
Nikos Markou, Grécia, c.1983
No seu livro “Testemunho” o actual presidente francês é muito claro em relação ao alargamento da Turquia na UE : “A ideia da Turquia mataria a própria ideia de integração europeia. A entrada da Turquia transformaria a Europa numa zona de comércio livre com uma política de concorrência. Enterraria permanentemente o objectivo da UE como potência global, enterraria as políticas comuns e a democracia europeia”.
Pouco tempo depois de ser eleito, a 23 de Outubro de 2007, Sarkozy, em Tânger, desenvolvia uma das ideias do seu programa eleitoral - a de criar uma União Mediterrânica, com o intuito de tornar esta zona numa das mais ricas do mundo.

Nikos Markou, Grécia, 2003-2008
Ver aqui um interessante site como o mediterrâneo foi ocupado ao longo dos séculos).
Desde os países da UE sem fachada para o mar mediterrânico à Turquia, o discurso de Sarkozy em Marrocos foi alvo de duras críticas. No que respeita aos turcos, estes viram nesta União uma intenção de alternativa à sua entrada na UE.
Em 1959, o governo turco expressou formalmente o desejo de se associar à Comunidade Europeia. No mesmo ano, o governo de Atenas efectuava a mesma diligência.

Nikos Markou, Atenas, 2003-2008
Em 1981, a Grécia tornou-se o décimo membro da CEE enquanto a Turquia continua em negociações.

Nikos Markou, Grécia, 2003-2008
A Grécia é um dos países, que durante todos estes anos faz campanha contra a adesão da Turquia à Europa, e não é de estranhar atendendo às seculares divisões entre estas duas nações.

Nikos Markou, Grécia, 2003-2008
Em 1922, com a derrota da Turquia na Primeira Guerra Mundial, o império otomano, desmoronava-se sendo substituído por um Estado liderado por Kemal Ataturk. Os gregos que viviam há milénios na Península da Anatólia, a região como referem “onde o sol se ergue”, eram expulsos pelas tropas de Ataturk. Mas sem navios, acabaram por se refugiar nas ilhas mais próximas do litoral anatólio, que à época eram ocupadas por italianos.

Nikos Markou, 2003-2008
Em 1947, pelo Tratado de Paris, estas ilhas eram cedidas à Grécia, por estarem povoadas sobretudo por gregos. Durante um ano, entre Julho de 2006 e Julho de 2007, Paris Petridis, que juntamente com Nikos Markou fazem parte de uma nova geraçao de fotógrafos gregos, foi regularmente a Istambul, fotografar as escolas gregas, fundadas ainda na tradição de Bizâncio, o período de difusão do Helenismo.

Paris Petridis, Escolas Gregas, Istambul, 2006-07

Paris Petridis, Escolas Gregas, Istambul, 2006-07

Paris Petridis, Escolas Gregas, Istambul, 2006-07

Paris Petridis, Escolas Gregas, Istambul, 2006-07
Agora, as escolas que Petridis fotografou são as únicas que persistem na antiga cidade de Bizâncio, e as únicas onde se ensina o Grego na Península da Anatólia. Para o fotógrafo, este trabalho “foi como confrontar um traumatismo histórico”.
Embora a passagem seja estreita entre o litoral turco e as ilhas gregas do mar Egeu, mar pouco profundo,

Nikos Markou, 2003-2008
cujas ilhas resultaram da acção relativamente recente de dobras geológicas mais profundas, as divisões entre os dois países subsistem, porque a Grécia quer alargar os limites das suas águas territoriais de 6 para 12 milhas marítimas, como fizeram os outros Estados membros. A Turquia opõem-se veementemente e propôs ao Tribunal Internacional de Justiça um novo traçado das águas internacionais turcas que avançaria entre as ilhas nos estreitos maiores. Mas o grande desenvolvimento das actividades turísticas na costa turca do mar Egeu, incitou o governo de Ankara a evitar confrontos com os Gregos das ilhas em frente.

Nikos Markou, 2003-2008
Para além da geografia singular que a Turquia ocupa, entre o Mediterrâneo Oriental o Mar Negro e o Médio Oriente, o grande oleoduto Baku, Tbilissi Ceyhan, vulgo BTC, atravessa mais de metade do território turco. Com as reformas de Atartuk, a Turquia é hoje o único Estado oficialmente laico no seio do mundo muçulmano.
Os sucessivos adiamentos, desde há três décadas, da candidatura da Turquia à Comunidade Europeia, está a provocar na opinião pública turca uma grande oposição à Europa, por se sentirem vexados pelas sucessivas recusas de que o país tem sido alvo. As contínuas reticências da Europa, que não consegue tomar uma posição, estão a criar um barril de pólvora e um sério debate geopolítico que diz respeito às relações da UE com os países do Médio Oriente.

Nikos Markou,2003-2008
Será que Sarkozy, que se desdobra em reunir cimeiras para concertar o Mundo, conseguirá resolver um dos assuntos mais importantes da Europa?
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