O vento frio e forte vindo do norte, vulgarmente chamado de “nortada”, impossibilita qualquer veraneante a pisar o areal. Há anos, há mais de vinte, que as “nortadas”, me empurram para outras paragens, Vigo, capital da Galiza, é uma delas.
Este ano não foi excepção e o vento forte que se fez sentir, levou-me mais uma vez a esta cidade. Ao longo destes anos vi Vigo crescer e transformar-se de uma cidade com uma arquitectura confusa
Olivo Barbieri, s7Título, 1986, 18 X 36,5 cm, do projecto Vigovisións
Guy Hersant, s/título, 1986, 18 X 27,5 cm, do projecto Vigovisións
em uma grande cidade com uma arquitectura igual a tantas outras,
John Davies, s/título, 1992, 25 X 36 cm, do projecto Vigovisións
de uma cidade de armazens frigoríficos e estaleiros em degradação
Olivo Barbieri, s/título, 18 X 36,5 cm, do projecto Vigovisións
a uma cidade com um porto activo, hoje um dos maiores da Europa,
Gabriele Basilico, s/título, 1990, 18,5 X 38 cm, do projecto Vigovisións
Joel Sternfeld, s/título, 1994, 40 X 50,5 cm, do projecto Vigovisións
de uma cidade com prédios degradados
Olivo Barbieri, s/título, 1986, 18 X 36,5 cm, do projecto Vigovisións
Traseiras do actual Museu de Arte Contemporânea de Vigo
a uma cidade que soube recuperar esses edifícios como é o caso do recente Museu de Arte Contemporânea de Vigo, MARCO,
situado numa das ruas principais, antes Calle del Príncipe hoje Rua Príncipe. O museu tem agora em exposição “Retratos Doutro Século: selección de fondos da Colección Fotográfica do Concello de Vigo”, que pode ser visitada até ao dia 9 deste mês.
Falar desta coleção fotográfica é falar da Fotobienal que dois fotógrafos, Manuel Sendón e Xosé Luis Suárez Canal, organizaram durante vários anos, de 1984-2000, na cidade de Vigo.
Para entender o sentido das Fotobienais recuemos aos anos de 1980. Nesta década, a fotografia na Europa ainda era marginalizada e excluida dos circuitos artísticos. Museus e galerias raramente expunham fotografia e o interesse em a coleccionar estava no início. Para contornar a situação, proliferaram na altura festivais fotográficos, denominados também por encontros, bienais...com o objectivo de dinamizar e mostrar a fotografia a um leque alargado de pessoas. O primeiro, e que ainda hoje se mantém, Rencontres Internationales de la Photographie de Arles, surgiu em 1970. Portugal, não fugiu à regra e em 1980 surgiam os primeiros Encontros da Fotografia em Coimbra e mais tarde, em 1986 os Encontros da Imagem de Braga, este com uma relação estreita à Fotobienal de Vigo, promovida pelo seu organizador Rui Prata.
Sendón e Suárez Canal, pretendiam que a Fotobienal de Vigo tivesse uma dimensão internacional, não só difundindo e recuperando a fotografia histórica, como dinamizando e dando a conhecer as novas tendências fotográficas, como os próprios referiam “La contemporaneidad, junto con el interés por la propria historia, era lo esencial, contextualizados en una sociedade y en una cultura específicas, la gallega.”
As fotografias que podemos ver na exposição, são uma pequena parte de uma imensa colecção, que o Ayntamiento de Vigo foi gradualmente adquirindo nas diferentes Fotobienais. A mostra centra-se na fotografia histórica e por isso mesmo não mostra a pluralidade de visões tão caracteristicas destes encontros.
Sendón e Suárez Canal preocupados com a destruição acelerada do património fotográfico da Galiza, quase votada ao esquecimento, perceberam a importânicia e trabalharam no sentido de o recuperarem.
Agora na exposição podemos ver a recuperação de dois destes trabalhos, Manuel Ferrol, que fotografou, em 1957, a despedida de galegos que emigraram com destino a América,
Para entender o sentido das Fotobienais recuemos aos anos de 1980. Nesta década, a fotografia na Europa ainda era marginalizada e excluida dos circuitos artísticos. Museus e galerias raramente expunham fotografia e o interesse em a coleccionar estava no início. Para contornar a situação, proliferaram na altura festivais fotográficos, denominados também por encontros, bienais...com o objectivo de dinamizar e mostrar a fotografia a um leque alargado de pessoas. O primeiro, e que ainda hoje se mantém, Rencontres Internationales de la Photographie de Arles, surgiu em 1970. Portugal, não fugiu à regra e em 1980 surgiam os primeiros Encontros da Fotografia em Coimbra e mais tarde, em 1986 os Encontros da Imagem de Braga, este com uma relação estreita à Fotobienal de Vigo, promovida pelo seu organizador Rui Prata.
