quinta-feira, janeiro 17, 2008

Saul Leiter na Fundação Cartier-Bresson

Quando em Outubro escrevi “Os mistérios da fotografia a cor”, o fotógrafo Saul Leiter, ficou de fora e reconheço a injustiça. O texto já ia longo, as imagens muitas, e Leiter acabou mesmo por não entrar. Mas Leiter era um dos exemplos perfeitos para entrar naquele post. Hoje a Fundação Henri Cartier-Bresson inaugura uma retrospectiva da sua obra, e ontem Leiter na vernissage deu uma entrevista que podemos seguir aqui onde nos conta, com candura, como começou a fotografar a cor: “entrei numa loja e comprei um rolo a cores, depois gostei do resultado”. O ano, era 1948, e Leiter, mais um dos milhares de fotógrafos que pululavam nas ruas de Nova Iorque. Depois a fotografia de moda.
Em 1946 deixara a escola de Cleveland, por Nova Iorque, queria ser pintor. Richard Pousette-Dart, um pintor do expressionismo abstracto, incita-o a fotografar e a exposição dedicada a Cartier-Bresson no MoMA, em 1947, convence-o.

Em 1957, era a vez de Steichen ilustrar a sua conferência “Experimental Photography in Color”, no MoMA, com algumas das fotografias a cor de Leiter.

Depois o total esquecimento, o tal mistério da fotografia a cor. Só em 2005, é que a sua obra a cor vê novamente a luz do dia, pela mão da sua galeria, Howard Greenberg Gallery, em “Early Color”. No ano seguinte, 2006, é a Steidl que edita o livro, "Early Color”.
Agora a Fundação Cartier-Bresson apresenta pela primeira vez o trabalho pessoal de Leiter em França.

Saul Leiter, Haircut, 1956, Howard Greenberg Gallery
Saul Leiter, Harlem, 1960, Howard Greenberg Gallery
Saul Leiter, Bus, 1954, Howard Greenberg Gallery
Saul Leiter, Reflection, N.Y.C., 1958, Howard Greenberg Gallery
Saul Leiter, Postmen, 1952, Howard Greenberg Gallery
Saul Leiter, Bus, 1952, Howard Greenberg Gallery
Saul Leiter, Untitled, N.Y.C., 1959, Howard Greenberg Gallery
Saul Leiter, Untitled, 1960, N.Y.C, Howard Greenberg Gallery
Saul Leiter, Táxi, N.Y.C, 1957, Howard Greenberg Gallery
As fotografias a cor numa sala, as fotografias a preto e branco noutra sala, tudo exposto, como podemos ver nas imagens que acompanham a entrevista, no formato mais clássico, a única inovação, as paredes pintadas com cores mais garridas. Desde que abriu em 2003, num antigo atelier restaurado, a Fundação Cartier-Bresson já organizou inúmeras exposições, e todas elas sempre com o mesmo padrão, tudo direitinho, tudo alinhado, tudo sempre igual, julgamos até que recuamos no tempo.
Em 2004, a Fundação reconstituia “Documentary e Anti-Graphic”, a exposição, que Julien Levy, organizou em Abril/Maio de 1933 na sua galeria em Nova Iorque, onde juntou os três fotógrafos: Cartier-Bresson, Walker Evans e Alvarez Bravo. O grafismo do convite apelava à inovação.
Julguei, «é desta que a Fundação vai baralhar e mostrar as ligações dos três fotógrafos». Mas não. Sem comparações, nem ideias, cada fotógrafo era apresentado isolado dos outros,
fiquei sem saber como teria sido na Julien Levy.
Este ano, antes da exposição de Leiter, Helen Levitt. A repetição de sempre,
na primeira sala o preto e branco na sala de cima a fotografia a cor, e a ordem cronológica a dominar. Aprecio a obra de Helen Levitt, mas a exposição não me inspirou, Levitt terá de esperar para ter um post. Hoje quase ou nada fotografo. Há dias quando organizava no computador as fotografias que tiro das exposições reparei em algo curioso, nas fotografias que tiro à saída da Fundação:
Edifício da Fundação Cartier-Bresson

PS: veja aqui os livros de Leiter.

Sem comentários: