Cidades Efémeras (2001) de Sergio Belichón (n.1971) está em exposição até ao final desta semana na galeria Fernando Santos em Lisboa.
A série, uma cidade espanhola na Costa do Levante, construída exclusivamente para fins turísticos é uma cidade efémera. Só três meses no ano, os meses de verão, é que a cidade tem vida, nos restantes converte-se numa cidade fantasma. As fotografias da série Cidades Efémeras, são tiradas quando a cidade se transforma em fantasma. Belichón, um espanhol que trabalha em Berlim, gosta de fotografar os espaços urbanos, em que a presença humana é-nos dada únicamente pelos seus vestígios. São fotografias da terra de ninguém, como apelidou o sociólogo françês Marc Augé, a estes espaços, que nem são cidades nem campo.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1yBew2xhR9dpuCWBgScpsyFz3ycysSGNqcv71Di5iobXbvMdiLM9A1ECfl4yypeed3jSWXRK3Ni__kFSdbJOzkaSVJnozmnWURW-qUuWb4NC1UL9abXbltTL0_8f7bEvwCDwA/s400/SBN11334-70x100cm.jpg)
Cidades Efémeras, Sergio Belinchón
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu7bK0sz2gKtjMTtcdlu0wSFph-rQkYcdS21nzTlUE29Z-sLbL_8IcIEJrTDWeSwTTEuqGwhWUQfNkGvt6YeSYff6wXMR-FY5UP15W-ZOsrM7i9Ba30m_zm5bqvLW_Utno67Mr/s400/SBN11404-100x140cm.jpg)
Cidades Efémeras, Sergio Belichón
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmERaThvzrcM-66t9rB0xYyEjuQI057RvZ2QVpvp0jnr0Fqc_c3hRJllVRZupuzo8V9uZ5ldakzl7zQVGSGl2ARX7_Mbv9PZe6e80q9x3_b8wQfH5jqPjGDqjk9FsJrJFXRytI/s400/SBN11421-70x100cm.jpg)
Cidades Efémeras, Sergio Belichón
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS19pE_l3An_tfn2_N8twZ2SXNe9tuPL_FXcAks8VP4N709KXTQZpDtgMuuBryQ9iEtnMbPzoOy8uPqmv25VArfdaiY3ozouoZkhQYjXmDdFC2BvZ57JM_Kup3-UCPRobv7PVG/s400/SBN11546-70x100cm.jpg)
Cidades Efémeras, Sergio Belichón
Arredores de Berlim é uma das suas séries mais recentes (2004).
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidxXXfLXSjodkt4KVvV6ZcrJSPUh6Dmzwpp1S9Pm9Dxg-udDlYgE46csXLKuJm0fVWPtq1eg0GLIIAl35Vd_tsxAjVnPx3_m_3syTfkOnCOaj54nF6tTUC_T6XqqrDBVb0RIv4/s400/Viva+004+%5B640x480%5D.jpg)
Sem Título, Sergio Belichón, 2004
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRmAbJZVarmtZaacOVlvyONISjuOdLGfO7V2Ua7etwgx3Dugpwiq8MU__VgTFWTRJHbgeBvSIUQMPvHJTuDp7IsYDULNVoi0s1er8Pg24BAlNvvwzBrIf9Ff2vJsh3Ck_r36hn/s400/Viva+005+%5B640x480%5D.jpg)
Sem Título, Sergio Belichón, 2004
Na década de 1970, a fotografia americana centrou-se, nesta terra de ninguém, os subúrbios das grandes cidades. Os fotógrafos olham em volta e não gostam do que vêem. “New Topographics: Photographs of a Man-Altered Environment”, que o museu da George Eastment House organiza em 1975, é a exposição seminal desta geração. Lewis Baltz, Robert Adams, Nicholas Nixon... todos americanos, da Europa só Bernd e Hilla Becher.
Subúrbios transformados em lixeiras, poluição do ambiente, casas standardizadas, todas iguais de construção rápida. É preciso mostrar a degradação rápida da natureza. É a geração das fotografias em série e do olhar que se quer neutro, o que é importante é o tema, não é a fotografia em si nem a expressão do fotógrafo.
