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Raymond Depardon, Charles de Gaulle, Palais de l'Elysée, 1967
contra o ensino nas universidades, contra a tradição e valores da família e contra a nova sociedade de consumo que a prosperidade económica agora permitia. As grandes manifestações surpreenderam os partidos e o próprio governo. Charles de Gaulle, o presidente eleito em 58, retirou-se para Baden-Baden - que fazer perante uma insurreição tão grande?
Conflito de gerações?
Cartier-Bresson, fotografou o olhar da sua geração, de uma geração conservadora e resignada, que viveu a guerra, a humilhação da ocupação nazi e as dificuldades do pós-guerra.
Influências estrangeiras? Sem dúvida. A minijupe adapta-se melhor à nova vida urbana, dizia a estilista Mary Quant, que em Londres lançava a nova moda e desafiava os grandes nomes da costura francesa. Coco Chanel criticava, é a mulher “sur pilotis”e Christian Dior, aterrorizava-se com a nova moda que mostrava a parte mais feia do corpo, os joelhos. Mas já é tarde, André Courrèges, veste Catherine Deneuve com um fato com um palmo acima dos joelhos e inicia o prêt-à-porter, a nova indústria do vestir. A mini-saia acompanha o feminismo e a pílula. É a emancipação da mulher e nesta fotografia,
Conflito de gerações?
Cartier-Bresson, fotografou o olhar da sua geração, de uma geração conservadora e resignada, que viveu a guerra, a humilhação da ocupação nazi e as dificuldades do pós-guerra.
Influências estrangeiras? Sem dúvida. A minijupe adapta-se melhor à nova vida urbana, dizia a estilista Mary Quant, que em Londres lançava a nova moda e desafiava os grandes nomes da costura francesa. Coco Chanel criticava, é a mulher “sur pilotis”e Christian Dior, aterrorizava-se com a nova moda que mostrava a parte mais feia do corpo, os joelhos. Mas já é tarde, André Courrèges, veste Catherine Deneuve com um fato com um palmo acima dos joelhos e inicia o prêt-à-porter, a nova indústria do vestir. A mini-saia acompanha o feminismo e a pílula. É a emancipação da mulher e nesta fotografia,
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Henri Cartier-Bresson, Paris, Saint Germain des Prés, Brasserie Lipp, 1969
é a geração das saias um palmo abaixo dos joelhos que olha intolerante para a indiferença da geração que usa a mini-saia.
Em Maio de 68, Cartier-Bresson fotografa o outro lado das barricadas, a de uma geração que acordou num mundo que parecia virado do avesso e que regista à distância os distúrbios da véspera.
Em Maio de 68, Cartier-Bresson fotografa o outro lado das barricadas, a de uma geração que acordou num mundo que parecia virado do avesso e que regista à distância os distúrbios da véspera.
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Ontem o canal Arte, para saudar os 40 anos desses dias de Maio, apresentou alguns documentários, “Jouissez sans entraves” abriu o tema, frase da Internacional Situacionista “...vivre sans temps mort et jouir sans entraves…”. É a força das palavras escritas nos muros da cidade, afixadas nos cartazes e divulgadas nos panfletos distribuídos.
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Les murs ont la parole, Maio 68
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Les murs ont la parole, Maio 68
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Les murs ont la parole, Maio 68
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Guy Le Querrec, Devant la Sorbonne, 5 mai, 1968
O grupo de Guy Debord (“La Société du Spectacle”, 1967) e Raoul Vaneigem (“Traité de savoir-vivre à l’usage des jeunes générations », 1967) e de outros, nunca foi uma organização, nunca recrutou militantes nem nunca participou em manifestações partidárias, agiam subtilmente, lançando as suas ideias, contra a sociedade moderna. Criticaram a nova sociedade de consumo, criticaram o poder das imagens, criticaram o urbanismo moderno, criticaram a pop art, mas as acções de rua e o poder não lhes interessou. Cartier-Bresson não resistiu,
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Henri Cartier-Bresson, La rue de Vaugirard, Maio 1968
e também fotografou este homem, já de certa idade que olha perplexo para tanta liberdade.
Mas será que os estudantes mudaram o mundo? O que ficou dessa revolta estudantil?
Daniel Cohn-Bendit, símbolo da revolta estudantil, desafiou os “flics”, a autoridade,
Mas será que os estudantes mudaram o mundo? O que ficou dessa revolta estudantil?
Daniel Cohn-Bendit, símbolo da revolta estudantil, desafiou os “flics”, a autoridade,
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Gilles Caron, Daniel Cohn-Bendit, Maio 1968
e lançou palavras de ordem “On encercle les flics”, e na Rue Gay-Lussac, mais de dez barricadas, umas atrás das outras, foram construídas porque “on avait envie de faire dês barricades”.
Ao microfone gritou “Et maintenant, la grève générale » e o mundo operário entrou em greve,
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Bruno Barbey, Dans l'usine occupée, 1968
a França paralisou, e o poder e a luta passaram para as organizações sindicais.
A 30 de Maio dissolvia-se a Assembleia, e um milhão de franceses, no Champs Élysées apoiavam Charles de Gaulle. Regressava-se à ordem.
A 30 de Maio dissolvia-se a Assembleia, e um milhão de franceses, no Champs Élysées apoiavam Charles de Gaulle. Regressava-se à ordem.
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Bruno Barbey, 30 Maio 1968, Champs-Élysées avec l'Arc de Triomphe à L'Arriére-Plan.
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Bruno Barbey, 30 Maio 1968, Champs-Élysées avec la Place de la Concorde à L'Arrière-Plan.
Dez anos antes, em 1958, Charles de Gaulle era eleito presidente da V República Francesa, e em Paris, bem no centro da cidade ainda se dançava assim nas comemorações do 14 de Julho.
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Johan van der keuken, 14 juillet, île Saint-Louis, 1958
Sol de pouca dura, esse Maio estudantil? Mas afinal o que mudou no mundo nesses idos anos sessenta?
Através do olhar dos fotógrafos vamos ver no próximo post.
Através do olhar dos fotógrafos vamos ver no próximo post.
"A regra é não haver regras","o comentário é não comentar".
ResponderEliminarMadame Rose - Unknown
E como aqui nos comentários "Il est interdit d'interdire"...
ResponderEliminarExiste um filme muito interessante e com uma belissíma fotografia sobre o Maio de 68 chamado "Les amants réguliers" do realizador Philippe Garrel. É um filme extenso sobre os jovens do outro lado da barricada e de como foi vivido o conflito.
ResponderEliminarExiste uma edição portuguesa pela Atalanta/Fnac.
Li recentemente no Público que Nicolas Sarkozy disse há um ano atrás num comicio que "queria liquidar a herança do Maio de 68". Será que ele prentede obliterar um momento único na história da França e que ainda hoje simboliza alguma da esperança do poder individual das pessoas "comuns" em se manifestarem e agirem por vontade própria? Não serão estes os valores defendidos pela democracia? A liberdade de expressão é algo a abater? É por todas estas questões que a memória destes eventos não pode ser apagada.
Carlos, mais um slogan da época que a memória não apaga,"Soyez réalistes, demandez l'impossible".
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