Os organizadores de Pulse Miami, uma feira de arte contemporânea que terá lugar nos dias 6-9 de Dezembro, decidiram começar já a divulgá-la.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7eA4BsNQ25gTMYvtzIVfsnNC9Qun9szvLmGNLY0UcIEbE_lC7Udoi37Y3eQuY_GIUt1fIS91qCVzJ-ZdCePqyb293o9sZOfT503VPejUGNZH98mv0wlWbE4UJsAeHNtXwKyAM/s400/Chiado+001+%5B640x480%5D.jpg)
Publicidade de Pulse Miami, na revista Modern Painters
Como o verão já aí está, nada melhor que esta praia de Massimo Vitali para a publicitar.
Representado pela galeria Brancolini Grimaldi Arte Contemporanea, Vitali na última feira Paris Photo, tinha à venda "Coney Island, New York" por € 18.320.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi89JRDPsr-PKzNA4V8GxVcpxm1n-nAgnq6-hs6gPItyvyuLTZ722JYANY6R7l8z_etYCRtWyLnfqlSkGtn2P_XxY8dLmx6VDqAr_kLzqZFDDorVjKEF_2dETOepN0vAFkkhx1K/s400/Doclisboa+056.jpg)
De grande formato as fotografias de Vitali dão-nos a impressão de serem completamente artificiais.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLUH19d8cmSG_3Zp5P9L2R424jqj3hdpCsm77qHRwH013eMdD_JpevVjFEEFNOeCPcvMXeNoUyXmpuS0nwG5EIYOYoxmDHh02iNEckCA2oBqOSA4luiqO1NECazXwmbMNCUwyr/s400/Massimo-Vitali,+Rosignano+Beach+2+2003,+180x225.jpg)
Massimo Vitali, Rosignamo Beach, 2003, (180 x 225 cm)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy6Z-qPMlpqgoGsgffzfamE9lM64K7rmT9OlL7hmlTrRJSSOfSCGIXmVhchc3LSvAK7lQpRXaMjfxItnjr2OnAiWQpFcaWIV4Hz47WTLrjZbTxDCSEKZ1bu4IkoYCQ8RQYHN3L/s400/Massimo+Vitali+Beach.gif)
Massimo Vitali, Beach, 2003
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggEoiMuXfP6fG1pZqO_0bTYIr9Kg80pItkFg08INipF9URm6aJVPvxhUOh68f1UdxGfXXsgEm2I_7acDQB_U6qvs7sIs-l80gbxYhSPuPrs8KFgTlBAXuF4qFTcffHpoZIegr_/s400/Massimo+Vitali,+Viareggio+Tuffo,+1995.jpg)
Massimo Vitali, Viareggio Tuffo, 1995
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzJS_-lWzf13EJViMyvC0pnGB-PjORkzsv0r1h77-AqWbnDYV2lb_AnNj74yXP_Xv4hC1ghoSqe3C5HTghA8nJr08n7esJC8olLOk96noV-0ZpfktytsRHhgDzXwqCW_ozmPtw/s400/Chiado+002+%5B640x480%5D.jpg)
Fruto da publicidade e dos media em geral, a nossa experiência com o mundo torna-se cada vez mais artificial assim como a própria realidade se transforma cada vez mais em imagem. A linguagem visual utilizada pela publicidade é complexa, simulam documentar o real, para nos sugerirem um mundo ficcional, e quando olhamos para as fotografias de Massimo Vitali, férias na praia, já não sabemos se estas praias são ou não reais. Durante anos a fotografia foi considerada registo do real, hoje acontece precisamente o contrário. Qualquer um de nós sabe que as fotografias que vemos nos jornais, revistas, internet...podem ser totalmente artificiais, ou seja, a fotografia já não precisa do real.
Quando olhamos para esta fotografia de Weegee tirada em Coney Island, ficamos surpreendidos... como é possível tanta gente.
Quando olhamos para esta fotografia de Weegee tirada em Coney Island, ficamos surpreendidos... como é possível tanta gente.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlTpQAX7mUFgACRlBvW03zIIRCRe2W4oklcVxOxyZujcxXXsG5npb_ww3kO_6DIkbjGWqwDfm3GIuUWsnu_ZWZaC10WkrK7BNeVH40mrQWR84pdhV-xHndDrXOhywyLXEb34W0/s400/Weegee,+Coney+Island+%5B640x480%5D+%5B640x480%5D.jpg)
Weegee, Crowd at Coney Island, They came early, and stayed late. 22 July 1940
Em Nova Iorque, naquele dia de domingo (22/07/1940), os termómetros chegavam aos 40º graus. Hoje quando olhamos para a fotografia não nos ocorre duvidar se Wegge acrescentou pessoas através de fotomontagem ou outro processo qualquer. A fotografia representava o real, e as estimativas confirmavam o real da fotografia, mais de um milhão tinha estado em Coney Island. A fotografia é publicada no jornal PM. Para atrair a atenção dos banhistas (?) Weegee acenava e gritava para olharem para cima.
