![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFquK2aLDmXeE9JB4aWZ05g23ije24G-A97QZiSCxdjQj8m44bfsoEsjvLI9JJe7aVZc_et7j71wr4AjfN51_UpFhgc7mJKOsvIhhVcmOOpWSQ4wvf6_D68n1_vZBf9d45MRluhA/s400/19872.jpg)
John Gossage, Berlin East, 1987
Mas do lado de lá do muro, a economia planificada estava num grau de decadência que ninguém imaginava, e a queda foi inevitável.
Em Junho de 1961, Kruschev lançava um ultimato a Kennedy - a América deveria abandonar a cidade de Berlim. Kennedy respondeu que não deixaria de assumir os seus compromissos que decorriam dos acordos de Potsdam, e aumentou a presença militar. A 19 de Agosto de 1961, trabalhadores e soldados de Berlim Leste erguiam um muro ao longo da cidade.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitJFf8X2viWwsvnD-bK0eQFUHswrN2UjCR3mIshw_6T8wGB3UkeRRWazbl81wQPF2AOBc-YpY9wGYOVkkY7BLliP7CLqEmMYLAKx9bBAJMchFx5VrBMmqkNjm-G9os9izB5WJ52A/s400/1987.jpg)
John Gossage, Berlin East, 1987
Nas semanas seguintes, o muro foi elevado, fortificado, e acrescentaram-se projectores,
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggY3vL7kmalnRSuIJEXP9yYQXBnRkbJtmXRXW4TTnS0QAif7y1yZ-NQBrzCclE0BGSomQXkrGkrGdFRU8nfYggaSi32IXTeqmo9p58tp-g5aGfEFuDGeNopyO_Iw7Cw6GDZh51Ig/s400/19851.jpg)
John Gossage, Berlin East, 1985
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2UeGUhIAOVpwIJfAE-leaZPECfOZ1wmc2oz1hSbxk-O5owO25G9NJ7syUJpKWNJmbKVJBGeZCMY7RFecTFDP2iC8NmsdYf8K-r0ZQ5B3QU5wcVWz8hgTOo9c5hxQyUK14EzXz2w/s400/19831.jpg)
John Gossage, Berlin East, 1983
arame farpado e postos de guarda.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgbAdN5ZAKGilwFx1VVXY61AXXj_qSjaKiqyU9kqU4y3gSuH64C__mpxSzofG6GRO73b4-ZgTd0aAihDzyucJTOgc3Qcld_TzD6MaRPZLDgiiFGPVeZgSR-m8fk82pkW_Thlzd7g/s400/19841.jpg)
John Gossage, Berlin East, 1984
As ruas e praças cortadas ao meio, eram agora sujeitas a um policiamento apertado.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6sGCbrItcvVBJJDlWQ5SuPGn1s3FfShPqwSxuIfWPNZ6bOWnGhntw5t17flCDahFoe36u8QuGusht1bHdbWWhyKXKx94A_TX3lyGz5HXVc8n6b96C0EsILKkoB3wX5Fdk0QDvsw/s400/1982.jpg)
John Gossage, Berlin East, 1982
Hoje surpreende como foi possível um país como a Alemanha, a maior potência económica europeia, resignar-se a ficar dividida por um muro, durante quarenta anos.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEEiMhq9hdAEFqMSGBltCa9zrQUPkAbK8PEjnNaLDodSl5q7NDPGqmX7j4CfQ8CY6uWnaOS5bOW-cbogYtOEWEP_-kWUqv49b4exfbaYh1XYfQy7_SpA3U8vnaxIEaLr44p5UPKw/s400/19821.jpg)
John Gossage, Berlin East, 1982
Nestes últimos dias, nem Wall Street nem ninguém imaginou que a Reserva Federal americana deixasse desmoronar a banca de investimento - “to big to fail” julgaram imprudentemente as chefias, confiantes nas autoridades financeiras que os havia habituado ao “risco moral” - à intervenção sempre que o sistema bancário era colocado em perigo.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0mn7TrO_ONQDmykS7jaGTPtpaPet_JrabkEifQ-zTW6gLgTWsGvBSnwAtZaQkCTcZWJ-qTb6PAVOiSownR9RY8C9UvqI0m_6PCII9PpaVv_1-v-Z1nmDu7E9R0ZEJGhf05IiKfQ/s400/F+001.jpg)
