Na galeria Luis Serpa a exposição Robert Wilson Polaroid Portraits está até ao dia 28 de Abril.
O press release, disponível na galeria, esclarece o motivo que levou este encenador, mundialmente famoso na àrea das “performing arts” a fazer estas Polaroids: “Há vários anos estabeleci um espaço internacional para a criação de novos trabalhos nas artes e humanidades chamada Watermill Center...A Polaroid disponibilizou durante uma semana uma das suas novas máquinas para que eu pudesse criar algumas Polaroids em formato grande. Entre algumas das fotografias que tirei estão os retratos de pessoas que visitavam e trabalhavam no Watermill neste verão (1999)”. Wilson entusiamou-se e alargou o seu projecto a muitos outros artistas. São agora estas Polaroids, duas por retratado, uma a cores e outra a preto e branco, que estão em exposição.
Walker Evans (1903-1975), conhecido como fotógrafo do preto e branco, o pai do chamado “estilo documental”, que fotografou os anos da depressão americana ao fazer parte da célebre FSA, (Farm Security Administration) e que em relação à fotografia a cor dizia (1969): “só são precisas quatro palavras para a definir: fotografia a cor é vulgar”, porém convertia-se, já no final da sua vida, à cor.
Á época a frase de Evans era banal no seio da fotografia não comercial, Cartier-Bresson que organizava nas suas fotografias o caos da realidade referia-se da seguinte maneira à cor “imaginem que teriamos que pensar também na cor ao fim disto tudo”, e para Robert Frank as cores da fotografia eram o preto e branco. A cor era arredada para a publicidade e para os amadores, e assim continuou por mais alguns anos.
Mas à semelhança do que sucedeu agora com Wilson, a Polaroid que queria promover o seu novo modelo convence Evans a experimentar o SX-70. Evans experimenta e o seu entusiasmo foi tal que, durante o ano de 1973, fez mais de 2600 polaroids a cor. “O paradoxo é normal em mim, se há uns anos dizia que a fotografia a cor era vulgar, agora estou convertido à cor porque quando fotografo um objecto e o pretendo vulgar, só o consigo se fotografar a cores”.
A banalidade era agora dada pela cor e, em 1976, o MoMA (Museum of Modern Art) deixa entrar pela primeira vez a banalidade da cor num museu e expõe William Eggleston. Pode haver coisa mais vulgar do que este duche?
William Eggleston, 1972, 50,8 x 40,6 cm
Quando em 2003, visitei a exposição “Los Alamos” de Eggleston em Serralves, comentários como “mas isto também eu faço...” eram banais.
Mas a Polaroid disponibilizou durante uma semana a máquina para que Wilson testasse os grandes formatos do seu novo modelo, não é a cor que agora interessa é o grande formato e Wilson reduz a sua palete de cores, quase não há cores nas suas polaroids a cor.
Susan Sontag, escreveu romances e foi crítica de arte, (o livro On Photography, resume a sua crítica fotográfica), Lou Reed canta e gosta de fotografar, ambos frequentaram naquele verão Watermill e foram retratados por Wilson.
Exposição de Lou Reed, na galeria Arteutopia em Milão, até dia 12 de Maio de 2007
O livro que mais gostei de Sontag foi “ Na América”, se sentires uma vocação segue-a, não te desperdiçes a fazer o que não gostas, nunca sairá bem, segue antes o que sabes fazer bem e tudo sairá bem, é o recado de “Na América”.
O albúm The Raven, surge em 2003 quando Reed a trabalhar na Broadway assiste às declamação das histórias e poemas de Edgar Allan Poe.
“Who Am I” do albúm, é uma das melhores músicas de Reed:
“Sometimes I wonder who am I...
…..
I Hold a mirror
To my face
There are some lines
I could trace…
….
I like to leave this body AND BE FREE…
sábado, abril 07, 2007
O entusiasmo pela Polaroid
Etiquetas:
Exposições/Livros/Colecções
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6 comentários:
mais uma ligação fotografia-cinema: conhece as polaroids de Tarkovski?
se tiver oportunidade... aconselho a exposição do Chema Madoz na 111...
já agora aproveito para deixar aqui o link para um dos meus projectos preferidos http://fo.am/
há uma exposição do chema madoz na 111???
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até quando está, sabe dizer-me? (importa-se de me dizer?)
desculpe Maria João, foi um impulso repentista e nada reflectido da minha parte: já fui ao google. :-)
obrigada por ambas as dicas.
e, Madalena, desculpe o abuso deste diálogo/monólogo na sua caixa de comentários!
Não conheço as polaroids de Tarkovski, são interessantes?.
Maria João, obrigado pela informação do Chema madoz, irei ver, tenho muito interesse.
:)de nada, vale mesmo a pena ver a expo...
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