![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7p4P0yU4PH5EsM7K6BhohUUbOJohyphenhyphen18z382Z4GPwe90Z6StnzjitS851h0-b92Io1DWghbyarZChfUqQTnQUjQ7jBAgIjC4JeppnUfugcevee-RSgazdBgeVozsv0Uovc-jlR/s400/031bd2f1df.gif)
No último editorial “El artista” escrito por Rosa Olivares no jornal Exit Express lemos o seguinte: “(...) Em conversa, há uns dias, um jovem crítico comentava o difícil que era eleger entre uma quantidade de artistas que há hoje em dia, “se na época de Greenberg havia 600 artistas em Nova Iorque agora pode-se falar de um milhão”. Para Olivares o que sucede em Nova Iorque é similar ao que se passa em Espanha e acrescenta “diz-se que hoje “el artista” é cosmopolita: nasce no Dubai, estuda em Londres, vive em Nova Iorque e trabalha em Berlim; as férias talvez as passe em Ibiza”, ironiza Olivares. A abundância de artistas deveria ser uma satisfação, mas surpreendentemente, para a crítica não é, pois maior quantidade menor qualidade “ a superabundância a que chegámos trás uma debilidade de propostas patéticas: cópia sistematica, frivolidade de apresentações, ... e uma ânsia desmedida para triunfar, não tanto por fazer uma grande obra”. Em suma, para Olivares o artista deveria trazer algo de novo, diferente, pessoal ao já criado.
Tudo isto a propósito da 1ª bienal “Photoquai” promovida pelo museu quai de Branly, a decorrer durante o mês de Novembro em Paris. Stéphane Martin, o director do museu interrogado sobre o porquê desta iniciativa, responde “Mostrámos fotografia histórica desde a abertura do museu, em 2006. Mas rapidamente percebemos que tinhamos de continuar com a fotografia contemporânea não europeia. Tendo em conta a arquitectura do local e a quantidade de imagens que queriamos dar a descobrir, tivémos então de pensar qual a maneira mais eficaz de expôr. E foi assim que nasceu esta ideia de festival. Como também já existe o Mois de la Photo, numa complementaridade pensamos então na ideia de Bienal”.
Uma breve informação sobre o que alberga este novo museu Parisiense, já que o nome, quai de Branly nada revela sobre as obras do seu acervo. Aos franceses falta o pragmatismo dos anglo-saxónicos e a escolha do nome do museu, à semelhança do que sucedera ao Musée D’Orsay, nos anos oitenta, sofreu também uma evolução semântica. O museu reúne as obras que pertenciam ao Musée National des Arts D’Afrique et D’Oceánie e as obras do departamento de etnografia do Musée de L’Homme. Começou por se chamar “Musée des arts premiers”, depois “Musée de L’Homme, des arts et des civilizations”, acabou em quai Branly, a proximidade do “quai” com esse nome a dar-lhe o nome.
E é também o “quai” que dá o nome a “Photoquai”, que se instala ao longo dos “quais” do Sena, ao ar livre e em alguns edifícios,
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZKISR-ev7ZYcalt6mACwvgbCfhx6_E2558BuYoSrWiawyEP7Pl7j2ex-Unn3G6utjyZQM3UsQba8dW4R5YkML4VqIik89o3hqPyzgd9zCIGyumHMYFdbRyuC8PPCcqQ-a6iuc/s400/Freed+004+%5B800x600%5D.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg13w_rtHVZne3kJOWURM6meXWd7gVc2SokJZHBH9GCalRsAP1H1x4oF2i7ImfdwBMA3OjTLXlaWeVOn8c77c3IfObef6t89TB0yEN1h4iaEqnK8f5zXEpn6AJqd5Gx_oKtJuK7/s400/Freed+005+%5B800x600%5D.jpg)
