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“Chegámos pela tarde a São Petersburgo e tudo era como vem nos livros. O aeroporto triste, as avenidas largas. Os blocos de cimento, os monumentos de uma revolução passada os olhos claros das russas que passavam, o corredor interminável do hotel com tantos quartos e tão poucas pessoas. A bandeira soviética servia para proteger a mala do táxi, agora que já não tem outra utilidade. São Petersburgo parece ser uma cidade infinita, mas simultaneamente há muito pouco trânsito e os prédios parecem vazios” é assim que Blaufuks nos introduz no seu diário pessoal “Uma viagem a São Petersburgo”, editado em livro pelos Encontros de Coimbra em 1998. Através das polaróides e do texto manuscrito entramos num tempo em que as memórias andam à solta.
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"Na Rússia as toalhas são do tamanho de guardanapos e os guardanapos do tamanho de um bloco de notas."
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"Quando se ouve música em São Petersburgo é música de um compositor russo, quando se fala em literatura é de um escritor russo que se trata, quando se pensa em cinema, pensa-se em Tarkowsky ou Eisenstein, quando se vai a um museu vê-se Malevich, Kandisky ou Rodchenko. Apesar de todas as censuras czaristas, bolcheviques e comunistas, a cultura russa é fortíssima e talvez ainda o venha agora a ser mais do que nunca."
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Memórias individuais e colectivas revelam-se, o tempo é um outro, em que comiamos o chocolate destes cigarros.
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E as memórias levam-nos a tempos recuados.
Em 1989, fazia a fotografia 150 anos, António Sena, para celebrar o anúncio oficial da fotografia ao mundo preparou uma exposição itinerante, a que chamou Nível de Olho. A exposição era uma mostra de fotografia em Portugal nos anos 80. Em relação a Blaufuks, Sena escreve o seguinte: “Daniel Blaufuks é um jovem fotógrafo que caminha entre o foto-jornalismo intimista – visões pessoais de amigos e ambientes – e a fotografia de moda, num percurso de progressiva sedução. Na continuação de Paulo Nozolino, de quem herda um fascínio especial pelo aproveitamento dos negros densos e brancos puros, delicia-se nos jogos de olhares. São imagens narcísicas por via de uma procura intencional e prioritária de um estilo como objecto de tratamento fotográfico: com o seu tema”.
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Catálogo da exposição "Nível de Olho", 1989 Fotografias de Blaufuks
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Catálogo da exposição "Nível de Olho", 1989, Fotografias de Blaufuks
As fotografias expostas eram 6 dípticos, em clorobrometo e clorobrometo c/ viragem azul de 34,5 x 29, 1987/88.
O clorobrometo com viragem a azul destoava do conjunto da exposição, toda ela a preto e branco com excepção para a côr sépia de João António Motta.
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Catálogo da exposição 10 Encontros de Fotografia, Coimbra,1989
Os negros densos de Blaufuks, trabalho apresentado nos 10 encontros da fotografia em 1989.
A selecção dos fotógrafos escreve ainda Sena no catálogo Nível de Olho: “É uma “escolha transitiva” no sentido em que se escolheram, não os autores consagrados – Gérard Castello Lopes, Jorge Molder, Paulo Nozolino e José Rodrigues – mas os autores cujos projectos poderão tornar-se confirmações de universos particulares na década que se segue.”
Os projectos de Blaufuks confirmaram-se pela sua obra heterógena que desde 1987 tem vindo a fazer. Em 1989 ganhou o prémio Kodak, há quatro dias ganhou o prémio Bes Photo. Blaufuks está de parabêns, a força visual das suas imagens seduzem-me e obrigam-me a olha-las com atenção.
E termino, com uma imagem do vídeo, Sob Céus Estranhos, de 2002, que tive a sorte de gravar, quando foi exibido na televisão, e que não me canço de ver.
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