Depois de três posts seguidos sobre Fotografia Política, (se assim se pode chamar), retomo a Fotografia Científica que deixei lá para trás.
Hoje de tão absorvidos que estamos na Fotografia dita Artística, a que se mostra nas galerias e museus e que se compra por preços exorbitantes, esquecemo-nos muitas vezes, que a fotografia foi uma dádiva da ciência. William Fox Talbot (1800-1877), inventor do método negativo-positivo, e John Herschel (1792-1871), descobridor da técnica de fixação das imagens, foram cientistas distintos, membros da Royal Society. Mas para Talbot, a nova técnica nascia também para responder a algumas questões relacionadas com a arte. “The Pencil of Nature”, o seu primeiro livro com imagens fotográficas, a Natureza desenhava-se a si própria. A luz do sol, substituía o desenho manual feito pelo homem, e o sol, não se esquecia de reproduzir todos os detalhes e interiorizou-se que a fotografia era a cópia fiel da Natureza. O homem ficou espantado porque passou a ver coisas que não via, e os cientistas cedo perceberam o valor da fotografia. A necessidade de ver cada vez mais e mais longe, uma ânsia natural do homem, impôs o desenvolvimento da fotografia científica. Se no primeiro post falámos dos mundos invisíveis da microscopia e dos mundos infinitos da astronomia, a conquista de fixar o movimento acabou por ocupar o segundo.
Hoje abordaremos outros temas e começamos com os desenhos fotogénicos ou as fotografias feitas sem máquina. Muitas das fotografias de Talbot foram feitas sem máquina.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1NL03ErAmkH-VbMvT7lYHwZNhd-EqdQ3DXYWvfXzLK5va6xIjrj6OHic2gU00euaiDp78Nq9Fwp3Otvlp4DIpFmVXxX264s9vGomXBkJX37PPNhl3ndK0bc6_2P4_M3IywqZhKQ/s400/5+008+%5B1280x768%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2ktxLT2ib-Qsyb1OoDdlLUX4wpXmDGczUtBQToOCC5Vc73sykDIttPWfjoPXIWAKRViZCRQL1o5bgPAOYCzemXkn-sA297lM9W2_mBN9kl1E9RbQF6JHfc4h95DD_vaFKlBmQXA/s400/5+009+%5B1280x768%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHrLrm-H7OQgCtxzsR60Gvc0LD_gFlAdi7F6tm49kJpARppcfqaoFIi7CQVZICP9rj0r5W-3rGv5ogb3MD-Yb6pvXEyUhZH6LyhtVreZ3-72W8nvXHcFGrhLb7C4ukjdT6ZCYByg/s400/1+004.jpg)
Na actualidade David Stephenson fotografa folhas de árvores fragilizadas pela sede, e que mesmo mortas, servem de alimento aos insectos.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_vWGeHw2blySkYRHXl8rsWheq2UNU0VODyO0GKJq5OXVdzbE4XxV6TBHhA8ntHr3G8xUm7LCd8KDTQjfvYB00wJfQpJPOAKjHbKZw6L2RznHUnx9y9DjBnYIueNqJkSCbg5wZQg/s400/5+010.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpDsm78bac9TN0Him6xGRIV7ZMqKDtCJY1UGfzkD-DYSS6zqAqWD_Ua38Dh3MbtAX6rRLZYd03g6mTYbeyqiGrXIpJUuaRJmYlC39nZ0IDEoZLYPr2VJm4y2jPLBm3eQObd24tXQ/s400/HarryNankin1+%5B1280x768%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmnJo-Kxlfbr8UciiSkkIeyjqxwI5FtlwCgDqizfgU_O0gNsKEPZ9s1yS2R9qNhkI4lS_tJnh9W8EYZO9dDgOsSD1fY8iz36pjUOveCwsVeF4_WmeuCa4Dj7x5zdCMDUHrWBj1NA/s400/The-Rain-3.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh24OK0x80xR1H1KlwN7PwEFNM_GhXMu0ayrQsRTtgsZjhRzW8GO-dw3rQ9RTxVqjraAJgEKVq-DnIs4yPfL3WvrFKlhfCrxLJKf38L9XtoYRhv6KevOeItKEFqXmkLg1mUSTAGRQ/s400/The-Rain-5.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4y5kJP615U_GwfTdXwj4f9OtFB5qPAXvBthDqln62RAyzjbCHJ7O-4jvxjrn-pUOFcBgjQn_VHEUE-B4VJseRbLEcRoLK06y9xLP22Z5IMGHUVnLVtqd1wRGtiVujx4f47Ja7vA/s400/5+001+%5B1280x768%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitQr8HV3NCQa-6BqROkFRH9TjLSo_4fwDJb45PLFvT-t4T-XXX04WPd_kAZ53cD8Rm9l78AGawOeYWv1tWRnNvLypAd4EFyZg1aNEESQouP5Xcs_Q689zLkWcQVe7eQVNXMWwtXA/s400/5+%5B1280x768%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6DFuCXDQESb-DjzEMgYg7x9gqq3fJbw005hLjbqOWMG1212Y99XK231QLSuUmvvBHNNdGPb8fmT1S8CC5naFrEp_x2SxnbfwqlREqYfsYTE6RMeA_OWD6rbtlSFgmC5Xzv65LGQ/s400/aero1+%5B1280x768%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2CrCxuE4g2hrPOS06_7AmLrAOrS1ehAy6aYng_Jpxp4SzXX5g_KTR4701ijCkT9rOwQl3GSZKZ5CQP1sYlPCmqGZyoHXJWhKtpKJTYFU8q8nkyF16rJmyMMDXorFKWjQcgu9qAQ/s400/edif1+%5B1280x768%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4ryfpS-clVQR1QopML7n215liSTbA6tQw9xSirG2ujLuxyuDjf2ZXDPPue8HyfR6pUMQ1l2sXlqh0uAqnBcpe_8wnn10owNMMhG3qwbellMRwWTzcdj_43Ag0mi-Ma6ML_SukmA/s400/N%C3%ADveis+de+Humidade.gif)
