Ao longo destes meses, os assuntos sobre os quais tenho escrito têm sempre um estímulo exterior, sejam exposições, conferências, livros recentemente editados, notícias nos jornais... e é a partir desses estímulos que surgem os posts. Freud revelou que também os nossos sonhos se alimentam de estímulos exteriores, e cada um de nós o pode confirmar. Quando nos conseguimos lembrar, as histórias dos sonhos partem frequentemente de estímulos recentes.
Em Novembro passado, tive a oportunidade de ver uma excelente exposição”Une Arme Visuelle: le photomontage sovietique 1917-1953”.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVHYhJcDsoRc4LFL7j3vPnNPP72EGtxWiS1ZrWdqpE0lY2imgaH3DQ0WXfZDzHevMpgneWZ4McTW_fjjJj3yjLrQx5EaZJUH5Enu2geliRhyphenhyphenerJvez6QiIt3_booltfh8bPS7N/s320/Viva+013+%5B640x480%5D.jpg)
Contudo, por falta de tempo, a exposição passou, e não cheguei a aproveitar o tal estímulo exterior para escrever sobre esse excepcional periodo da história da fotografia. Na passada terça-feira, Delfim Sardo, na Culturgest, num ciclo sobre os géneros artísticos contemporâneos, "Um fotograma é uma fotografia?", foi o tema que Sardo escolheu para encerrar o ciclo.
Podemos ler no site da Culturgest o que Sardo escreve a propósito desta última sessão dedicada à fotografia:“ A fotografia e a imagem projectada ocupam um sector muito importante da produção artística contemporânea, mas são também responsáveis por um retorno de vinculação ao real. Entre o documento e o monumento, quais os caminhos da imagem?”
Documento e monumento inevitávelmente levaram Sardo a centrar-se nas vanguardas soviéticas. A monumentalidade da fotomontagem e das exposições com fotografias em grande escala, iniciaram-se com as vanguardas russas, diz-nos Sardo. El Lissitzky combina fotografia com arquitectura na concepção e design de exposições, Alexander Rodchenko com as suas fotomontagens e Dziga Vertov, o cineasta, acabaram por ser as figuras centrais da conferência. Os três são amigos. Lissitzky, ilustra em 1929, o livro Fotoglaz ( Olho da fotografia) de Vertov que nunca chegou a sair,
Podemos ler no site da Culturgest o que Sardo escreve a propósito desta última sessão dedicada à fotografia:“ A fotografia e a imagem projectada ocupam um sector muito importante da produção artística contemporânea, mas são também responsáveis por um retorno de vinculação ao real. Entre o documento e o monumento, quais os caminhos da imagem?”
Documento e monumento inevitávelmente levaram Sardo a centrar-se nas vanguardas soviéticas. A monumentalidade da fotomontagem e das exposições com fotografias em grande escala, iniciaram-se com as vanguardas russas, diz-nos Sardo. El Lissitzky combina fotografia com arquitectura na concepção e design de exposições, Alexander Rodchenko com as suas fotomontagens e Dziga Vertov, o cineasta, acabaram por ser as figuras centrais da conferência. Os três são amigos. Lissitzky, ilustra em 1929, o livro Fotoglaz ( Olho da fotografia) de Vertov que nunca chegou a sair,
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYzVLpuRjbFEO-GbmxEkBUF4VgtqmwhyphenhyphenQWqmUSFWUAHihK4J_uI4Dt-5TD1K159tw_XSPiDXnj1jp2MqWPPlzi_w1fFZeCTiaUAlgWm_E49QgeWxBLm1IyS-9RsEDmfJbOetMc/s320/Viva+030+%5B640x480%5D.jpg)
El Lissitzky, montagem
Rodchenko em 1924, desenhou o cartaz para a série Kinoglaz (Olho do Cinema) de Vertov.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCnR-VSzUR-6Hyqnnomo4eDdcp8s8tIwmC4FXHeVi4vOFfqc0MbSb9cwJLHM6Tegh-RHh8a1iBE2Qcsa4woKV6ERM4EWO2VX9IQB62k_j8TUGQdbKla1VWkaOsS3bqWZpKBtFh/s320/Viva+021+%5B640x480%5D.jpg)
