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Vicomte Aymard de Banville, c.1850
A América prepara-se para inundar o país com novas notas verdes. Para estimular o país, que agora se encontra em recessão, a equipa de Barack Obama vai lançar um plano no valor de 600 biliões de dólares. Há já elevadíssima dívida actual, os americanos vão aumentá-la ainda mais, e enquanto o dólar servir de moeda de reserva global, na América imprimem-se novas notas.
Finda a Primeira Guerra, o Império Britânico perdia a dianteira como potência mundial. Cheio de dívidas, bastavam os pagamentos dos juros para absorver metade do orçamento, o Império Britânico foi entregue - como disse um membro do Parlamento - à casa de penhores americana, e até hoje a América passou a dominar o mundo. Agora com uma dívida colossal, não estão os americanos a entregar-se à casa de penhores chinesa? No mundo de ontem, o colapso do dólar era impensável, no mundo de hoje tudo agora é possível...
Finda a Primeira Guerra, um outro Império, o otomano, um dos mais vastos, portentosos e duradouros da História, acabaria por se desmoronar em 1922 ao aliar-se à facção derrotada. Se o desaire da guerra 1914-18 explica o seu colapso final, durante o século XIX, os empréstimos à Europa, a quem os otomanos foram obrigados a recorrer para financiarem a guerra da Crimeia (1853-1856) contra à Rússia, é hoje apontado como a causa principal do seu desmoronamento. Inevitavelmente um empréstimo levou a outro, e em meados dos anos 1870, o Império otomano era incapaz de saldar a dívida aos seus credores europeus. Das negociações iniciadas em 1881, resultou a Administração da Dívida Pública Otomana. O sultão autorizava que um consórcio de credores estrangeiros supervisionasse grande parte da economia otomana e que os rendimentos do país fossem aplicados para saldar a dívida. A segurança da administração da dívida, gerida por europeus, acabou por atrair muitos outros investidores estrangeiros, que aplicaram o seu capital no sector portuário, ferroviário e público do Império, mas o preço a pagar foi elevado. O peso da dívida tornou-se incomportável, consumindo uma extraordinária fatia das receitas otomanas e o sultão viu a sua autoridade comprometida com o crescente controlo internacional - era o início do fim de um Império que durara mais de seiscentos anos.
O Império otomano, que nasceu por volta de 1300 na região ocidental da Ásia Menor, não muito longe da actual cidade de Istambul,
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Abdullah Frères, Constantinopla, Ponte Sérail, c. 1870-80
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Abdullah Frères, Constantinopla, Mesquita d'Ortakeni, c. 1870-80
acabou ao longo dos séculos por ocupar toda a região do mediterrâneo Oriental derrotando os reinos de Bizâncio, Sérvia, Bulgária, os principados da Anatólia e o sultanato mameluco do Egipto. No século XIX, quando a voga do “Grand Tour” pelo Oriente coincidia com a descoberta da fotografia, o Império perdera já grande parte da sua riqueza e supremacia.
«Au siècle de Louis XIV, on était helléniste, maintenant, on est orientaliste. Il y a un pas de fait. Jamais tant d’intelligences n’ont fouillé à la fois ce grand abîme de l’Asie...Le statu quo européen, déjà vermoulou et lézardé, craque du côté de Constantinople. Tout le continent penche à l’Orient », Victor Hugo, Les Orientales.
Como revela este relato de Victor Hugo, no século XIX, o Oriente, o país das “Mil e uma noites” tornou-se moda na Europa, os cafés em estilo otomano enchiam-se de frequentadores que bebiam café e fumavam cachimbos turcos. Desde a moda, das calças tufadas e sapatilhas de biqueira revirada, às marchas com sonoridades de címbalos, tambores, bombos…aos banhos turcos,
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J. Pascal Sebah e Joaillier, Banho turco, c. 1870
a “turcomania” tornou-se na grande voga. No imaginário europeu, o Oriente suscitava um interesse e fascínio irresistível, visto como um antro de prazeres proibidos.
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Zangaki, Grupo de mulheres num harem, c. 1870
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E. Aubine, c.1881
Desde Lord Byron, ao romancista Pierre Loti a Lawrence da Arábia,
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Zangaki,Dormedário descansando, c.1870
o Império Otomano era considerado como a terra dos sonhos, onde o exotismo e o erotismo predominava.
Em suma, os Otomanos enriqueceram de sobremaneira o imaginário europeu, e o “Grand Tour” pelo Oriente levou com ele muitos fotógrafos.
No próximo post, o “Grand Tour” do Oriente.
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Louis de Clercq, Tarablous, Tripoli, "Voyage en Orient" Tomo I, 1859
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