Em meados dos anos 1980, Lewis Baltz testemunha os espaços violados e espoliados de dois subúrbios de São Francisco, San Quentin Point, logo à saída da Golden Gate Bridge,
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMBFx3Unpto4r4dD7Y-R0dpNnAxhpr_1X2jwvgM1aD1OGIObjwOHsnZUC5b_c2CBnmqgJ_eVfMfGmqnKo-mVkJrirVsF91D4AG0LAlWTCFuvrqbOcgknlk0VHPhj7nsdX-NlMr/s400/Viva+007+%5B640x480%5D.jpg)
e Candlestick Point, na zona sul do Bronx, Nesta última série, a cor mistura-se com o preto e branco na perfeição. É o subúrbio sem cor.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimdFt3TGlCo91F3dwlOUzNwdF9qqUo3CTUo2CGB6qSwEO222UEhjZxs4_wBNt01SeHHxiPC-uil4E03OqHM0FWRjSkqSUxXAxQE9mtICmEjLoDQ1z1gxE212d7S-KYoaW4SqS0/s400/Viva+006+%5B640x480%5D.jpg)
Mas já antes, Homes for America editado na revista Arts Magazine em Dezembro 1966-
Janeiro 1967, é uma reflexão de Dan Graham sobre a construção standardizada das “track houses” que surgiram no pós-guerra na América.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiE06Ewmhlq28Fnyk6Be1oPK5kwx3APQSZ8PFkOuVD9UpG7h2RJ_xGoM0CuR2Ad9K5bXXIf5GcyfO9bvgBioZDl0frm52nwJuKkuukR87lupIEhy4pMqur_MozA7ExusaTpWQ3/s400/Viva+015+%5B640x480%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKCMV4TDb9NIbrk6PvWnKPpOTXfJKw9P3TTsUP5NEqRXc6PZuPtcWbFc9LUUlLsW5r_rs2dPz4KcUcdPyTZK1jPv076KPiKk8CAPa0oeFE_y8ooh8lmGtmI20GfS5xijeYipxk/s400/Viva+008+%5B640x480%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRCXI-Dj8GsrjBxijY6mwU22NM-tw38Uh_ANretB2vKZOmM2XvmLiShKWVeZk7KG1GIeJyLpDTb4bSmiZj5mo_De1aeKhkxuz43lelCW1HoflWtmFLdAY91dn8hgASawf_FeCE/s400/Viva+009+%5B640x480%5D.jpg)
Independentemente da zona geográfica, como se lê no texto de Homes for America, as casas dos subúrbios são standardizadas.
Numa viagem de regresso a New Jersey, vi muitas coisas que queria fotografar, diz Graham numa entrevista anos mais tarde. Como não tinha dinheiro para fazer arte, caminhava ao longo da via férrea e tirava fotografias de áreas suburbanas. Nelas, interessaram-me coisas que também na arte minimal consideravamos importantes, a transparência e a serialidade. As fotografias foram projectadas em slides.
A Arts Magazine pediu-me então para as publicar, e eu achei interessante juntar um texto.
Este trabalho de Graham, um dos seus primeiros, é um ensaio em fototexto, que a crítica não soube classificar. Não é arte nem tão pouco um artigo de revista. Série de 34 páginas, onde cada uma tem 3 colunas de formato idêntico, é um misto de brochura e inquérito sociológico. Nos subúrbios de Cape Coral, o comprador, lemos no texto, pode escolher entre oito modelos de casas A The Sonata B The Concerto C The Ouverture...e pode também escolher oito cores para a pintura do exterior. O texto mostrava combinações do mesmo modo que as fotografias.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCpQ9sx2Vr3gcGn9lzF6xkvwzrLROSe8hPPyqpiGJ3ogbF9ndj2mwclrcpy8T2WPmhL77vgR4HK05-QSBuwLCsXGeE4zQJetKMoyeZr_J2PdwyLKLX7acDieL0Jo8Lifr-Hi30/s400/Viva+010+%5B640x480%5D.jpg)