Só em 1928, Vertov deu a versão do Kinoglaz em O Homem com a máquina de Filmar, que Sardo nos projectou uma parte. Fotografia, fotomontagem e filme serão a arte da nova Rússia. E tal como Sardo, começemos por apresentar El Lissitzky, com Construtor, o seu auto-retrato de 1924. Recorrendo à montagem, Lissitzky criou um dos seus mais famosos trabalhos ao qual se referiu como o seu “mais colossal absurdo”. A imagem é uma amálgama de referências que não só se referem à sua própria vida, mas que vão mais além, fazendo alusão ao estatuto do artista moderno contemporâneo. ![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMrpixpYNF16zQAypOCf0MMC8EBNzFFZDRY90v1bhOL4tH-J0419uevJMWBOcINMlQA75rSO8UXiHx7frp5pRmkZ7WqHof0UxhEK-QwkTIcCCe58h8Dg6ZO9GdpCahDbleIm3R/s200/Viva+027+%5B640x480%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLcbS9yoDccNwPjM_7aWi7Qe8lwGQIdrCKuCuWbezKIJPkfTcUIT88BXe9xub6iva5EqiZSVExWHcPUv8AQN9KvKWyPnw98dnCdm-pDNBvOyQT_xCQA9JHcLUXa-LR4rF73neP/s200/Viva+026+%5B640x480%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMrpixpYNF16zQAypOCf0MMC8EBNzFFZDRY90v1bhOL4tH-J0419uevJMWBOcINMlQA75rSO8UXiHx7frp5pRmkZ7WqHof0UxhEK-QwkTIcCCe58h8Dg6ZO9GdpCahDbleIm3R/s200/Viva+027+%5B640x480%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLcbS9yoDccNwPjM_7aWi7Qe8lwGQIdrCKuCuWbezKIJPkfTcUIT88BXe9xub6iva5EqiZSVExWHcPUv8AQN9KvKWyPnw98dnCdm-pDNBvOyQT_xCQA9JHcLUXa-LR4rF73neP/s200/Viva+026+%5B640x480%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEPhR4AciTOpiR03cvZ361Z1dBtTKMNvpe0L00LDdrMwsogtVxP8V9Z5Q72kijA_IycH2lEiHW4nYdwGJdxifRep8wh56s4zNtzMoIyGEQZMLClv8_PSEp_lmYpXhU1R6s5dPl/s400/Viva+035+%5B640x480%5D.jpg)
Constructor, El Lissitzky, 1924
A sua imagem é inserida num contexto de objectos que completam a sua identidade. A sua figura emerge de um fundo de papel milimétrico, utilizado por arquitectos e engenheiros. O compasso que sai do seu olho, segurado pela sua mão, simboliza o estatuto do artista como arquitecto, cuja criação racional da forma resulta numa organização do espaço. Utilizado frequentemente em outras obras suas, o compasso representa a consciência criativa de Lissitzky. As letras XYZ desenhadas com escantilhão, são o timbre do seu papel de carta. Construtor, é símbolo da combinação da criatividade do intelecto humano com a tecnologia moderna. Largamente reproduzido em revistas e livros, tornou-se num ícone de arte dos anos vinte.
E Sardo refere-se então à célebre Vkhutemas em Moscovo (Oficinas Superiores Estatais das Artes e das Técnicas), onde no início da década de 1920, Lissitzky e Rodchenko são as figuras de proa que aí leccionam. Pela atmosfera interdisciplinar o instituto é comparável à Bauhaus alemã.
É
mais fácil exemplificar mostrando fotografias :
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGuPYeFcWdFGFHDtPlkm5TS2gSoGq1w-627_gyWt0RVIsR4CCsPN5lQHFIZikQpohaHSBiXdQIJWBZHDhLsdFJbVNuzFcH06chzcXQuxWw9ARZkLq936z6pRviBEZooqUT5QvV/s200/Lucia,+Ascona+1926.gif)
A sua imagem é inserida num contexto de objectos que completam a sua identidade. A sua figura emerge de um fundo de papel milimétrico, utilizado por arquitectos e engenheiros. O compasso que sai do seu olho, segurado pela sua mão, simboliza o estatuto do artista como arquitecto, cuja criação racional da forma resulta numa organização do espaço. Utilizado frequentemente em outras obras suas, o compasso representa a consciência criativa de Lissitzky. As letras XYZ desenhadas com escantilhão, são o timbre do seu papel de carta. Construtor, é símbolo da combinação da criatividade do intelecto humano com a tecnologia moderna. Largamente reproduzido em revistas e livros, tornou-se num ícone de arte dos anos vinte.
