposição “No Ruses, so to speak” de Paulo Catrica. Fotografias da cidade de Praga, nos seus contrastes entre o moderno e o antigo, preenchiam parte da exposição.
Olhar para o que é hoje a Europa de Leste, para as suas transformações, é tema recorrente na fotografia actual.
Derrubado o muro, a decadência económica dos países de Leste era agora visível para todos, e surpreendeu os mais cépticos. Milhares de fábricas obsoletas tiveram que fechar.
Mas onde todos fracassaram foi no planeamento urbano. Se no Leste, as casas eram mal construídas e depressa se degradavam,
Londres, Paris, Bruxelas, Frankfurt…acordaram demasiado tarde, as cidades tinham trocado o património urbano por uma confusão brutal.
Com os HLM, (Habitation à Loyer Moderé), atrás, a alegria de Josette no dia do seu vigésimo aniversário sempre me impressionou.
O tempo passa mais depressa do que julgamos, e nesta semana a Europa comemora os dez anos do euro, e no próximo post vamos continuar na Europa.
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