A série, uma cidade espanhola na Costa do Levante, construída exclusivamente para fins turísticos é uma cidade efémera. Só três meses no ano, os meses de verão, é que a cidade tem vida, nos restantes converte-se numa cidade fantasma. As fotografias da série Cidades Efémeras, são tiradas quando a cidade se transforma em fantasma. Belichón, um espanhol que trabalha em Berlim, gosta de fotografar os espaços urbanos, em que a presença humana é-nos dada únicamente pelos seus vestígios. São fotografias da terra de ninguém, como apelidou o sociólogo françês Marc Augé, a estes espaços, que nem são cidades nem campo.
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Cidades Efémeras, Sergio Belinchón
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Cidades Efémeras, Sergio Belichón
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Cidades Efémeras, Sergio Belichón
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Cidades Efémeras, Sergio Belichón
Arredores de Berlim é uma das suas séries mais recentes (2004).
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Sem Título, Sergio Belichón, 2004
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Sem Título, Sergio Belichón, 2004
Na década de 1970, a fotografia americana centrou-se, nesta terra de ninguém, os subúrbios das grandes cidades. Os fotógrafos olham em volta e não gostam do que vêem. “New Topographics: Photographs of a Man-Altered Environment”, que o museu da George Eastment House organiza em 1975, é a exposição seminal desta geração. Lewis Baltz, Robert Adams, Nicholas Nixon... todos americanos, da Europa só Bernd e Hilla Becher.
Subúrbios transformados em lixeiras, poluição do ambiente, casas standardizadas, todas iguais de construção rápida. É preciso mostrar a degradação rápida da natureza. É a geração das fotografias em série e do olhar que se quer neutro, o que é importante é o tema, não é a fotografia em si nem a expressão do fotógrafo.
Em meados dos anos 1980, Lewis Baltz testemunha os espaços violados e espoliados de dois subúrbios de São Francisco, San Quentin Point, logo à saída da Golden Gate Bridge,
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e Candlestick Point, na zona sul do Bronx, Nesta última série, a cor mistura-se com o preto e branco na perfeição. É o subúrbio sem cor.
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Mas já antes, Homes for America editado na revista Arts Magazine em Dezembro 1966-
Janeiro 1967, é uma reflexão de Dan Graham sobre a construção standardizada das “track houses” que surgiram no pós-guerra na América.
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Independentemente da zona geográfica, como se lê no texto de Homes for America, as casas dos subúrbios são standardizadas.
Numa viagem de regresso a New Jersey, vi muitas coisas que queria fotografar, diz Graham numa entrevista anos mais tarde. Como não tinha dinheiro para fazer arte, caminhava ao longo da via férrea e tirava fotografias de áreas suburbanas. Nelas, interessaram-me coisas que também na arte minimal consideravamos importantes, a transparência e a serialidade. As fotografias foram projectadas em slides.
A Arts Magazine pediu-me então para as publicar, e eu achei interessante juntar um texto.
Este trabalho de Graham, um dos seus primeiros, é um ensaio em fototexto, que a crítica não soube classificar. Não é arte nem tão pouco um artigo de revista. Série de 34 páginas, onde cada uma tem 3 colunas de formato idêntico, é um misto de brochura e inquérito sociológico. Nos subúrbios de Cape Coral, o comprador, lemos no texto, pode escolher entre oito modelos de casas A The Sonata B The Concerto C The Ouverture...e pode também escolher oito cores para a pintura do exterior. O texto mostrava combinações do mesmo modo que as fotografias.
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A subjectividade de quem escolhe acaba numa produção em série. Graham põe em relevo a crise do modernismo, em que o sentimento individual não se coaduna com o modelo de vida doméstica contemporânea imposto pela industrialização.
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Opening of a New Highway Restaurant, Jersey City, N.J, Homes for America,D.Graham 1967
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Se na década de 1970, o campo de acção prioritário foi o registo da transformação da paisagem urbana, hoje o campo de acção da fotografia americana alargou-se ao meio ambiente. “Ecotopia” uma exposição que terminou no mês passado no International Center of Photography, em Nova Iorque é um exemplo.
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Clatsop County, Robert Adams, 2001
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Amos Power Plant, Raymond, West Verginia, Mitch Epstein, 2004
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Biloxi, Mississipi, Mitch Epstein, 2005
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Surveillance 983-9, Daivid Maisel, 2005
A preocupação centra-se nos efeitos globais da poluição. A fotografia americana não consegue escapar às condições do enquadramento da época respectiva. Na Europa, os lugares de ninguém, continuam tema prioritário.
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