E Sardo refere-se então à célebre Vkhutemas em Moscovo (Oficinas Superiores Estatais das Artes e das Técnicas), onde no início da década de 1920, Lissitzky e Rodchenko são as figuras de proa que aí leccionam. Pela atmosfera interdisciplinar o instituto é comparável à Bauhaus alemã.
É
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNCHQ9s2JALtROxuQs-w3R8hUI1_fyidTc7SzEAndeP1Rl_nzj7suizMShx3MEt-BR_cVdJWpWRVYPVxmhepCBvG7k7Yr0YG3PChpzXCxSrA_BnLPlYFHLuiA-FoJg16ZEWiwA/s200/Viva+020+%5B640x480%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGuPYeFcWdFGFHDtPlkm5TS2gSoGq1w-627_gyWt0RVIsR4CCsPN5lQHFIZikQpohaHSBiXdQIJWBZHDhLsdFJbVNuzFcH06chzcXQuxWw9ARZkLq936z6pRviBEZooqUT5QvV/s200/Lucia,+Ascona+1926.gif)
Ascona, Moholy-Nagy,1926
Edição da manhã,Alexander Rodchenko,1928
Dessau, Bauhaus,Moholy-Nagy,1926-28
Traseiras da VChUTEMAS,Alexander Rodchenko,1928
Moholy-Nagy,1926
Alexander Rodchenko, Girl with Leica, 1934
Ao contrário de Man Ray, os fotogramas de Moholy e Lissitzky exploram a materialidade e a ima
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirvzePbB7NDnTyuzYkPAbpJhT8bWFZjd-9IsfB6zJ-criK4l3MRAYhOdJPxaT6qW0SVM0IqBBlZLOOlitdC-YRuFdKdJyyWaq8KZcPOd6NU3k-x3LM9tBkPaA-iggeBbVmG1vN/s200/Viva+036+%5B640x480%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgSw6n7kNL1chQqHGakAhQssoFCC4oN3WTllLl1KaOUC50P43gcIipZzbpRShRuy3vWA9z6MHGT-EKZJyQlpijr7ghWp15vbX5y6u1wigdSUJd_0srNTxIhF-YCErkEPgl4Vl2/s200/Viva+025+%5B640x480%5D.jpg)
Untitled, 1930,Moholy-Nagy, Fotograma
Ambos, Rodchenko e Lissitzky tinham viajado por Berlim e Paris e ambos abandonam a pintura, os objectos criados para contemplação estética são banidos e progressivamente ocupam-se da fotografia. “A pintura desaparece com o velho mundo onde tinha uma existência própria. O novo mundo não terá necessidade de pequenas pinturas. Se precisar de um espelho, encontra-lo-à na fotografia e no cinema” escreverá Lissitzky. Para ambos a pintura era um luxo e estava a ser aniquilada pela folha impressa, muito mais utilitária na sua função de informar a transformação social que se operava no país. Com a inauguração do plano quinquenal de Estaline, em 1928, Rodchenko e Lissitzky conjugam arte e política e as suas aptidões criativas são postas ao serviço de propaganda do novo Estado Soviético. A fotomontagem, elaborada a partir de fotografias e considerada como representação da realidade, seria a resposta às necessidades da época. A revista URSS em construção, criada em 1930, destinada a uma distribuição em massa, divulgava os avanços do plano quinquenal. O povo era sorridente e vivia feliz com as obras em curso.![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-ozyTY_TPvmsvFz4Mue3sYiZ7VDpJwvZxXLhyphenhyphen5FxJDJsnt5ih22tfX_kwYR-TArZrhNk6MBcQ_8bwIV3cksdvTOK7vFDF2Co1Gsx3rkcYs5X2Rtfkamo7CER_exQ50DhF_QEK/s400/Viva+016+%5B640x480%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzf-Fhm0vE6CCzJrpqCq2PYAZ4PnxhjuKX1nmdeyTVoItvn04OKSn-iHa70bEemyhcEhCxdgmlX_1frJ0_sTewqBMhBdzNsDSXbH77M7uvybjC9zo7KfY1JoXWOqWFV5jMTraK/s400/Viva+031+%5B640x480%5D.jpg)