A subjectividade de quem escolhe acaba numa produção em série. Graham põe em relevo a crise do modernismo, em que o sentimento individual não se coaduna com o modelo de vida doméstica contemporânea imposto pela industrialização.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNtCFvL0tbvIlJPuG8dJ2HFxOVfKT7DQ4HQdDLHQM_hB6wTIhow3opzoPRE8vQbBSxB8zA2VQypSCuyXCmUMdcsgg-lDQymYd9gUDEi1dTK8m9uTl89ccaMmZbCK3thWLPJ96_/s400/Viva+012+%5B640x480%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi90GoBhCvvFSHqhJW61rt9N26zBzY1EIDjTvm58tPYQ8C898_UqgGyQd8gyNO-qc-ioKgRTwd04IeC5alvITaXjsKREiFAUBjSHGqN0f4mDuvxUvpIVuUokh4qje1QP5B7F-rY/s400/Viva+013+%5B640x480%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOCLWWwPdnpVRXuDj_TWdLacz1CAKsH_3Q6Z5VtK2jqA0eNUYuvHfEYo0LLhjbBIxbi_0vWuZLGzmU2nUmDwnRDnOlTnc3lZfXYeCqvmSk2sKXKNJihZhJHHV_ABwIaBy9h9iN/s400/Viva+014+%5B640x480%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghI7KGM3Hu2xqFjuYNkEnv68HfX62noC6AKc-HacGQBoXo_ig90pHqi559OKPR3pA5rKmV2-2BpoSeb8VCbudKqSteLe9_X_ae_yb8Ymr-mzO6fKiOGNvkQ_K-foHBVMvT1zhl/s400/Viva+016+%5B640x480%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjziA1aAjqaeMJwY82IxGmaEF3_ugDs7BBgCnWqhAuFL42UQKOl-mXDqQVQHP0FaHiXMO7ZdQb_BO6nUiZ5Ur-hGJax1tz6aCEy-WQUPx1SZ2lb2PP-qo8Qj4S1t22P_6gkDSNd/s400/Viva+011+%5B640x480%5D.jpg)
Opening of a New Highway Restaurant, Jersey City, N.J, Homes for America,D.Graham 1967
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYI3IfgoNc77d83Um5tyDL94U8etUMlyZjgeMKAA9IGvL2ZBgU6_9eddhosz4Mup2Q0VFJWprnAg1ZxexAX1vNE4_tkWiHX7h7ZybcPD_jz9nQ8x0qyHs33EExI4aXluYM71NZ/s400/Viva+017+%5B640x480%5D.jpg)
Se na década de 1970, o campo de acção prioritário foi o registo da transformação da paisagem urbana, hoje o campo de acção da fotografia americana alargou-se ao meio ambiente. “Ecotopia” uma exposição que terminou no mês passado no International Center of Photography, em Nova Iorque é um exemplo.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiLv37GSlcpcBtnLeVnfTnkUcaLG0BZlZJVYa3O94yxojFxD6S-9eeYGZeaH4_50D47D4Bh3ED0OkGDyg9fkts_Enlbf8fxKUDFdTLFWkglZayuUipoRgnKDM8guAf-Qp44Moe/s400/Robert+Adams+2001Clatsop+County+%5B640x480%5D.jpg)
Clatsop County, Robert Adams, 2001
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFksxQfARrzZQXmdyoYxNrJyUl-GU3tc6l6CdUIzqZQ6eaNw3xvi5M66sVMVJWKSLZ0UyTvLIshiIIkdYXKDI_7-vDR4e2RklSPi_eCourxYMGu4k8HkHgkinvXVPEVM9opUL0/s400/epstein_popup1+%5B640x480%5D.jpg)
Amos Power Plant, Raymond, West Verginia, Mitch Epstein, 2004
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNDxC5JP_kitk2dnodcagOmWv0xAzkVGj1IZiDX8G6smG1PtOoqrI3W5yfA7f2sScYQMC9MhbNkaR6yrQTllH51fOl3mTnKaxBR9HvTq5Z69efpfEAbDe_V45yKq_kUUjN9BSZ/s400/epstein_popup2+%5B640x480%5D.jpg)
Biloxi, Mississipi, Mitch Epstein, 2005
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlNKCLsaKPnLBeieNqzkkfnpSsvWt2LCeoWpOJBpLKmNn_oqLmckrIsnvxEEWYIz7A9ArAeulJGDKJtEzS-fOHOWfUV5tq76Vs6DuNsnfnGcfZuZYL4L8eLhJcVxLpsIa1crwz/s400/maisel_popup3+%5B640x480%5D.jpg)
Surveillance 983-9, Daivid Maisel, 2005
A preocupação centra-se nos efeitos globais da poluição. A fotografia americana não consegue escapar às condições do enquadramento da época respectiva. Na Europa, os lugares de ninguém, continuam tema prioritário.
Sem comentários:
Enviar um comentário