Com a libertação, o prazer da vingança em mulheres caídas em desgraça, eram sinais de que a experiência da ocupação fora sobretudo de humilhação.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8PRS05k80rqo3nV1Uyrph6TfT89JRnTuV9SZcC4F0TkCDrtlWfztmP1aCp7NBdxrvXkdTKe5BRQfE9zjWuYWrUypl9USvdgBQ58IMBllEHb0xaD_R_CV5qqjOffbdLb9xc7-WHQ/s400/PAR10035.jpg)
Robert Capa, 1944
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibpFJdcfAXBp45HRkiX0eqFVQjKszFw5tlHAY2nxaltHRcg0SjW_kIu9tJZ2jnbZDTuWWi2VHIgySAnv-CVr_pkqtDLP11BvO4AVtdr75_l2uiXaGDMJKanzTKcrztL0_-9bcr5Q/s400/PAR10034.jpg)
Robert Capa, 1944
Berlim não teve um general Leclerc, Washington deixou que as tropas soviéticas chegassem primeiro à cidade e a 2 de Maio de 1945, a bandeira comunista era içada no Reichstag.
O delineamento da Europa do pós-guerra foi ditado pela ocupação geográfica dos exércitos. A URSS libertara e reocupara o Leste da Europa: Hungria, Polónia, Checoslováquia…e uma barreira estendeu-se do Báltico ao Adriático. A subdivisão da Alemanha iniciada em Potsdam, terminaria com uma última reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros em 1947, o resultado final, um país dividido que todos julgaram preferível a uma Alemanha unida contra eles. Uma linha dividia a Europa, em Oriente e Ocidente, em esquerda e direita e o mundo rapidamente se acostumou a esta divisão.
Winston Churchill, quando em Março de 1946, no Missouri pronunciou no seu famoso discurso a “cortina de ferro” não se enganara na divisão futura da Europa, no entanto não foi de ferro, mas uma cortina de tijolo, cimento e arame farpado.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHDq0T9bLcREhOiL4jNCD-rphrh5qTVBFp-L2NrIWERqroUtgKOkrkE9S3b3U9gK7wC9oxOuDfvTzKtfndPOO1XLyJ7ph4XImEd2g9PoXgt1NV8LkRLXbgs64bgk_R2SEcydVaXA/s400/Thomas+Hoepker,+Berlim,+1963.jpg)
Thomas Hoepker, Berlim, 1963
Encerrou no sábado passado, na galeria Quadrado Azul em Lisboa, a exposição “No Ruses, so to speak” de Paulo Catrica. Fotografias da cidade de Praga, nos seus contrastes entre o moderno e o antigo, preenchiam parte da exposição.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheEDE33e4J8j98hr9zkTc0may7gV5ukp4silgGkpG-1Kg_3EX8iOeH0RqKCAItIT6Bw-IR0F3gbvN5ItB8daFJhgiAhVfiyu6OyYiAbvSS5ZfLCUE5FDVB9Ya2MhjDRCTwCtXyvA/s400/C%25C3%25B3pia+de+Paulo+Catrica.jpg)
Paulo Catrica, Praga
Olhar para o que é hoje a Europa de Leste, para as suas transformações, é tema recorrente na fotografia actual.
Olhar para o que é hoje a Europa de Leste, para as suas transformações, é tema recorrente na fotografia actual.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDLU7LalBvE9b8A0Bs8IIqfvqUtG-_okNmlfnse3cI3Cc8JhoY_q0XDAt2QxJdZrwzUbZ4fG8TfH_luro6GwNXW8RBEimC15CnKLFMv0DEFQaugc6X-GyYh0UiZwjpcyld_R_gxg/s400/%2355+003+%5B1024x768%5D.jpg)
Mark Power, Varsóvia, Polónia, 2004
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUXSMltsj4HJ5BJrEI3rG5pTUmFhg7YasgQDEWQyQj0xhgk5txQyRvbe3UcehXmL3rIt-bAK074XbcohfVdLHOnJqimCzo4dcBSEFNdrBcqpMzgbcNBZRolvfDt9ADHeGEocQSnQ/s400/%2355+004+%5B1024x768%5D.jpg)
Mark Power, Bialystok, Polónia, 2004
Derrubado o muro, a decadência económica dos países de Leste era agora visível para todos, e surpreendeu os mais cépticos. Milhares de fábricas obsoletas tiveram que fechar.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrLSofTg93lqyeYBn5yh7Qmksx2ErK0y7O15aeM7IKV7c8F09utBZ6wOV2t1YEwIjDWKJcJYEhyphenhyphenNUZn9EbZB6u7BOrQXPg_z6QqJjw7UKGoG3-u9Z2Ck-f2UeBPmZLt22r9ncInw/s400/%2355+006.jpg)
Eric Baudelaire, Wait, 2004-2005
Por exemplo os veículos produzidos, nas formas do Trabant, que Catrica ainda encontra, eram caixas que vomitavam poluição, e não eram alterados há mais de trinta anos. A relação qualidade/produção mostrava o fosso entra as duas economias, que durante 40 anos competiram divididos por uma fronteira.
