Durante o Verão de 2006 a sobrevalorização das casas na América ultrapassava os cinquenta por cento, mas nalgumas áreas metropolitanas, como Miami, área costeira, terra de sol e calor, a sobrevalorização era bem mais grave e os preços da habitação estavam ainda mais desfasados daquilo que os indicadores económicos de base poderiam justificar.
Axel Hütte, Miami, Fortune Hotel, 2006
Em 2006, de uma janela do Fortune Hotel em Miami, Axel Hütte, fotografa à noite uma cidade iluminada que parece não ter fim.
Provavelmente também de uma janela de um Hotel, Cartier-Bresson, em 1956, tira em Miami, esta fotografia.
Henri Cartier-Bresson, Miami, 1956
Tirada de manhã, veja-se a sombra do massagista reflectida no muro branco e o lençol, também ele branco ainda com vincos do engomado à espera dos madrugadores, Miami, onde os edifícios brancos proliferam, acorda com a luz do sol. O branco que tudo reflecte, a soma das cores do arco-íris, contrasta com o céu preto da Miami de Hütte, que tudo absorve, não deixando escapar nada.
Em 2006, Alan Greenspan, deixava a presidência da Reserva Federal. Em 1956, no ano em que Cartier-Bresson se passeava por Miami, William McChesney Martin Jr, presidia à Reserva Federal. Tal como o contraste entre o branco de Bresson e o preto de Hütte, as filosofias monetárias destes dois homens, não podiam ter sido mais diferentes e hoje, a declaração, “tirar a taça do ponche quando a festa se anima”, de William McChesney, é constantemente lembrada, pois para muitos, Greenspan, embora reconhecesse uma “exuberância irracional” continuou a encher os copos de ponche.
Os céus pretos de Hütte, sinal de premonição? Aviso? Presságio do que em breve estaria para acontecer?
Axel Hütte, Las Vegas, Caesar's Palace, 2003
Axel Hütte, Las Vegas, Mandalay I, 2003
Axel Hütte, Las Vegas, Rampart, 2003
Dos elevados gastos orçamentais, à redução das taxas de juro a zero, à diminuição de impostos, às injecções maciças de liquidez nos bancos, nada parece afinal revelar-se eficaz. Mas o mundo, como escrevia ontem um colunista no New York Times, olha para a América, à espera de um sinal, de uma luz,
Axel Hütte, Los Angeles, Standard Hotel, 2003
Axel Hütte, Bryant Park, 2003
mas que remédio oferece Washington?
Em Atlanta, o vermelho da CNN destoa dos azuis e amarelos,
Axel Hütte, Atlanta, CNN, 2005
e se Washington não oferece remédios, esta agência de notícias destoa ao dar dicas aos americanos “How to hang on to your Job”.
Quarta-feira, Barack Obama foi ao Congresso fazer um “discurso da esperança”
Axel Hütte, New York-Orleans, LV, 2003
e uma jornalista portuguesa acreditou no poder das suas palavras: “Obama devolve esperança que a América vai recuperar e emergir mais forte do que nunca”, mas a queda acentuada dos mercados bolsistas deram a verdadeira resposta - os americanos já nem na retórica dos políticos acreditam, restabelecer a confiança através das palavras também já não é eficaz.
Ao longo das várias crises que o mundo foi passando, criou-se a ideia de que Washington possuía recursos e conhecimentos para as conter. Mas a crise, que irrompeu em 2007, apanhou todos desprevenidos, e os limites de poder da Reserva Federal estão agora bem à vista.
Axel Hütte, Stratosphere Tower, 2003
Impotência política, poderia ser o nome deste post, mas não quero enganar mais os pesquisadores do google, que nos últimos tempos entram neste blog em barda à busca da Crise Financeira, da Grande Depressão dos anos 30 …procuram assuntos sérios e certamente estão à espera de textos em tom solene. Saisdeprata-e-pixels é um blog de fotografia, Axel Hütte é um nome apropriado para não enganar ninguém.
quinta-feira, fevereiro 26, 2009
Axel Hütte
Etiquetas:
Cidades/Subúrbios
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1 comentário:
Madalena, sugiro a consulta de textos nos seguinte site: http://www.professorfekete.com/default.asp
Traz um olhar sobre a economia que critica todos estes pacotes de estímulos!
Talvez voltemos à moda da fotografia a preto e branco, ou seja, sem ser demasiado optimista nem latentemente pessimista!
Parabéns pelo Blog Fantástico, Madalena Lello!
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