E esta fotografia de Vitali?
E esta fotografia de Vitali?
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYLAll2JclNYZXFhrRXUNpkeqg3eqF1Tdcbe-8SU4P6nW40ppZ4LLqP0je1LLw-JY0y4eirrpr6spm5VHsWzCBcMdeQ7rrbY4jvjjCyh26pxLSN_Iq4sH5iCyRLmBkWwpm7FmY/s400/Viareggio+air+Show,+1995,+Massimo+Vitali.jpg)
Massimo Vitali, Viareggio air Show, 1995
Vitali não manipula as suas fotografias, utiliza tal como Olivo Barbieri, Marc Rader que fotografam a arquitectura das cidades, câmaras analógicas de grande formato e o resultado são fotografias que mais parecem ficcionais do que reais.
Em cima de uma plataforma com cinco a sete metros de altura, ao contrário de Weegee, espera o tempo suficiente para que as pessoas voltem às suas actividades normais, e é nessa altura que começa a fotografar. Férias na praia, é tema com que a publicidade já nos familiarizou. As fotografias de Vitali são reais, mas provocam-nos uma sensação de estranheza, Vitali põe em evidência a ficção que as imagens comerciais criaram.
Os fotógrafos de hoje, como os de ontem, estão submetidos ao seu tempo. E se hoje as praias de Vitali nos causam alguma estranheza pela artificialidade que sugerem já a praia de Coney Island, tão fotografada na década de 1940 representa a realidade da época.
Vitali não manipula as suas fotografias, utiliza tal como Olivo Barbieri, Marc Rader que fotografam a arquitectura das cidades, câmaras analógicas de grande formato e o resultado são fotografias que mais parecem ficcionais do que reais.
Em cima de uma plataforma com cinco a sete metros de altura, ao contrário de Weegee, espera o tempo suficiente para que as pessoas voltem às suas actividades normais, e é nessa altura que começa a fotografar. Férias na praia, é tema com que a publicidade já nos familiarizou. As fotografias de Vitali são reais, mas provocam-nos uma sensação de estranheza, Vitali põe em evidência a ficção que as imagens comerciais criaram.
Os fotógrafos de hoje, como os de ontem, estão submetidos ao seu tempo. E se hoje as praias de Vitali nos causam alguma estranheza pela artificialidade que sugerem já a praia de Coney Island, tão fotografada na década de 1940 representa a realidade da época.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMwIRwVhuc4R6SixVvqna1x44KanRTVoIKNfVPnWunRk5lkPbT3ZBj2031s9yX9pl3iruDng8rCaN8HjN17c40TgJ3Bhww8XWvm4Mb5_9OOWOQIXkjsMjJAfe3WG_nj_u4XTy8/s400/Harry+Lapow,+Coney+Island+1958+%5B640x480%5D.jpg)
Harry Lapow, Coney Island, 1958
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAivKmmLh5x-khs0JkBCvM2B5i58ehCbuc-1YfQdAzRi16mpXfffhbc9WRCtRqstT213DuyfGycz-o0JMxKYIKEHQcFdh7H2MCI4prPBBnJznL3v2jU4CWHUbjX_zisqyRbL4-/s400/Morris+Engel,+Shore+Scene,+Coney+Island+1941+%5B640x480%5D.jpg)
Morris Engel, Coney Island, 1941
Coney Island, escreveu uma vez Jorge Calado, está para os americanos como a Nazaré está para nós, portugueses. Ainda hoje me recordo da cara de espanto de um nova iorquino quando há uns anos lhe disse que quando fosse a Nova Iorque visitaria Coney Island. Para mim estas praias no sul de Brooklyn fazem parte de Nova Iorque tal como a quinta avenida em Manhattan.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhABtSbn5VgAzl5qF2WkFaa8DI8CNf5JgqnqAeDAj66ifdcpWbhJOCqRgIWDiSxir09SpxFhOBsoEeMOsCIjwBUPQZ6213MoqvVj-QhkKomRKspfswvVbDi07oOs82fBBx-ZS2-/s400/brooklyn_all.gif)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_9AAZVhjxdRovtcmRNAd-hhV_mOyl9jsGJb5I6F61WgCUq_c8d9LkWAcZiXt6TmtyDnZUdap8GClyS-T5Xg-jqZpHc66UVU4RM__lif_18SFlfocNs6EEcT_4KzBKw-YR9yAL/s400/ConeyislandNASA.jpg)
Desde 1890, que Coney Island serve de praia aos nova iorquinos. No verão este areal banhado pelo oceano atlântico é refugio de muitos para aliviar o calor. Por uma importância pequena, um nickel em 1940, nova iorquinos apanham o subway até Coney Island. Mas será que conseguem aliviar o calor?