Mas onde todos fracassaram foi no planeamento urbano. Se no Leste, as casas eram mal construídas e depressa se degradavam,
Mas onde todos fracassaram foi no planeamento urbano. Se no Leste, as casas eram mal construídas e depressa se degradavam,
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjH9epwlPeeSamTdf3G_U0rSiQbCKwWGwBA7P-ZI7OHK1ixq5tYjhoa_dfOB6Kbg4lhyphenhyphenONu_mJFbRKj5S4-U4ps5ZwupBKzSucHKGDipuqyHvVtiDEFIE74mS_z0JlIBIAZpSmXg/s400/Mark+Power.jpg)
Mark Power, Polónia, 2004
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQeKTAWBk_MnN6j4b54Ol-bL5SNBzBX28XjxLj4Tykto3BpgtEaKVM6RaPkqSpH8uHWKayqILtksBsEIRgpLYGRjhn2Y-xkTjp4EAXCplVdlUyvzadpEldsCeZ6V3usvzuXmUdaA/s400/%2355+007.jpg)
Eric Baudlaire, The Spce Between, 2004-2005
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDwIgusdaDELC5EIm6qNoHKvXSJ69C7AXJm07IkOyStRjAmhH7qjBO9DxDFwa4a3O4wyIQ5fsIYyXrQ9mpB23VioycGYuA9TMsopSLjE1IFnRpDDlsKB9vhZVjNybu_5aaPVNe_Q/s400/%2355+005.jpg)
Eric Baudelaire, Neighbors,2004-2005
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg00wumX-auGi_IMcA_J2cN_u-a5noVCNImFTaI3dcMcmx8Wkc8CJv2SJaAuDj3PNnz2XYokBRBPlyYbfA1-vmUgygusfe7W381l5tFvWbFoRMQdppHeu3hCkPM-uXWv0EhogfrQ/s400/Lise+Sarfati.jpg)
Lisa Safarti, Lituânia, 2004
no Ocidente os planos urbanísticos também não passaram de remendos. Estratégias pensadas a longo prazo, que integrassem habitação, serviços, emprego, lazer, nunca existiram, e a fealdade da arquitectura urbana na Europa Ocidental, dos grandes blocos de habitação homogéneos,
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixGld0WXkO6ikXj0fROsLufMIMy2A2NBX__Pq_PVlZE56ObEZzgpYMB0E0I2letrqieQyuSyCeNUPPtD_sxcfyf9_2uApiMvZ4Du727r3EcvQkSh1t1V7bSNitiCQljWfv3syOEg/s400/%2355+002+%5B1024x768%5D.jpg)
Mark Power, Sheffield, Inglaterra, 1985
nas orlas das cidades ou em espaços abertos pela guerra, eram deprimentes, nem pintados com nuvens conseguiam disfarçar a fealdade. O documentário, “L’amour existe”, 1960, do cineasta Maurice Pialat, já nesses anos mostrava os sinais de alienação pessoal e social da classe operária que para lá foi habitar. Pialat filma as casernas de betão armado, em Clichy-sous-Bois, Seine-Saint Denis, La Courneuve, Aulnay-sous-Bois...,os subúrbios de Paris que em Novembro de 2005 se incendiaram. Prédios despersonalizados com janelas cada vez mais pequenas, em que no interior quase não vemos o exterior “mas o que nos serve olhar para o exterior se nada há para olhar…”
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxul_exs5qzSlJcD3Xudqqm6jXSt2H9ObgJ9wlImNAb1rRIb1FMhUTc0TMdbq8Qf87pIbFehW8ThioW6CvJIZVdjHz5QRRKajB9TwBl-2c-dj3aVA-e6Gzn3PvOKhNFcepDb3SwA/s400/Pat+031+%255B1024x768%255D.jpg)
José Manuel Ballester, Paris, 2004
e o homem na Europa Ocidental que se queria moderna perdia a individualidade nesse mundo feroz e impiedoso da habitação colectiva. Os princípios modernos de arquitectura, definidos na Carta de Atenas, foram erroneamente aplicados a uma escala inédita.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinG_nbkUl89p2PZoOFrLLNhB8HXgWAcmil5HycCgGzjjFRiVqEHrYRwWZsE4uGFvtHq_BinDUJTASP7P85YxuQUKzI5T7tacfeh1A4P4Zj5guLfDfhUXPVt4rfPphKq80fEBT-3Q/s400/%2355+%5B1024x768%5D.jpg)
Robert Doisneau, Paris, Place des Fêtes, 1975
Muitos deles foram abandonados passados vinte anos, e hoje continuam as implosões desses enormes edifícios que custam milhares aos contribuintes. O “Ronan Point” no East End de Londres, teve até o bom gosto de cair por si, em 1968.
Londres, Paris, Bruxelas, Frankfurt…acordaram demasiado tarde, as cidades tinham trocado o património urbano por uma confusão brutal.
Com os HLM, (Habitation à Loyer Moderé), atrás, a alegria de Josette no dia do seu vigésimo aniversário sempre me impressionou.
Londres, Paris, Bruxelas, Frankfurt…acordaram demasiado tarde, as cidades tinham trocado o património urbano por uma confusão brutal.
Com os HLM, (Habitation à Loyer Moderé), atrás, a alegria de Josette no dia do seu vigésimo aniversário sempre me impressionou.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMI1vK2-V9Sxz6_SzRMxv9J5voOMspnhgsoMMyCNrVzXBIE8IVw7_b8sHIiZ-FsTH6eI1SMK7Flf0GI8A34NhL1XgaKAdl0faYQ3h00cjRYZY1b7IsSoKq4zG5w7t70Zu2LO4MbQ/s400/LesvingtansdeJosette1946.jpg)
Robert Doisneau, Les Vingt Ans de Josette, 1947
Será que Robert Doisneau a encenou, como encenou o “Baiser L’Hôtel de Ville”?
O tempo passa mais depressa do que julgamos, e nesta semana a Europa comemora os dez anos do euro, e no próximo post vamos continuar na Europa.
O tempo passa mais depressa do que julgamos, e nesta semana a Europa comemora os dez anos do euro, e no próximo post vamos continuar na Europa.
Sem comentários:
Enviar um comentário