Por outro lado o novo Estado Soviético, promovia-se não só internamente como internacionalmente através de ambiciosos planos de grandes exposições. O pavilhão soviético na “Pressa”, exibida em 1928 em Colónia, teve como designer principal Lissitzky.![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUtedksrh_V1HgABUk5dNvAGGcuS58-aAFOLx367J0KfagpbDv0mNVXdvEf1F5MLTHBOgVvrWenTUXQxd37MsW55pEWg3EcknZ35Ode06dPI8IuEHXlPuen6rCc5T2ND-fSb_P/s320/Viva+028+%5B640x480%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVbTpBhU0T1oyliL0z9GEsGv7O2C5aekom0j3WbnoklEaSjNU4PeejQ3Am1za90Hpxs8TtaqnLsdzut8S4yGklHyRPQ5NLDeWxgwBrj1MH9WBc7x7BdegtrXHDmWW8p0LGWQm7/s400/Viva+034+%5B640x480%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_pMvK1EJoCPMMYnm5lZEoNoPUnmFQvRGxcEETxnRoDfV7owgqNLtwCpM7c18A9xgOR_qcDA3PoSKXJAcRThtzYsPFf9yHCZ-9GmqbsMsHPdt2Q4q8J3eKmY7XRpP-vYGBz837/s400/Viva+033+%5B640x480%5D.jpg)
E da monumentalidade das vanguardas russas, Sardo, passa para o conceito de “Monuments” de Robert Smithson. Régis Durand, diz-nos Sardo, no seu livro Le Temps de l’image, faz uma análise do que são os “novos monumentos” do nosso tempo. Para Smithson a fotografia transforma o mundo em museu, em cartografia, ela, a fotografia, transforma o site em non-site, e nós não lhe conseguimos escapar. Sardo projecta então a
fotografia de Smithson, que regista com uma Instamatic 400 quando faz uma viagem a Passaic subúrbio de New Jersey, onde nasceu.
“A Guide to the monuments of Passaic” ficará á espera de um novo estímulo.
Untitled, 1927 ,El Lissitzky, Fotograma
O clima de criação que se vivia em ambas as escolas estão em perfeito acordo.
A semelhança entre Rodchenko e Moholy-Nagy tornou-se explícita, quando em 1928 as fotografias de Rodchenko foram reproduzidas na Sovetskoe foto (Fotografia Soviética), ao lado de Moholy e Renger- Patzsch e acusava Rodchenko de plágio. Lendo documentos da época o problema do plágio era na época fruto de muitas discórdias, o que não deixa de ser um paradoxo num país que se queria comunitário. Aleksei Gan, edita em 1926, um semanário Kino-Fot, (Cinema e Fotografia). No 2º número de Kino-Fot, Stepanova, mulher de Rodchenko, defende-o do plágio de que tinha sido alvo. As fotografias são acompanhadas pelo artigo de Ossip Brik “O que o olho não vê”
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXaHSpYvd765-xMrlzRQDiwbO2Sm4MaUaZmVjFARc7Go3tVwpH7thLwi9Mef8Gycu0o3DjFZg8RRdfWEYGMmgANhJQNTLIo1qoqdHK-SL6q7OLZvbehHXwovTp-bUcuj_6BNql/s400/Viva+014+%5B640x480%5D.jpg)
A semelhança entre Rodchenko e Moholy-Nagy tornou-se explícita, quando em 1928 as fotografias de Rodchenko foram reproduzidas na Sovetskoe foto (Fotografia Soviética), ao lado de Moholy e Renger- Patzsch e acusava Rodchenko de plágio. Lendo documentos da época o problema do plágio era na época fruto de muitas discórdias, o que não deixa de ser um paradoxo num país que se queria comunitário. Aleksei Gan, edita em 1926, um semanário Kino-Fot, (Cinema e Fotografia). No 2º número de Kino-Fot, Stepanova, mulher de Rodchenko, defende-o do plágio de que tinha sido alvo. As fotografias são acompanhadas pelo artigo de Ossip Brik “O que o olho não vê”
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXaHSpYvd765-xMrlzRQDiwbO2Sm4MaUaZmVjFARc7Go3tVwpH7thLwi9Mef8Gycu0o3DjFZg8RRdfWEYGMmgANhJQNTLIo1qoqdHK-SL6q7OLZvbehHXwovTp-bUcuj_6BNql/s400/Viva+014+%5B640x480%5D.jpg)
Nº2 de Kino-Fot, fotografias de Rodchenko
