Ontem, Domingo, numa reunião de emergência, e antes dos mercados asiáticos abrirem, Ben Bernanke, presidente da Reserva Federal norte americana, Fed, anunciou um corte de 25 pontos base, 3,5% para 3,25%, na taxa de desconto, taxa que a reserva Federal cobra nos empréstimos às instituições financeiras. A grande preocupação de Bernanke, prevenir a paralisia financeira.
O índice Hang Seng, do mercado de Hong Kong fechou a cair 5,18%
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Andreas Gursky, Hong Kong, Stock Exchange, 1994
e o Nikkei, em Tóquio caiu 3,17%.
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Andreas Gursky, Tokyo Stock Exchange, 1990
Alan Greenspan, ex-governador da Fed, e desde que saiu em 2006, já não fala em “federês”, publica hoje um artigo no “Financial Times”, onde diz que a crise financeira actual poderá ser considerada a mais grave desde a Segunda Guerra Mundial. Do Wall Street Journal à Bloomberg fotografias destas acompanhavam as notícias.
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Ontem também, o banco de investimento JP Morgan, anunciou a compra do banco de investimentos, Bear Stearns, por 236 milhões de dólares, o correspondente a 2$ dólares por acção, contra os 30,85$ dólares do fecho de sexta-feira, ou seja, cerca de menos 90% , e a Fed, irá também financiar a operação em 30 mil milhões de dólares. Em 1915, Paul Strand fotografava, o Banco de Morgan, o nº23 de Wall Street.
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Paul Strand, Wall Street, New York, 1915
Para alguns analistas a “Fed está atirar dólares pela janela”, pois já lá vai o tempo em que às descidas da taxa de intervenção da Fed correspondia o aumento de confiança dos mercados na economia americana. Nos últimos anos, a ciência económica tirando partido da disponibilidade de dados, do desenvolvimento dos computadores e da utilização de técnicas matemáticas cada vez mais sofisticadas tentou, de forma científica, obter resultados válidos para a condução da política económica e para a definição de estratégias de investimento financeiro. Hoje, verifica-se que esses modelos, aparentemente científicos, não funcionam, quando o crescimento económico assenta num consumo de endividamento alucinante.
Crescimento demográfico, taxas de juro baixas e uma economia sustentável eram as premissas para a construção de novas casas. Finda a Segunda Guerra Mundial, com o regresso dos soldados, regressa a normalidade das vidas interrompidas. Á volta das cidades crescem os chamados subúrbios,
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J.R. Eyerman, Life Pictures
era necessário alojar os baby boomers, e a construção tinha de ser rápida. Nada melhor que a inspiração dos “trucks” para a construção das novas casas
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Dan Graham, Trucks, New Jersey, 1966
e os subúrbios na América transformaram-se em casas standardizadas, todas iguais, variando só nalguns detalhes.
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Dan Graham, Row of new Tract Houses, N.J 1966
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Dan Graham, Row of new Tract Houses, N.J, 1966
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Dan Graham, Row of new Tract Houses, Bayonne, N.J, 1966
Mas nos últimos anos a América ignorou o crescimento demográfico a favor dos especuladores imobiliários e construiu novas casas como se vivesse um novo baby boom. O resultado são agora casas vazias, que mesmo a preços reduzidos ninguém consegue vender porque não há compradores, é o desespero de muitas famílias.
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Greenspan, no seu artigo de hoje diz que a crise só terá fim “quando o preço dos bens imobiliários estabilizar e, por inerência, os preços dos produtos financeiros ligados aos empréstimos hipotecários”, ou seja a crise está para durar.
Hoje de manhã as praças financeiras diziam viver mais uma “segunda-feira negra”, e dias destes lembram sempre a “sexta-feira negra” de 1929.
Migrant Mother de Dorothea Lange é a imagem símbolo desses anos de depressão.
Hoje de manhã as praças financeiras diziam viver mais uma “segunda-feira negra”, e dias destes lembram sempre a “sexta-feira negra” de 1929.
Migrant Mother de Dorothea Lange é a imagem símbolo desses anos de depressão.
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Dorothea Lange, Mãe Migrante, Califórnia, Março, 1936
Em Junho de 1979, Bill Ganzel reuniu a família e fotografou-a no jardim da casa de Norma, a que está à frente na fotografia.
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Bill Ganzel, Florence, Thompson e as filhas, Califórnia, Junho 1979
O “sonho americano” chegava a todos.
Hoje vivemos num mundo de exuberância especulativa e continuamos a não querer aprender com os erros do passado. Quem não se lembra, na era Reagan, da explosão de construção que levou depois à falência as caixas económicas e centenas de bancos de pequena e média dimensão? Os gigantes, como o Citibank e Chase Manhattan também não ficaram imunes e estiveram também em perigo. E a causa, não é a mesma da crise financeira actual, excesso de crédito especulativo concedido?
Quando voltará a ser prometido o “sonho americano” para os que agora perderam a suas casas?
Hoje vivemos num mundo de exuberância especulativa e continuamos a não querer aprender com os erros do passado. Quem não se lembra, na era Reagan, da explosão de construção que levou depois à falência as caixas económicas e centenas de bancos de pequena e média dimensão? Os gigantes, como o Citibank e Chase Manhattan também não ficaram imunes e estiveram também em perigo. E a causa, não é a mesma da crise financeira actual, excesso de crédito especulativo concedido?
Quando voltará a ser prometido o “sonho americano” para os que agora perderam a suas casas?
2 comentários:
Compram-se bancos por "two bucks".Parafraseando uma velha amiga nossa direi:Mana eu estou num sufoco!
Madame Rose
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