sexta-feira, novembro 10, 2006

Ainda sobre a morte do jornal O Independente



Terminava o Verão e o jornal O Independente anunciou a sua morte. Moribundo nos últimos anos, à morte, ex-leitores encheram páginas de jornais recordando a lufada de ar fresco que o jornal tinha trazido para a imprensa portuguesa da época.
O Independente tinha espaço para a fotografia, e na divulgação da imagem fotográfica teve um papel importante.

Em Fevereiro de 1989, comemorava a fotografia 150 anos do seu anúncio oficial, o caderno 3 d’O Independente, fazia o seguinte pedido ao leitor “ se não for incomodar muito, temos um pedido a fazer: esta semana (só esta) não deite o jornal fora. Há uma justificação para nos excedermos desta maneira: difícilmente encontrará em Portugal os textos e fotografias que publicamos neste modesto Manual de Fotografia”. O caderno 3 era assim... Fiz o que me pediam, não deitei o jornal fora.
Nesse ano, em todo o Mundo se celebrou os 150 anos do anúncio oficial da fotografia. As grandes instituições , museu D’Orsay, o Centro Pompidou a National Gallery of Art com o Art Institute de Chicago... para só referir algumas, montaram grandiosas exposições.
Utilizando fotografias das suas próprias colecções e de particulares, a ordem cronológica foi o padrão das apresentações. Andy Grundberg, que escrevia crítica fotográfica para o New York Times, e também ele curador de uma exposição montada com uma selecção da colecção de Joseph e Elaine Monsen, escrevia no catálogo da mesma, que essas exposições comemorativas tinham um ar fúnebre, pois nenhuma delas conseguia de forma coerente relacionar o passado com o presente. E a crítica entreteu-se....

Tudo isto para ressaltar a originalidade d’O Independente. Na comemoração dos 150 anos, o caderno 3 escrevia sobre o passado, presente e futuro da fotografia. Do coleccionismo à sua história para terminar com as escolhas de António Sena. Leiam os comentários do INDEX.






O Expresso (o grande rival) também não se esqueçeu dos 150 anos da fotografia e dedicou em 7 de Outubro a sua revista a essa comemoração. Não está em causa quem publicou primeiro, nem tão pouco qual dos jornais tinha os melhores artigos, Jorge Calado no Expresso síntetizou de forma magnífica as quinze décadas da história fotográfica. O que se perdeu foi uma forma diferente de se fazer fotojornalismo.

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