Sendón e Suárez Canal, pretendiam que a Fotobienal de Vigo tivesse uma dimensão internacional, não só difundindo e recuperando a fotografia histórica, como dinamizando e dando a conhecer as novas tendências fotográficas, como os próprios referiam “La contemporaneidad, junto con el interés por la propria historia, era lo esencial, contextualizados en una sociedade y en una cultura específicas, la gallega.”
As fotografias que podemos ver na exposição, são uma pequena parte de uma imensa colecção, que o Ayntamiento de Vigo foi gradualmente adquirindo nas diferentes Fotobienais. A mostra centra-se na fotografia histórica e por isso mesmo não mostra a pluralidade de visões tão caracteristicas destes encontros.
Sendón e Suárez Canal preocupados com a destruição acelerada do património fotográfico da Galiza, quase votada ao esquecimento, perceberam a importânicia e trabalharam no sentido de o recuperarem.
Agora na exposição podemos ver a recuperação de dois destes trabalhos, Manuel Ferrol, que fotografou, em 1957, a despedida de galegos que emigraram com destino a América,
Manuel Ferrol, série Emigración, 1957, 49 X 49 cm
e as fotografias de Virxilio Vieitez que retratou os rostos da galiza nos anos de 1955-65.
Virxilio Vieitez, s/título, 1958-59, 48,5 X 48,5 cm
Absolutamente desconhecido no panorama fotográfico, e conscientes do extraordinário valor destes retratos, Sendón e Suárez Canal, não só lhe dedicaram uma monografia com catálogo, como projectaram Vieitez no panorama internacional. Hoje Vieitez, é reconhecido internacionalmente e representado em várias colecções, Fundação Cartier, Museu Niépce...Rui Prata, também não o esqueçeu, nem a Manuel Ferrol, nos Encontros de Braga. Vieitez em 1999, Ferrol em 1995.
A parede em frente é prenchida com a fotografia da América Latina, tema da Fotobienal de 1992, em que no catálogo da época podemos ler “...sociedades vivas....que por outro lado luchan y lucharon por unos cambios políticos e sociales”. São as fotografias das milícias militares do cubano Raúl Corrales,
A parede em frente é prenchida com a fotografia da América Latina, tema da Fotobienal de 1992, em que no catálogo da época podemos ler “...sociedades vivas....que por outro lado luchan y lucharon por unos cambios políticos e sociales”. São as fotografias das milícias militares do cubano Raúl Corrales,
Raúl Corrales, Milícias Campesinas, 1960, 22,2 X 33,1 cm
e mais recentemente os trabalhos das mexicanas Graciela Iturbide
Graciela Iturbide, Magnólia, 1986, 45 X 30 cm
e Flor Garduño.
Flor Garduño, Mulher, 1987, 21,8 X 30 cm
Jack Delano, que depois de formar parte da mítica FSA vai viver para Porto Rico e nesse ano, 1992, vai a Vigo, ver a monografia que lhe é dedicada.
Na paredo do fundo estão alguns clássicos da história da fotografia, e entre algumas fotografias da FSA (Farm Security Administration), está William Klein.
Na paredo do fundo estão alguns clássicos da história da fotografia, e entre algumas fotografias da FSA (Farm Security Administration), está William Klein.
Com uma exposição monográfica na Fotobienal de 1986, e apesar de ser já uma das referências na história da fotografia, foi a primeira vez que a sua obra foi exposta em Espanha.
Mas por Vigo passaram também alguns dos nomes mais destacados da actual fotografia contemporânea e desde o primeiro momento se pretendeu mostrar a vinculação da Fotobienal com a cidade de Vigo. Vigovisíons, projecto que arrancou com a segunda Fotobienal, 1986, pretendia projectar a nível internacional a cidade de Vigo. Iniciada pelo Centro de Estudos Fotográficos, Sendón e Suárez Canal convidavam fotógrafos de diferentes países e com diferentes visões, incluindo fotógrafos galegos, pedindo-lhes para fotografarem não a cidade mas na cidade durante alguns dias. O trabalho que resultou ao longo dos anos é singular, pois não se trata de um trabalho documental da cidade, uma representação da cidade em imagens, mas a visão de cada fotógrafo na cidade. Vigovisións no próximo post.
Mas por Vigo passaram também alguns dos nomes mais destacados da actual fotografia contemporânea e desde o primeiro momento se pretendeu mostrar a vinculação da Fotobienal com a cidade de Vigo. Vigovisíons, projecto que arrancou com a segunda Fotobienal, 1986, pretendia projectar a nível internacional a cidade de Vigo. Iniciada pelo Centro de Estudos Fotográficos, Sendón e Suárez Canal convidavam fotógrafos de diferentes países e com diferentes visões, incluindo fotógrafos galegos, pedindo-lhes para fotografarem não a cidade mas na cidade durante alguns dias. O trabalho que resultou ao longo dos anos é singular, pois não se trata de um trabalho documental da cidade, uma representação da cidade em imagens, mas a visão de cada fotógrafo na cidade. Vigovisións no próximo post.
2 comentários:
enviei-lhe um desafio (daqueles tipo 'corrente entre blogs') para o seu email.
abraço.
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