sexta-feira, março 21, 2008

Sexta-Feira Santa

A Preparação para a Paixão, descrita no evangelho de Mateus, é dos mais comoventes textos do Novo Testamento da Bíblia Sagrada.
Depois de instituída a Eucaristia, narra assim Mateus : “Saíram, (Jesus e os seus discípulos) para o monte das Oliveiras…disse-lhes: Sentai-vos aqui, enquanto eu vou acolá orar. E, tendo tomado consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e angustiar-se. Disse-lhes então: A minha alma está numa tristeza mortal; ficai aqui e vigiai comigo. E, adiantando-se um pouco, prostrou-se com o rosto em terra, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia não (se faça) como eu quero, mas sim como tu queres. Depois foi ter com os seus discípulos, encontrou-os dormindo e disse a Pedro: Visto isto não pudeste vigiar uma hora comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. O espírito na verdade está pronto, mas a carne é fraca. Retirou-se de novo pela segunda vez e orou, dizendo: Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, faça-se a sua vontade. Foi novamente, e encontrou-os dormindo; porque os seus olhos estavam pesados. Deixando-os, foi de novo, e orou terceira vez, dizendo as mesmas palavras. Então foi ter com os seus discípulos e disse-lhes: Dormi agora e descansai, eis que chegou a hora, em que o Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores…”.

As fotografias do israelita Ori Gersht (n.1967), estão embebidas de história e memórias e são um convite à meditação. A sua série “Ghost Olive”, 2003, são tiradas num campo de oliveiras da região da Galileia, em Israel.

Ori Gersht, da série Ghost Olive, # 4, 2003
Ori Gersht, da série Ghost Olive, #5, 2003
Ori Gersht, da série Ghost Olive, #14, 2003
Cada fotografia, uma única árvore, e a beleza de cada uma destas oliveiras seculares representam cada ser na sua individualidade e beleza. Mas “Ghost Olive” contrasta com “Blaze”, 2004, onde Gersht fotografa os territórios devastados de Israel.
Ori Gersht, Blaze, #1, 2004
Ori Gersht, Blaze, #2, 2004
Ori Gersht, Blaze #3, 2004
As suas paisagens distorcidas escapam à especificidade do local e do tempo, mas a beleza domina, porque ainda há esperança.

Há mais de 3.000 anos, os desertos da Judeia serviram de abrigo aos profetas, mas hoje são palco dos mais terríveis conflitos políticos, guerras e atrocidades.
Ori Gersht, da série Being There, Desert, Israel, 2001

O Homem dormiu, não conseguiu vigiar…e hoje uma tristeza mortal invade-nos quando olhamos para as guerras e atrocidades do mundo.

4 comentários:

Anónimo disse...

Bela e inquietante revelação este blog. Vou passar a vir mais vezes aqui. Sim, a Primavera nasce aqui.

Madalena Lello disse...

Gostei do "inquietante"...

Sofia Galvão disse...

Madalena, o Filho do homem entregou-Se aos pecadores para que se cumprisse o que estava escrito. O homem dormiu, não conseguiu vigiar... mas a resposta foi o mistério e a proposta de salvação. Por mim, só entendo o Cristinianismo como exaltação dessa esperança.

Madalena Lello disse...

por isso lhe agradeci o seu texto que tão bem relembra a "exaltação dessa esperança".