segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Fundação Foto Colectania

A Fundação Foto Colectania, em Barcelona, foi criada com o propósito, como nos diz o seu director, Pepe Font de Mora, de incitar e divulgar as colecções de fotografia.
Iniciada em 2002 pela mão de Mario Rotllant, ele próprio um coleccionador de fotografia, a Fundação tem uma programação variada promovendo debates, colóquios e centra-se na apresentação de colecções de fotografia de particulares e institucionais. Colecções portuguesas já foram objecto de exposições, como a colecção particular do galerista Mário Teixiera da Silva (2004/2005), e a nossa Colecção do Centro Português de Fotografia (2002/2003). Cada exposição é acompanhada de um excelente catálogo.

Há diferentes modos de coleccionar, pode-se coleccionar como um vício que não faz mal à saúde, como nos diz Helga de Alvear, que recentemente expôs a sua colecção no CCB, e a sua colecção foi a primeira a ser apresentada na Fundação, como coleccionar por puro investimento. O gráfico que apresento não é a valorização de nenhum activo financeiro, é o gráfico que nos dá nos últimos dez anos a valorização das fotografias de Diane Arbus.

Rentabilidade de 700% em 10 anos é difícil de obter no mercado financeiro. Contudo é interessante reparar que o preço das fotografias de Arbus seguem a tendência geral do mercado accionista, queda abrupta a partir de 2000, e está ao agora ao rubro. Hoje, e derivado destas subidas de preços, muitos são os que querem coleccionar fotografia. Quem pode comprar porque não arriscar?
Mário Teixeira da Silva, tem uma dupla faceta, é galerista e coleccionador. Mas apesar deste cruzamento de interesses, diz-nos Filipa Valladares, cordenadora da Foto Colectania em Portugal, Mário separa sempre claramente o galerista do coleccionador, comprando obras que nunca pensaria expor. A provocação do olhar é sempre o que está por trás das suas escolhas, continua.

Actualmente a Fundação tem em exposição “Sus ojos les delatan” a colecção de fotografias de Lola Garrido, directora artística da Foto Colectania, que estará até 24 de Março.

Lola Garrido, no catálogo, escreve “não me recordo de ter feito nada mais importante na minha vida do que me deixar fascinar pelas imagens”. “Coleccionar é uma arte,... é saber discernir o que se quer e o que se recusa,... a colecção é uma colecção pessoal, um estado de espírito,... é o reflexo da minha escala de interesses e de valores” continua. Basta olhar para as fotografias do catálogo que percebemos tudo isso, as fotografias pelas quais se deixou fascinar denunciam-na.

E agora olhemos para uma das imagens que fascinaram Lola Garrido, e que também a mim me fascinou:

RODCHENKO, Alexander The artist's mother at the table, 1928, 16,5 x 22,4 cm

Quem gosta de fotografia certamente conheçe a mãe de Alexander Rodchenko, com os seus óculos redondos de aros finos que fez capa de livros.


Na fotografia da colecção, The artist’s mother at the table, entramos na sua intimidade, ...da mesma forma como Rodchenko entrara na intimidade das novas casas comunais de Moscovo, onde também somos confrontados com uma residente a beber chá a uma mesa. A mulher está sózinha, embora as outras duas chávenas sugira uma vivência comunal.

RODCHENKO, Alexander, Interior de apartamento no edifício "Ginsburg", 1932, 24 x 30 cm

The artist’s mother convida-nos a fazer a ligação.

Para quem não puder ir a Barcelona o catálogo encontra-se à venda em Portugal.

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