Ambos, Rodchenko e Lissitzky tinham viajado por Berlim e Paris e ambos abandonam a pintura, os objectos criados para contemplação estética são banidos e progressivamente ocupam-se da fotografia. “A pintura desaparece com o velho mundo onde tinha uma existência própria. O novo mundo não terá necessidade de pequenas pinturas. Se precisar de um espelho, encontra-lo-à na fotografia e no cinema” escreverá Lissitzky. Para ambos a pintura era um luxo e estava a ser aniquilada pela folha impressa, muito mais utilitária na sua função de informar a transformação social que se operava no país. Com a inauguração do plano quinquenal de Estaline, em 1928, Rodchenko e Lissitzky conjugam arte e política e as suas aptidões criativas são postas ao serviço de propaganda do novo Estado Soviético. A fotomontagem, elaborada a partir de fotografias e considerada como representação da realidade, seria a resposta às necessidades da época. A revista URSS em construção, criada em 1930, destinada a uma distribuição em massa, divulgava os avanços do plano quinquenal. O povo era sorridente e vivia feliz com as obras em curso.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-ozyTY_TPvmsvFz4Mue3sYiZ7VDpJwvZxXLhyphenhyphen5FxJDJsnt5ih22tfX_kwYR-TArZrhNk6MBcQ_8bwIV3cksdvTOK7vFDF2Co1Gsx3rkcYs5X2Rtfkamo7CER_exQ50DhF_QEK/s400/Viva+016+%5B640x480%5D.jpg)
URSS em Construção, 1933,fotografias de Rodchenko na construção do canal no mar Báltico
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzf-Fhm0vE6CCzJrpqCq2PYAZ4PnxhjuKX1nmdeyTVoItvn04OKSn-iHa70bEemyhcEhCxdgmlX_1frJ0_sTewqBMhBdzNsDSXbH77M7uvybjC9zo7KfY1JoXWOqWFV5jMTraK/s400/Viva+031+%5B640x480%5D.jpg)
URSS em Construção, 1940, design El Lissitzky
Por outro lado o novo Estado Soviético, promovia-se não só internamente como internacionalmente através de ambiciosos planos de grandes exposições. O pavilhão soviético na “Pressa”, exibida em 1928 em Colónia, teve como designer principal Lissitzky.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUtedksrh_V1HgABUk5dNvAGGcuS58-aAFOLx367J0KfagpbDv0mNVXdvEf1F5MLTHBOgVvrWenTUXQxd37MsW55pEWg3EcknZ35Ode06dPI8IuEHXlPuen6rCc5T2ND-fSb_P/s320/Viva+028+%5B640x480%5D.jpg)
Catálogo desdobrável da exposição Pressa, design de Lissitzky
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVbTpBhU0T1oyliL0z9GEsGv7O2C5aekom0j3WbnoklEaSjNU4PeejQ3Am1za90Hpxs8TtaqnLsdzut8S4yGklHyRPQ5NLDeWxgwBrj1MH9WBc7x7BdegtrXHDmWW8p0LGWQm7/s400/Viva+034+%5B640x480%5D.jpg)
Montagem da exposição Pressa em Colónia, fotografo anónimo
Embora hoje o projecto seja associado só ao nome de Lissitzky, um grupo de fotógrafos como, Sergei Senkin, Gustave Klutsis...tiveram muito envolvidos. ![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQDPzPZZWNA4CdFYzlns66y_EhBC3j80hjU5D4zOx0IMpdrP0azq6b72rrFap8a4-aF6SS6kvz2-CahptxVPHXHVrNtTLYb4g-1FSuJoAclFst8cTJRe96iHzJSUpIAkcTKnSs/s200/Viva+018+%5B640x480%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSpWYpC5ZsZr99g6coMCUQXG2B4CwD8L9BEiw5S7fEAMJADsSKhP3waoGQj2ou1Nq9C1ZAKRzOcXdHzcVAFTmgK-0SCY57hQxN9iarzO85krw7ukhVwPNuLXJ3Q_m29NOM3-ue/s200/Viva+017+%5B640x480%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQDPzPZZWNA4CdFYzlns66y_EhBC3j80hjU5D4zOx0IMpdrP0azq6b72rrFap8a4-aF6SS6kvz2-CahptxVPHXHVrNtTLYb4g-1FSuJoAclFst8cTJRe96iHzJSUpIAkcTKnSs/s200/Viva+018+%5B640x480%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSpWYpC5ZsZr99g6coMCUQXG2B4CwD8L9BEiw5S7fEAMJADsSKhP3waoGQj2ou1Nq9C1ZAKRzOcXdHzcVAFTmgK-0SCY57hQxN9iarzO85krw7ukhVwPNuLXJ3Q_m29NOM3-ue/s200/Viva+017+%5B640x480%5D.jpg)
Serguei Senkine, Fábrica,1931
Gustave Klucis, La Spartakiade d' URSS, 1928
