domingo, março 25, 2007

BES Art - Colecção Banco Espírito Santo

Foi com grande satisfação que ontem ao ler a revista Única do jornal Expresso verifiquei que o BES Art- Colecção Banco Espírito Santo em colaboração com o Expresso continuam a apresentar “diferentes imagens que permitem ancorar visões e diversificar olhares sobre a arte”.
Em Janeiro de 2006, a revista anunciava que o BES Art mostraria todas as semanas uma obra da sua colecção comentada por Jorge Calado, e assim foi até dia 3 de Fevereiro deste ano. Ontem reapareceu com uma edição única da série Tela Habitada de Helena Almeida (n.1934) comentada por Delfim Sardo. Não sei se Sardo será o comentador das próximas obras, ou se foi escolhido por se tratar de uma obra de Helena Almeida. Em 2004, ainda Director do Centro de Exposições do CCB, Sardo comissariou uma grande exposição antológica desta artista, “Pés no Chão, Cabeça no Céu”. Durante meses, em conjunto com a artista, Sardo trabalhou na montagem desta exposição. Ontem na revista Única, Sardo inicia assim: “O conjunto de doze fotografias de Helena Almeida conta uma história: uma mulher despe um fato branco, com uma tela acoplada. A mulher, que é a própria artista, despe-se de pintura para se transformar em fotografia”. Esta peça, 1977, corresponde ao momento em que Helena Almeida abandonou a pintura.



No filme de Joana Ascensão, Pintura Habitada de 2006 (apresentado no doclisboa), Helena Almeida com a simplicidade que lhe conhecemos de outras entrevistas, ao olhar para uma exposição de pintura que realizara nesses anos setenta diz em tom de desabafo, “estáva farta”. Não tendo nenhuma teoria acerca do seu trabalho e usando a fotografia como suporte, o que lhe interessa “é sempre o mesmo: o espaço, a casa, o tecto, o chão, depois o espaço físico da tela, mas o que eu quero é tratar emoções, são maneiras de contar uma história” diz ao falar do seu trabalho.
Jorge Calado, no seu último comentário para a revista Única, escolheu uma fotografia de desporto de Joshua Benoliel (1873-1932), A selecção da Associação de Futebol de Lisboa, Campo do Clube da Feteira, Benfica de Maio de 1911.

O desporto foi o tema da sua primeira reportagem em 1898 na revista “Tiro Civil”. Gérard Castello Lopes e Jorge Calado chamam-lhe “o único génio da fotografia portuguesa”. Referindo-se à fotografia Calado escreve: “Não pediu para olharem para o passarinho invisível nem contou um-dois-três. Apanhou os jogadores da selecção tal como eles eram – amadores, com e sem bigode, louros e morenos. O mais destemido é o guarda-redes, sem bola, mas de mãos na cintura,..”. Benoliel foi o melhor repórter fotográfico do seu tempo, colaborando na revista “Ilustração Portuguesa” do jornal o Século de 1906 a 1918. Benoliel também filmou. No LisboaPhoto de 2005, a exposição “Joshua Benoliel 1873-1932” na Cordoaria, apresentou o filme “Diário de Notícias” que surpreendia pela modernidade. Calado também nos diz “Benoliel é sempre surpreendente”.
Helena Almeida artista plástica nasceu dois anos depois de morrer o repórter fotográfico, Benoliel. O BES Art e o Expresso mostram “diferentes imagens que permitem ancorar visões e diversificar olhares sobre a arte”.

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