Durante a semana ao vir do Porto para Lisboa, fiz o desvio e saí em Coimbra, queria ver a exposição que julgava já ter sido inaugurada, percebi o erro quando cheguei ao Centro de Artes Visuais. A exposição ainda estava a ser montada, mas algumas das obras já estavam fora das caixas e afixadas nas paredes como este conjunto de nove piscinas de Edward Rucha.
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Ruscha nunca se sentiu fotógrafo, e por isso deixou-se seduzir pelo azul das piscinas. Na altura, para os fotógrafos o mundo ainda era a preto e branco a cor era arredada para a publicidade. Estas piscinas, vazias de pessoas, e mal enquadradas funcionaram para Ruscha como perfeitos ready made e perfeitas para “encherem”o livro, “Nine Swimming Pools and a Broken Glass ”(1968).
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Edward Ruscha, "Nine swimming Pools and a Broken Glass" 1968
(Os espaços em branco correspondem à própria edição)
O que interessa a Ruscha são os livros, as fotografias servem para enchê-los. Se os ready made de Marcel Duchamp o influênciaram, Walker Evans e Robert Frank também, como ele disse “cresci no Oklahoma que tem a imagem de uma terra perdida, Walker Evans fez o Oklahoma, como também Robert Frank a viu, estas fotografias tiveram grande influência em mim, embora eu não tivesse nenhum conceito como traduzir isso em pintura”.
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Walker Evans, Truck and Sign, 1930
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Edward Ruscha, Pool, 1967
Deixou o Oklahoma, pela Califórnia, Nova Iorque não o seduziu como seduzia na época todos os jovens que queriam ser artistas.
“The sun shines all the time in California”, diz o pintor David Hockney, “Deixei o meu país, a Inglaterra, pela Califórnia, não conseguia viver sem esta luz. Se tivesse permanecido lá a minha pintura tinha sido outra”. O sol da Califórnia convida a um mergulho e as piscinas abundam.
“The sun shines all the time in California”, diz o pintor David Hockney, “Deixei o meu país, a Inglaterra, pela Califórnia, não conseguia viver sem esta luz. Se tivesse permanecido lá a minha pintura tinha sido outra”. O sol da Califórnia convida a um mergulho e as piscinas abundam.
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David Hockney, A Bigger Splash, 1967
Ruscha e Hockney, respeitam-se, e têm um ponto em comum, gostam de piscinas. Hockney, que pintou a sua própria piscina com os reflexos da água, também se seduziu em a fotografar. Hockney gosta de fotografar com máquina polaroid, para compor de seguida o seu quadro.
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David Hockney,Ian Swimming, L.A., March 11th 1982 (Polaroid Collage)
“A fotografia afecta a nossa maneira de ver e pensar e interessei-me em investigar a forma como a realidade é representada na fotografia. O mundo visto pela máquina fotográfica é geométrico e não psicológico, o declínio da fotografia está aí” diz Hockney numa entrevista recente.
As composições que faz com as polaroids eliminam o ponto de vista único dado pela máquina fotográfica, “as suas composições são a versão final da pintura renascentista”diz-nos o pintor.
Ruscha pelo contrário é seduzido pela perspectiva fotográfica,
As composições que faz com as polaroids eliminam o ponto de vista único dado pela máquina fotográfica, “as suas composições são a versão final da pintura renascentista”diz-nos o pintor.
Ruscha pelo contrário é seduzido pela perspectiva fotográfica,
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Edward Ruscha, Standard Station, Amarillo, Texas, 1962
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Estudo de Ed Ruscha, Standard Station, Amarillo, Texas, 1962
Recentemente a fotografia de Ruscha entrou nos museus. Descobriram-se as fotografias da sua viagem pela Europa, em 1961. Durante sete meses, Ruscha e família percorreram dezassete países, Portugal foi um deles.
Recentemente a fotografia de Ruscha entrou nos museus. Descobriram-se as fotografias da sua viagem pela Europa, em 1961. Durante sete meses, Ruscha e família percorreram dezassete países, Portugal foi um deles.
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Ed Ruscha, Amesterdão, 1961
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Ed Ruscha, Grécia, 1961
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Ed Ruscha, Portugal, 1961
Esta fotografia tirada em Portugal destoa das restantes, são os touros que desafiam o fotográfo, e não a sinalética.
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Mas voltemos a “Nine Swimming Pools and a Broken Glass”. A crítica ficou confusa com os livros de Ruscha e escrevia “ ninguém tem nenhuma ideia do que Ruscha anda a fazer ou a tentar fazer, nem ele própio nos elucida quando lhe perguntamos”. Hoje já não ficamos confusos ao ver as nove piscinas de Ruscha, sabemos que ele pertence à pop-art, e isso deixa-nos menos baralhados.
A expsosição, comissariada por Delfim Sardo, é dividida em dois momentos, esta primeira parte pode ser visitada até fim de Junho. Vou voltar a Coimbra, para ver "Edit fotografia e filme".
A expsosição, comissariada por Delfim Sardo, é dividida em dois momentos, esta primeira parte pode ser visitada até fim de Junho. Vou voltar a Coimbra, para ver "Edit fotografia e filme".
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