A arte é subjectiva, a ciência é objectiva, este é um postulado que nos habituámos a repetir sem grande reflexão. Mas a ciência não procura apenas verdades absolutas, coloca problemas e neste ponto, aproxima-se mais do que nunca de uma posição criativa. Como escreveu Einstein, “a experiência mais bela que podemos ter é a criação do mistério: é a emoção fundamental que está na raiz da verdadeira arte e da verdadeira ciência, quem não a experimentou já não sabe como se maravilhar, é como se estivesse morto, com os olhos baços”. Mas porque será que a ciência e arte nos parecem irreconciliáveis? Será que sempre foi assim?
A fotografia, “filha da ciência e da arte”, foi talvez a que melhor soube reconciliar objectividade com subjectividade. No século XIX, o médico Guillaume Benjamin Duchenne de Boulogne (1806-1875), submetia os músculos da cara dos seus pacientes a choques eléctricos. Procurava, como ele escreveu, “uma linguagem da alma”.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghEaJpCiEamdQAY9Vb9eurg3JS7Jyiwj1yzQxhteBZfgvx8qiAhqYQ-H1JQw7127t1jjp71WoFwkQe-FXk8hezdZkVnlbXvQF3N7FCpxjS-1BYZw8DAWaOyNfUWHG7za8ULvy1VQ/s400/5+006.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFSDZwETzedzElruibJ2mctuUuxvNSjHDoO_aIKsS2bnnDcuLmXXy0SpUlTj-sjzjU-Cgi2T5kGHdH2AJybs4Z2O0NM8vtpfqDwTDC48YMiIW71Cr8PE2xyd5FXYsLrHkKxMyF3A/s400/5+007.jpg)
Na actualidade, Marta Menezes, (n.1975), explora o conhecimento científico na sua prática artística. A Biologia, a Genética ou a Neurologia os suportes da sua produção. O seu estúdio radica-se nos laboratórios de investigação científica por onde passa, e a sua matéria-prima: o DNA, proteínas, células e organismos. Numa entrevista recente disse: “não tenho a menor dúvida de aquilo que faço é arte. Porque os meus objectivos são completamente diferentes dos de um cientista. Qualquer cientista diria que o que faço não é ciência: não repito a experiência, não procuro descobrir as causas, não me interessam as conclusões. Preciso apenas que aconteça uma vez. Isto é completamente contrário ao espírito científico”, contudo os cientistas só têm a ganhar com este tipo de trabalho, “como não estamos presos ao sistematismo da ciência, podemos experimentar hipóteses que eles nem sequer consideram”, comenta. Em 2003, a Fundação Calouste Gulbenkian, no projecto “Sete artistas ao décimo mês”, comissariada por Miguel Amado, mostrou um trabalho de Menezes utilizando uma tecnologia científica recente conhecida por fMRI – functional Magnetic Resonance Imaging.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgua4-ibS1sXqMHo2tBSJAUj5KCnQTQ4XgRhuW2pbBh8S1Ue04kqkWpmZ2HMNy15Leqsy3Gk7mfpF-uuFx8XjDb-c4lYIhczpYXfd__ONFX_LCUNcqWhA8Zwj9ADsvfQANorYiJFg/s400/5+005.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixhIT2E6ClWptCQz0LJA2dYhf6zKT_0h1TtSEslSi-4Vj6azYhYQUoKeUcFQ1KDzQ9ggj4JZlBXHT9d-x3h7OjQ-yMg5_zCg-0t9r1DEHod0lP__iZk_1SmRHxV6PmALnu6c7WHQ/s400/5+002+%5B1280x768%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjynzrKz91TUL9rkVxCFRImi6n8Ejvap5tMJ_5vj9_Xl2XmlNNCKLV7ayD70Eh4DZhyphenhyphenE-sgNDhDK4_VY950icpjUKd7A4er6T5SMGo9NYtLOARstHeKC-z_0RPQo6tGQUea_QZc6w/s400/5+003.jpg)
E mais uma vez a fotografia científica teima em ficar…
Sem comentários:
Enviar um comentário