O projecto foi um sucesso. Com “Pressa”, Margarita Tupitsyn uma especialista em história de arte russa, refere que a segunda vanguarda soviética surge com o aparecimento de um novo instrumento, o filme. Filme, fotografia e fotomontagem seriam os suportes das vanguardas soviéticas. Com base numa observação de Ossip Brik “a base da cinematografia era a fotografia”, Lissitzky, em “Pressa” apresenta um design de simbiose entre filme e fotografia. Igualmente na célebre exposição FiFo (Filme e Fotografia) realizada em Stuttgart em 1929, a mostra soviética foi a única que conseguiu estabelecer uma estreita relação entre cinema e fotografia. Em estruturas abertas, como vemos na imagem,
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_pMvK1EJoCPMMYnm5lZEoNoPUnmFQvRGxcEETxnRoDfV7owgqNLtwCpM7c18A9xgOR_qcDA3PoSKXJAcRThtzYsPFf9yHCZ-9GmqbsMsHPdt2Q4q8J3eKmY7XRpP-vYGBz837/s400/Viva+033+%5B640x480%5D.jpg)
Exposição FiFo, Stuttgart, 1929, pavilhão russo
estavam montadas de forma solta fotogramas de filmes de Vertov e de Eisenstein. Malevitch referir-se-à nestes termos aos filmes de Vertov “mostram o objecto enquanto tal e forçam a sociedade a ver os objectos sem qualquer maquilhagem, reais, autênticos e independentes do mundo idealizado...Esses objectos apresentam uma imagem muito mais poderosa e interessante que todas as faces em pinturas e os seus conteúdos.”
O impacto da monumentalidade das fotografias nestas exposições influenciaram a Itália de Mussolini, a Alemanha de Hitler e nos Estados Unidos, no MoMA, quando o país entrou na 2ª guerra mundial, referiu-nos Sardo, ilustrando algumas delas como esta que aqui reproduzimos.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEis8K91Eg2k2X-tQExOcaJrtIEA3AALwyMU1ygMYFtXcIEYLvu4Th2EacOpy_s0ORaCBrDka4GgjnJYVDUQIO7oAJYTo-c1-Qfkjqg8uB49CTUlTGILTitL469bGROvWUQrzxHE/s400/Viva+032+%5B640x480%5D.jpg)
O impacto da monumentalidade das fotografias nestas exposições influenciaram a Itália de Mussolini, a Alemanha de Hitler e nos Estados Unidos, no MoMA, quando o país entrou na 2ª guerra mundial, referiu-nos Sardo, ilustrando algumas delas como esta que aqui reproduzimos.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEis8K91Eg2k2X-tQExOcaJrtIEA3AALwyMU1ygMYFtXcIEYLvu4Th2EacOpy_s0ORaCBrDka4GgjnJYVDUQIO7oAJYTo-c1-Qfkjqg8uB49CTUlTGILTitL469bGROvWUQrzxHE/s400/Viva+032+%5B640x480%5D.jpg)
Átrio de entrada de exposição Die Kamera, Berlim, 1933
E da monumentalidade das vanguardas russas, Sardo, passa para o conceito de “Monuments” de Robert Smithson. Régis Durand, diz-nos Sardo, no seu livro Le Temps de l’image, faz uma análise do que são os “novos monumentos” do nosso tempo. Para Smithson a fotografia transforma o mundo em museu, em cartografia, ela, a fotografia, transforma o site em non-site, e nós não lhe conseguimos escapar. Sardo projecta então a
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKsWzzzhICc4nGZblvp7F8HUAE5dD2UyZbbkLNxiEAUoSRUHNShiAj9vJNbSUknBihMMi_XEpQujZuLkwT6roT3cwslms8oDfT5xrzO4JRr1Ie-hAJxdH96PC1npgofm3-EjD7/s400/Robert+Smithson,+The+Bridge+Monument.jpg)
“A Guide to the monuments of Passaic” ficará á espera de um novo estímulo.
3 comentários:
olá! só uma sugestão de carácter formal para facilitar a visualização do site: restringir o número de posts a ver por página...
este artigo esta muito bom, e ajudou-me num trabalho sobre fotografia. parabens. :)
O Professor Delfim Sardo é meu professor na Fac. de Belas Artes de Lisboa. Amanhã tenho um exame com ele, lol vou estudar por aqui...tem mais informação!
Enviar um comentário