Hiroshi Sugimoto numa série fotográfica traduziu de forma magnífica este excesso de imagens. Fotografou teatros e cinemas ao ar livre,
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Horoshi Sugimoto, Union City Drive-In, 1993
em que não se observam os filmes projectados devido ao excesso de imagens, ou seja a fotografia durava o tempo do filme, e o resultado foram estes ecrãs brancos de luz, o excesso de imagens produzia o vazio.
Mas a profusão exponencial de imagens teve outras consequências, muitos artistas renunciavam à produção de novas imagens, segundo eles não era preciso e apropriaram-se das que já existiam em circulação. Foi o caso de Sherrie Levine que fotografou reproduções fotográficas dos mestres da fotografia americana, Walker Evans, Edward Weston...
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Sherrie Levine, After walker Evans #3, 1981
Para Levine era a forma de negar as noções de autor, obra e originalidade. “Em lugar de fazer fotografias de árvores e nus, faço fotografias de fotografias...aproprio-me destas imagens para expressar a minha necessidade de compromisso e distanciamento”. Peter Fischli e David Weiss
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Peter Fischli e David Weiss, sem título, da série de imagens Vistas, 1991
apropriam-se dos esteriótipos do turismo mundial. Richard Prince fotografou das revistas imagens publicitárias que reenquadrou e ampliou. Uma das suas apropriações resultou famosa, a série de fotografias da campanha publicitária da Marlboro.
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Richard Prince, Cowboys and Girlfriends, 1992, portfolio de 14 ektachromes
Hoje estes cowboys atingem recordes de preços em leilões. Neste caso o feitiço, o quererem transformar o conceito de obra de arte em objecto banal, virou-se contra o feitiçeiro.
Mas a percepção de ver a realidade transforma-se com o tempo e se tudo já foi fotografado, desvia-se a fotografia da sua primordial dependência da realidade. Foi o que fizeram os artistas que viram na fotografia uma saída ou caminho para desmistificar as obras de arte produzidas pelas gerações anteriores.
E nos anos 80 a dialética entre a fotografia e as artes plásticas é patente.
Jean-François Chevrier, crítico e historiador de arte, distingue os fotógrafos puros dos artistas que utilizam a fotografia. Os franceses foram mais arrojados e chamam hoje à fotografia de artista, “photographie plasticienne”, em português fotografia plástica não pegou. Mas é evidente e todos nós sabemos que a distinção não é clara e tem os seus limites, por exemplo, numa livraria ou leilão onde devemos procurar Hiroshi Sugimoto, Jean- Marc Bustamante e tantos outros, na secção de fotografia ou em arte contemporânea? Um livro de Jean-Marc Bustamante encontrei-o na secção de arte e Sugimoto numa leiloeira era classificado como artista contemporâneo. Mas também há muitos fotógrafos que querem ser artistas. Luc Delahaye, fotógrafo há muitos anos pertencia à famosa agência Magnum, deixou-a recentemente para ser artista.
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Luc Delahaye, Iraq press tour, 2002
As suas fotografias de guerra aumentaram em tamanho e são agora expostas em galerias.
Exposição de Luc Delahaye, na Maison Rouge, Novembro 2005
Outro paradoxo foi a atribuição do prémio de escultura na Bienal de Veneza de 1980 ao casal Becher, cuja obra é fotográfica. Joachim Mogarra, artista plástico que fotografa no seu atelier as miniaturas que constroi,
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Joachim Mogarra, 1986
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Joachim Mogarra, 1986
esteve presente em 2004, no Mois de la Photo em Paris.
Fotografias da exposição de Joachim Mogarra, na galeria Georges-Philippe e Nathalie Vallois, no Mois de la Photo de 2004, "Paysages Romantiques et Autres Histoires".
Os paradoxos são muitos, porém o certo é que a partir da década de 80 a fotografia entrou definitivamente no campo das artes plásticas.
Joachim Mogarra, é um artista que constroi, a partir de objectos simples uma simulação da realidade em que vivemos. Muitos dos seus trabalhos remetem para os mass media e publicidade que no dia a dia são os que constroem a realidade em que vivemos. Os seus objectos são estereótipos que adoptam estratégias idênticas às da publicidade e com uma ironia astuta ataca a nossa sociedade de consumo. Mas há dias surgiu o insólito. A galeria Georges-Philippe et Nathalie Vallois preparava-se para inaugurar, no dia 5 de Maio, uma exposição com o último trabalho de Mogarra e foi interdita pela IMPS (International Merchandising, Promotion & Services SA). Mogarra apropriara-se dos bonecos Schtroumpfs para mais uma ironia. Peyo, o desenhador dos pequenos bonecos azuis, decidiu não lhe dar autorização de os reproduzir, expôr ou vender, e exerçeu os seus direitos de autor.
Para fazer face a tal interdição, como se lê num jornal “Joachim Mogarra a “schtroumpfé” de nouvelles oeuvres”, o que significa exactamente, não sabemos, mas tentaremos decobrir.
Olá Madalena Lello!
ResponderEliminarVeja por favor o nosso post de 9/5/2007
THINKING BLOGGER AWARD
Obrigado
Cumprimentos Cinéfilos
Paula e Rui Lima