Há seis anos atrás, Dean Sewell, um nativo da terra dos fogos, fotografou este canguru,
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Dean Sewell, Canguru, Janeiro 2003, Austrália
reduzido a estátua, depois do terrível incêndio, em Janeiro de 2003, atingir Canberra, a capital do país.
Na Austrália, o tempo meteorológico, é assunto político. A chuva, que deixou de cair, tornou o país cada vez mais vulnerável.
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Nick Moir, Tempestade de areia, Uma herdade abandonada em Ivanhoe, durante uma tempestade de areia em 2002. Esta zona está em regime de seca desde 2001, forçando o abandono de muitas propriedades.
Em Abril de 2007, o então primeiro-ministro John Howard, do Partido Liberal, exultou os seus compatriotas a rezarem, “porque se não começar a chover, serei obrigado a proibir a distribuição de água para irrigação na bacia do rio Murray-Darling, que produz 40% dos produtos agrícolas do país”. Os australianos ficaram chocados, mas a reza, não foi suficiente, e a incapacidade de Howard, responder com orações, em lugar de políticas, fê-lo perder as eleições para o Partido Trabalhista de Kevin Rudd, que logo que tomou posse, entregou pessoalmente às Nações Unidas, um conjunto de ratificações do Protocolo de Quioto. Agora, o governo de Rudd, anunciou um fundo de cinco milhões de euros para apoio às vítimas.
Em terras como a Austrália, o berço de origem dos eucaliptos, o fogo florestal faz parte do ciclo vital da natureza. O eucalipto, apontado como uma das causas deste Inferno, despe a sua casca, que ainda incandescente, viaja, transportado pelos fortíssimos ventos, para quilómetros de distância, semeando novos fogos.
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Dean Sewell, Árvore a arder, Janeiro de 2003, Austrália
Mesmo depois de arderem, como as cobras que mudam de pele, os eucaliptos renascem com facilidade - o mato ardido fertiliza a germinação das sementes. Se os nativos sabiam aproveitar os fogos espontâneos para seu proveito, os novos donos, impuseram outros hábitos de colonização, e como refere um investigador do Instituto Superior de Agronomia, “o que mudou foi o homem ter metido dentro da floresta as casas e provocado mais ignições”.
Em “Árvore a arder”, tirada pelo mesmo Dean Sewell, mostra a combustão de uma árvore, parcialmente morta, (que suga o ar, causando um vácuo) espirrando faúlhas e brasas incandescentes. Ao longe, exactamente como agora, um engarrafamento de trânsito com os condutores a procurarem escapar aos detritos em brasa que voam por todo o lado.
Na terra do fogo, rodeada por água, os nativos adaptaram-se ao seu ciclo vital. Os novos donos, mesmo elegendo novos governos, por alguma razão, não conseguem adaptar-se à terra dos fogos – os milhões de euros surgem após as catástrofes, a prevenção e combate,
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Nick Moir, Helicóptero à descarga, Um helicóptero-jumbo despeja água nos subúrbios a norte de Sydney, ameaçados pelos fogos florestais, 5 Dezembro, 2002
que não foram suficientes, como revela o elevado número de mortes, são teimosamente esquecidos. Na Austrália, que parece povoada por espíritos, a Natureza domina o homem que insiste em não ver os seus sinais.
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