sexta-feira, dezembro 12, 2008

Athens Burns

Sem aulas, com o país em greves sucessivas, os alunos que frequentam o programa Erasmus nas Universidades gregas, foram para a rua e registaram os violentos motins dos últimos dias. O Politécnico de Atenas, “símbolo da rebelião moderna” – local cujos portões foram esmagados pelos tanques da ditadura militar em 1973, onde morreram 40 estudantes, é agora o epicentro da crise.


Yusuf Burak Dolu, estudante de Erasmus em Atenas, Dezembro 2008
Interrogado por jornalistas, um estudante grego que frequenta a Escola Politécnica resume o que está a acontecer: “Não temos representante. Reunimo-nos duas vezes por dia para decidir como vamos continuar os combates”.

Domingo passado a Grécia acordou em chamas.


Alberto Sanchez, estudante de Erasmus em Atenas, Dezembro 2008

“Athens Burns”, o título que Alberto Sanchez escolheu para o álbum de fotografias que pôs a circular num Facebook de alunos que este ano fazem Erasmus em Atenas. Por seu lado, jornais e revistas preferem a iconografia de Maio de 68 para ilustrar a revolta grega – na memória dos editores perdura a célebre fotografia de Bruno Barbey, do manifestante em Saint-Germain-des-Prés, lançando um cocktail-molotov à fileira de polícias bem armados.


Retirado da revista Visão


Retirado do jornal Público

Em França, a 30 de Maio de 68 a polícia reocupava os edifícios universitários e as novas eleições davam uma maioria esmagadora ao partido gaullista. Nesse ano os alunos partiram mais cedo para férias. Na Grécia, com as Universidades fechadas e os exames adiados, os alunos de Erasmus marcam mais cedo as passagens para passarem o Natal com as famílias - a história parece repetir-se…
Em toda a Grécia, lojas, bancos, edifícios, carros, serviços, foram incendiados e saqueados


Piedade Colaço, estudante de Erasmus em Atenas, Dezembro 2008


Jana Valachová, estudante de Erasmus em Atenas, Dezembro 2008


Filippo Meloni, estudante de Erasmus em Atenas, Dezembro 2008


Alberto Sanchez, estudante de Erasmus em Atenas, Dezembro 2008


Magdaléna Petrásová, estudante de Erasmus em Atenas, Dezembro 2008


Alberto Sanchez, estudante de Erasmus em Atenas, Dezembro 2008

e nem a gigantesca árvore de Natal no centro da capital foi poupada…


Piedade Colaço, estudante de Erasmus em Atenas, Dezembro 2008


Piedade Colaço, estudante de Erasmus em Atenas, Dezembro 2008

tudo foi registado por estes estudantes, numa Atenas que já se enfeitara para o Natal.


Alberto Sanchez, estudante de Erasmus em Atenas, Dezembro 2008


Magdaléna Petrásová, estudante de Erasmus em Atenas, Dezembro 2008

Depois de uma época de prosperidade económica, com um crescimento de 4 por cento entre 2000-2007, a Grécia enfrenta hoje um problema comum a tantos europeus, uma taxa de desemprego galopante, sobretudo entre os jovens licenciados.

A morte de Alexandro Grigoropoulos foi a gota de água que levou milhares à rua a apoiarem a revolta estudantil.


Magdaléna Petrásová, estudante de Erasmus em Atenas, Dezembro 2008

A oposição reclama e pede a demissão do Governo Conservador de Karamanlis, que tem uma maioria frágil (151 lugares em 300), no Parlamento.

Hoje perto de um milhão de estudantes em toda a Europa passam alguns meses num outro país, onde descobrem outra língua, cultura e hábitos. Na Grécia, um país plenamente integrado na União Europeia, os estudantes de Erasmus descobrem não só uma outra língua, cultura e hábitos mas experienciam uma violência na rua como nunca viram antes, o título “I can not belive”, escolhido por Magdaléna Petrásová, para o seu álbum de fotografias, que disponibilizou no Facebook, é prova disso.


Magdaléna Petrásová, estudante de Erasmus em Atenas, Dezembro 2008

Os custos do vandalismo são agora contabilizados e ascendem a mais de 100 milhões de euros e o descontentamento alastra-se sobretudo entre os comerciantes. Depois do caos a ordem tende a renascer da anarquia e só se espera, que depois dos estilhaços


Filippo Meloni, estudante de Erasmus em Atenas, Dezembro 2008

que fazem lembrar a ignóbil “Noite de Cristal”, de 9 de Novembro de 1938, não venha o inferno…


Emanuele Basile, estudante de Erasmus em Atenas, Dezembro 2008

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei muito das fotografias dos estudantes sobretudo as do Meloni e as da Collaço.
Madame Rose