permitindo, ao parisiense e ao turista, um passeio a olhar o Sena e uma enorme quantidade de fotografias. É a bienal das imagens do mundo, “Le monde regarde le monde. Du Mali à la Tasmanie en passant par la Nouvelle-Zélande, la Chine, la Syrie ou l’Amazonie, la balade et les confrontations de regard continuent autour de la Seine.”, lemos no prospecto. Os fotógrafos europeus são excluidos, porque já conhecidos. O que se pretende é dar a vez a todos os fotógrafos que ainda ninguém ouviu falar. “Le Journal des arts”, dedica à fotografia um dossier na sua última edicção. Em relação ao “Photoquai”, o cabeçalho diz tudo, “Tour du monde, À Paris, une nouvelle biennale de la photographie propose un regard inédit sur la planète. Les oeuvres d’artistes de pays émergents ou peu représentés en Occident rafrîchissent notre vision de l’autre”.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJmuCXsIQP9Yb6-0FIXMOsO8oCJzZklAgnkxZ6rd3e5arDzM7M2nmETXn0uyldcutEV2JJr_L-tKwdaRQ9XIKyvKIU66Rj59ZtW5b4QVOh3KPktpzdg8-V_v91ji3HGM10VTYO/s400/Freed.jpg)
Yuan Xue Jun, Clarté d'automne
Um olhar inédito foi o que não conseguiram, como nos diz Jean-Loup Pivin, o director artístico do evento: “(...) Photoquai est dans la découverte. Pas d’effet de catalogue, pas même de thématiques. Si nous avions travaillé par thèmes, nous nous serions interdits de regarder ailleurs! En revanche, en visionnant la somme d’images reçues, nous avons identifié quelques familles, quelques regroupements ou parfums:beaucoup de paysages époustouflants, beaucoup d’univers oniriques très affirmés et j’ai été très frappé du nombre d’univers photographiques qui racontent des histoires”. Jean-Loup Pivin ainda não percebeu que o artista hoje “nasce no Dubai, estuda em Londres, vive em Nova Iorque e trabalha em Berlim; as férias talvez as passe em Ibiza”?
Não querendo "temas", acabaram como nos revelam os prospectos, em adoptar três: Métamorphoses,
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvlAYdhx9rWENs55TWbKLfz5iGx-Ir48rhSoNtUwbR_uI_Ufuyud-ibFtAziXV9ieb8PuSt83VjzdpXEbYjRTce_LG5OJB_F_mrRROfMV_HProRxmawENmApUcONBT7cZSLfCM/s400/Freed+002+%5B800x600%5D.jpg)
Fictions
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTDCugz0-8JBcRzUHWc9yXQxkDpF5Bq8VbYbyHd1X6TjELcsvnfIhxbuTjO3Mozk3am8SuP4Vrkql7zgTj-_pr3G5elMeOoF40AHVAiX4kWUroXoQHj4esLGUcW_9bXpICDAbk/s400/Freed+003+%5B800x600%5D.jpg)
e Confrontation.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLjOhvumzJeJj24UC-WpjpARk8GD90UOP-j0HfOnpC7pUETyvPhHyOe0zmkA5TAEZNWqzAVmqTCXr-ROC_tuL_0gZ8MfFVqnBtxiAKI7jRb5ewI0A3ux3YUOq0idMn_KweUA4K/s400/Freed+001+%5B800x600%5D.jpg)
Hervé Le Goff, "Photoquai"
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0Ckhp8dIeyuA5DNCeTNtQMZ2n5x2dFJzSnEK7pCdQNVAwGBZxcmd0E_7Q83NZpXK3bNlEyBLFjXIk7P83glpgmmz-SK3_T94wxHsMTG0J60GJFBjaaw4lwAAeYVqb3Wu0cqz8/s400/photoquai2.jpg)
Hervé Le Goff, "Photoquai"
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD74so_rG0ESr1_epkQ_d4BInvqGxpsV01pjPmFl3gWfYGyQVhMR67Dk8SqkXaxSG0j8JJoSk4UjwKVwBVGsecBzL_y-5QYEepaRm2KMdOzaYoPe_bjhqdYYlREQRzB24v9fAE/s400/photoquai3.jpg)
Hervé Le Goff, "Photoquai"
No final fico sem perceber o que quer Stéphane Martin com o “Photoquai”: o exótico? o original? encontrar um novo paradigma de visão?, utilizo as palavras de Sandra Vieira Jurgens, “Não vamos a tempo, a bienal transformou-se num fenómeno fashion”. Ou será que “Photoquai” quer dar lugar aos fotógrafos pouco conhecidos? Mas então pergunto porque exclui a Europa! Ou será ainda que “Photoquai” numa atitude do politicamente correcto quer mostrar ao mundo as imagens “d’artistes de pays émergents”? Mas será politicamente correcto a Europa olhar para si como o centro do mundo desenvolvido e todos os outros, inclusivé o Japão, serem países emergentes nas artes?
Dominique Baqué, ensaísta e crítica fotográfica, na revista Art Press, num artigo sobre o “Photoquai”, deixa o aviso e interrogação, não será que “Photoquai” é o novo “Family of Man” do nosso tempo?
Sem comentários:
Enviar um comentário