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbyXwYM1U0oXFSq_vhyphenhyphenb0BIHXSkNqnKDhKYRmkWs9wA21xYuLNviS4GoQL_pMvb_-Pm8YgAwW8wJDAJ3UMjdOA3NNcJWh_-jlIDetkDaEbaUQQvHFZMh2BxiZ0AGPbnspbYCtp/s400/Sid+Grossman,+Coney+Island+1947+%5B640x480%5D+%5B640x480%5D.jpg)
Sid Grossman, Coney Island, 1947
Se chegar à borda de àgua é tarefa difícil, porque não tentar um chuveiro?
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitbyGrtqEpE588KnY_zCX_fVLPI-XcwAvBEZA9JWVKK4cAmWXCDnMfx0OGYL_mxo6b76_bWXp-_biGYqujyQJhO4Sx7DGhPucu9MbcjyrOU2fRyDetpc8nle2XtN9YmpuCFtMy/s400/Morris+Engel,+Coney+Island,+1941+%5B640x480%5D+%5B640x480%5D.jpg)
Morris Engel, Coney Island, 1941
Walker Evans fotografou os casais de namorados que para lá iam se divertir nos parques de diversão. Na década seguinte, foi a praia que entusiasmou os fotografos.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgI52NNCcH4LmyeKAKGO_iJzbwjncuW-Gy8Tl3OAdsTVgtldax8QFxOk6cxKmfNmhzfPnOshU90AdC4aBqIyc1mRtmZa44mOqGb36GFXtC4TszKix6ZYARln2brw4rUzAmbs2Bg/s400/Bruce+Gilden,+Coney+Island.jpg)
Bruce Gilfen, Coney Island, 1968
A seguir vieram os anos em que a zona se degradou e Bruce Davidson fotografou os gangs de Brooklyn em Coney Island.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglxmf2h6r5LUKVF69sgCc7Q7rb6Q1PgO9Y7ATPWcWpjyzuJwntPScTQ93tG1vY9nfSXfwPApG5S_LeVMolZ3ZPXS9lg7BlNash4mdakJvLAp-JzC_yJWDoZRQGK8GqSJERM3aU/s400/Bruce+davidson,+coney+Island.jpg)
Bruce Davidson, Coney Island, da série Brooklyn Gang, 1958
Revitalizada a zona, a pesca é hoje um entretém e no Verão os areais lá se enchem novamente como mostra a fotografia de Vitali tirada em Coney Island no ano passado.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiG7ULq6b2My32zSLkyT6G64vYJhFpiSpQzQ7Y8Imhs6t2lF1VkPK0lEaLA3MKt9FXiugaDjhlp3Z-HfyHpyCPQ14fnqaAlGlZYn6dvTrS1buzs4f5wIOxoZDXYRO2i9MN-FB6H/s400/Chiado+%5B640x480%5D.jpg)
Hoje escreve-se que já não há fronteira entre real e ficção. Mas será que a nossa percepção do real mudou assim tanto? Em dias tórridos ao olharmos para as nossas praias pensamos em Coney Island ou nas praias ficcionadas da publicidade?
3 comentários:
e por falar nisso... http://www.nytimes.com/packages/html/magazine/20070531_VINCENT_FEATURE/blocker.html
Nos últimos cem anos, mais coisa menos coisa, o costume de ir à praia foi, não apenas um prazer, mas um verdadeiro factor de afirmação social. Iam a banhos sobretudo as classes altas e as massas urbanas que pretendiam ascender a tal posição. Depois as coisas massificaram-se, como se existisse um direito universal à vida saudável, pelo menos no período de férias. Hoje, distinguem-se as praias da populaça e as praias distintas (geralmente de difícieis acessos), onde se pretende encontrar o máximo de natureza selvagem e o mínimo de gente. Mas as coisas estão a mudar: a ideia de férias divertidas e saudáveis à beira-mar começa a ser substituída por advertências médicas contra os crescentes malefícios do sol sobre a pele (diz-se que o sol se está a tornar doentio devido à poluição atmosférica) e os perigos das águas inquinadas que desaguam em algumas das mais famosas praias do mundo e também nos paraísos ditos ecológicos.
Restam-nos para já os registos fotográficos, milhões de registos,
realizados por pessoas comuns que se tornavam fotógrafos amadores durante as férias, por profissionais e negociantes da fotografia que tiravam partido da grande afluência de gente na época estival, e sobretudo por grandes fotógrafos cuja visão, neste campo como noutros, talvez sobreviva à era da massificação dos costumes a que actualmente chamamos globalização.
As fotografias que a Madalena nos mostra, para além do seu interesse estético, não deixam de documentar um costume contemporâneo possivelmente em vias de extinção.
Abraços.
Tomé Duarte é algum artigo que sugere para consulta no N.Y.Times?
Mesmo cientes dos malefícios do sol em dias de calor é impressionante como as nossas prais ficam ainda apinhadas. Julgo que ainda vai demorar algum tempo na mudança de hábitos.
um abraço
Enviar um comentário