Gerry Badger, Berlim 2007/Fevereiro 2008
Mas os riscos escondidos nos balancetes são de tal ordem “tóxicos”, que a falência foi inevitável, agora um deles, o JP Morgan, tornou-se, num abrir e fechar de olhos, no maior banco de depósitos da América, ao adquirir ontem a parte comercial do falido Washington Mutual. Há um ano, quando as campainhas começaram a tocar, julgou-se que a crise do subprime seria restrita e fácil de controlar, pensaram: “How could problems with subprime mortgages, being such a small sector of global financial markets, provoke such dislocation?”,
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg818em5PapWkHupGLhMad5czzmNxNdDopptqfh0HforvYnPKtVm7o-3qEEFkmPJ3WhvtPuI9LYMnTDApd_5KlIpZW9KYvYpvr5KEVOhWXvXjoUkn_jN9lEv4Lw451HMDllyQY7pw/s400/F+004.jpg)
Gerry Badger, Berlim 2007/Fevereiro 2008
e hoje surpreende como foi possível que a actual crise financeira mundial, tenha tido origem nos subúrbios americanos.
No final da Segunda Guerra Mundial, a indústria financeira – bancos e mercados – era regulada de forma rígida e a segurança era a preocupação suprema. Nesses anos na Europa, a procura da riqueza era considerada amoral, se não mesmo imoral e a especulação estava arredada desta indústria.
Quando nos anos 70, as barreiras ao movimento de capital foram levantadas, e o ouro foi arredado como âncora, as poupanças do mundo foram atraídas para o país do dólar. Lentamente no início, atingiu um crescendo nos anos 80. A liberalização estava em marcha, as restrições impostas na Grande Depressão foram gradualmente retiradas e com ela a introdução de novos instrumentos financeiros, que se tornaram cada vez mais sofisticados. Julgou-se que os mercados financeiros se equilibrariam e os reguladores do mercado perderam a capacidade de calcular os riscos envolvidos. Quem duvidava do modelo concebido para eliminar qualquer risco dos dois prémio Nobel que geriam o hedge-fund LTCM? Na prática o modelo que funcionava em circunstâncias normais ignorou, em 1998, o incumprimento da dívida Russa, e em poucas semanas perdia mais de $4 biliões, o “to big to fail” funcionou e o auxílio chegou a tempo de estancar o colapso financeiro.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhi5hDsduE060OYiw0oio8sQ_6wbLFcBzruyPy9f8aP8oc-VDcrFiW2Nu5jSkAuPFggLr9iO1vcJqkTH2j76wI7uYePVpghdYIUjLZHcOOEyej4r-rcIVh3VSLRUKPsplktRE25XA/s400/F+002.jpg)
Gerry Badger, Berlim 2007/Fevereiro 2008
Hoje as perdas já contabilizadas no subprime ascendem a $560 biliões e aguarda-se que o plano de salvação de $700 biliões seja aprovado. Como é que tal foi possível?
