domingo, abril 29, 2007

Fotolivro - Ballet de Alexey Brodovitch

Li há já alguns dias, num jornal, um artigo que referia algumas sugestões sobre como fazer um blog. Entre as várias sugestões propostas, escolher nomes próprios para dar credibilidade, linkar outros blogs, etc, a escolha do título chamou-me a atenção. Segundo o artigo, existem palavras-chave de pesquisa, e referiam uma porção delas, que se incluidas no título podiam aumentar o número de visitantes.
Embora não referenciado nessa lista, reparei que fotolivro é uma palavra- chave que frequentemente é pesquisada na internet, o que achei interessante e curioso. Pelo interesse que também a mim me suscitam os livros fotográficos ou fotolivros, uma palavra recente, vai ser então o tema de alguns posts.
O livro fotográfico, é tão antigo como a própria fotografia, “The Pencil of Nature” de Fox Talbot 1844, é um exemplo. Contudo a sua história é recente, como referi no post “Fotolivro, um novo mercado emergente”. Não é sobre os livros que contam a história do fotolivro que vamos ver, antes dar a ver livros, que pela sua criativa composição fotográfica se tornaram em casos paradigmáticos.

Quando em 1947 Robert Frank chega a Nova Iorque, mostra a Alexey Brodovitch (1898-1971), o criativo designer e director artístico da revista Harper’s Bazaar, o livro 40 Fotos, (1946),

Robert Frank, 40 Fotos, 1947
que ele próprio fizera como um portfolio do seu trabalho fotográfico. Muitos são os fotógrafos que na altura trabalham na Harper’s Bazaar para Brodovitch: Man Ray,
Man Ray, Beauty in Ultra Violet, Harper's Bazaar, October 1940
Martin Munkacsi,
Martin Munkacsi, Harper's Bazaar, December 1935
Lisette Model,
Lisette Model, "New York", Harper's Bazaar, February 1946
Bill Brandt,
Bill Brandt, RMS Queen Elizabeth, Harper's Bazaar, January, 1947
Ben Rose
Ben Rose, "The 9 -Minute Wonder Exercices", Harper's Bazaar, April 1950
mais tarde Cartier-Bresson,
Cartier-Bresson, "Intruder on Tiptoe", Harper's Bazaar, October 1952
(Cartier-Bresson disse que o único director artístico com que trabalhou e deixou cortar as suas fotografias foi a Alexey Brodovitch)
Richard Avedon
Richard Avedon, "The Quinquagenarians", Harper's Bazaar, 1955
e muitos outros...
O livro que Frank mostra a Brodovitch não segue uma narrativa nem conta uma história, o conjunto destas 40 fotografias, síntese dos vários trabalhos que fizera na Suiça enquanto fotógrafo comercial, estão dispostas lada a lado de forma a interagirem e a modificar muitas vezes o significado original da fotograifa isolada. Frank não só contrasta ideias mas também sensações, quente/frio, silêncio/ruído...
Brodovitch seduziu-se, percebera o potêncial gráfico da fotografia de Frank e contrata-o.
Mas Frank também se seduziu por “Ballet”, 1945,
de Brodovitch, um livro com fotografias tiradas entre 1935 e 1937 sobre os Ballets Russos que actuavam em Nova Iorque entre eles o de Monte Carlo. Brodovitch, que emigrara de Rússia, diz que tirou estas fotografias “for souvenir purposes”. Mas “Ballet” é muito mais do que uma memória, em “Ballet” Brodovitch sacrifica todas as regras convencionais da fotografia e o que ele revela é a própria experiência da dança, a sua energia, a fluidez dos movimentos, que através do design e sequência das fotografias revelam a verdadeira atmosfera dos ballets.

Esta nova maneira de ver, esta invenção fotográfica expressa em “Ballet” irá ser determinante em Frank e em muitos outros fotógrafos.

Farto do trabalho em Harper’s Bazaar, “there was no spirit there,...the only thing that mattered was to make more money”, diz Frank mais tarde, fá-lo partir em 1948 para a América Latina. Vários meses a fotografar zonas rurais Frank diz “...I was like an action painter...”. Quando regressa, “Black, White and Things”, (1953) será o reflexo dessa viagem e o germe de “The Americans”, mas não só, será também a sua reacção ao livro “The Decisive Moment” de Henri Cartier-Bresson de 1952.
Vamos vê-lo no próximo post.

1 comentário:

Anónimo disse...

fico na expectativa de conhecer essa decisiva reacção.