Para evitar uma recessão, depois do ataque 9/11, a Reserva Federal baixou as taxas de juro para 1% e manteve-a até Junho de 2004. O mercado imobiliário, estimulado por dinheiro fácil, começou a crescer e enormes fluxos de dinheiro enchiam os bancos comerciais, que por sua vez passaram o fluxo de liquidez para a banca de investimento e outras instituições financeiras. As hipotecas foram divididas em muitas tranches, e convertidas em obrigações de dívida colaterizada, os chamados CDO, e novamente vendidas. As duas maiores e mais credíveis agências de rating, Moody’s e Standard & Poor’s, irresponsavelmente atribuíram a muitas dessas obrigações, a notação “triple A”, AAA, o nível mais alto. Qualquer gestor sério, perante tal notação e rentabilidade oferecida, não hesitou em comprar para os portfólios dos seus fundos/clientes, tal dívida. Num instante a dívida dos subúrbios americanos espalhou-se pelo mundo. Julgaram os reguladores, que tamanha divisão da dívida tornaria o sistema financeiro mais estável, porque ao espalhar, em vez de concentrar em alguns bancos, o choque dos incumprimentos seria mais fácil de absorver.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVR13us7iYekLLpnsaJOe8X3VZWjVpEHL_480SR6zv7BLQihcjejt-XlIwnEbaeuOZwPI2W93tPKVwBPwAm0V8WeXKIO2VbsTHU_EWAEy1ifTdLi0wmZY41B91PizcjfRecfmT5A/s400/F+007.jpg)
Gerry Badger, Berlim 2007/Fevereiro 2008
Os juros subiram e com ele os incumprimentos – e agora vive-se a falência do crédito hipotecário, o fim de um ciclo que durou sete anos. A nova engenharia financeira, que juntou as hipotecas das casas a títulos de dívida - CDO, CDF (credit default swap)... iniciada em 2004, revelou-se o verdadeiro descalabro.
Nos anos que se seguiram à queda do muro,
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIQWSj4A1u5Fv4-ZRjoAIYF8crsUo5UWfG-2sQ8gVNjaCvrYvXTLIba0MqeCh28ydinxJ8eThvI2JEbEHiCqQG3BGC00g5NCClNkKDKTLLz2jsE__FqU4crLSMwS68GA5uXYmEag/s400/F+008.jpg)
Gerry Badger, Berlim 2007/Fevereiro 2008
Berlim viveu a exuberância da construção e durante anos transformou-se numa cidade de estaleiros. O crítico e historiador de fotografia, Gerry Badger, visitou Berlim, quando escrevia o prefácio do livro “Berlin in the time of the wall” de John Gossage. Para o americano Gossage, fotografar Berlim foi fotografar a história onde o muro está sempre presente. As fotografias de Badger, tiradas no ano passado e em Fevereiro deste ano “come from a new book I’m working”, diz o autor. A Berlim de Gossage é diferente da Berlim de Badger, o primeiro fotografou-a no tempo do muro,
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9XH-SmRhhID1kA63rimg6_4Zoa-Ai1iU-SbkmxDUdx1GNr0ZhDrg_4H5Iqm7jQUsO4nkn-BSleUv5BLBw7JwqNPu3JVfX7M77If-up0l1uWVG6MpH7RYUwEHKzhBRmDayELuUwQ/s400/1988.jpg)
John Gossage, Berlin East, 1988
Badger fotografou-a agora,
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLgfkVM4m9JzuxZPjL2UevT_A2HwecLmqxRp7KotefBNpoRbBQW1zSr665kHfioi85cRssK0iw-oEF58zITE4dlO1hmZdhO6Zmxk-uSg43YJzFLCouqqqXdtZZYuukrycrdtyk-w/s400/F.jpg)
Gerry Badger, Berlim 2007/Fevereiro 2008
mas onde os destroços do muro ainda perduram, tal como os malefícios da actual corrupção financeira irá perdurar por muitos anos.
Agora, tal como Kruschev em 1961, erguem-se muros e barreiras para regular o mercado,
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhchbUAVvYt_hd7HIuw17xHf9SZdJguEuH5VJ3Vwlsm3ZQmKIR5cqbDaMXKqWHVVtNrZBc6QT1BcjAUxZb3pqnqwexj-m-EOv1FjrK3JScr7vUodYl24Dg9X7geQWpJ8DT3xibUwQ/s400/F+006.jpg)
Gerry Badger, Berlim 2007/Fevereiro 2008
os reguladores devem sim recuperar o controlo das actividades da indústria, mas voltar às condições do segundo pós-guerra seria fatal, como seria fatal que o Ocidente ergue-se agora um novo muro.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTuY8uqrKzF2yNmultHeJTpYUFLXiuu8zoJJT86sXhmdRLqVIRrCEnCk4CDb9hj7GyjUdYWAm4DWT54pzRwwOTq2LGPOfGFsUnrSVxU5oo6qWtt7VJgTas-7nhXQUl-NpqX3ngJQ/s400/19832.jpg)
John Gossage, Berlin East, 1983